por
: Carlos A.
João
Pessoa (PB) é uma cidade rica. Pessoas bacanas, gente alegre. E o que
mais curto na cidade é a cena local, enfestada de cabeças
pensantes, com muitos projetos na mente e garra pra meter as caras.
E
a cidade, assim como outras tantas também tem uma cena local de rock
independente, que vem desde 1985 mais ou menos, mostrando boas
bandas, mas que teve seu ápice no início dos 90, com o surgimento
de variadas bandas, as quais seria injusto citar, pois cada uma foi
importante para a cena ser como é, até hoje.
Porém,
a ideia é falar da cena atual e de suas bandas, que ao que parece,
continua variada e cheia de opções. Vamos a elas :
VÊNUS
IN FUZZ :: Aqui o Shoegazer e o Pós-Punk estão de
mãos dadas com o experimentalismo. O quarteto lançou dois EPs
e está prestes a iniciar o próximo. Para fãs de Joy Division,
My Bloody Valentine e Jesus & Mary Chain.
MARGARIDAS
EM FÚRIA (foto ao lado) :: É a mais nova adesão da cena
independente pessoense. A banda chama a atenção por sua urgência
Punk e letras feministas. O destaque vai para o vocal
nervoso de Maria Machado. Por enquanto, as Margaridas
estão sem registro, porém já mostraram a que vieram, em
apresentações por casas de shows locais.
SOB
AVISO :: Quarteto que está na ativa a algum tempo (desde 2004),
misturando o Punk com um Hard Rock classudo. Lançaram
este ano seu auto intitulado CD de estreia, e o clipe de "É
Mentira". Escute sem medo.
NARDONIS
(foto ao lado) :: Letras cômicas e também de manifesto crítico
são vomitadas na voz do ensandecido Harrison, vocalista de
uma das bandas mais loucas que já tive o prazer de assistir em
ensaios. Um disco de estreia já está a caminho, e será lançado
pela Sub Folk, selo de Ilsom Barros (Zefirina
Bomba/Pau de Dar Em Doido). Com certeza é o Black Flag
pessoense.
URUBU
TRIP (foto acima) :: Esse novo trio não faz feio no que
se se propõe, mostrando amor ao Grunge e ritmos regionais.
Com dois EPs nas costas, a Urubu Trip mistura o
regionalismo protestante de Zé Ramalho, com o peso do Stoner
Rock e ritmos regionais. Bom prato para quem sente falta da
saudosa Jorge Cabeleira E O Dia Em Que Seremos Todos Inúteis.
FUGA
DE SATURNO (foto ao lado) :: Outra novidade da santa
terrinha, esse quinteto veio para mostrar que em João Pessoa tem
Indie Pop também. No momento estão finalizando seu EP
de estreia.
ZÉ
VIOLA PROGRESSIVE BAND :: Banda que faz Pink Floyd e
ritmos regionais se encontrarem de forma autoral, numa mistura
interessante. A banda já lançou dois CDs e dois DVDs,
mostrando competência e qualidade no seu trampo.
AEP
:: Banda Punk clássica, surgida em 1995, mas que tinha
encerrado as atividades por um bom tempo. Voltou a ativa em 2012. HC
made in PB. Lançaram um EP a pouco tempo, com uma nova
formação.
CELERADOS
:: Banda/projeto formada por integrantes de outras bandas da cena -
Musa Junkie, Movimentos Involuntários, Zefirina
Bomba - e que se juntaram para mostrar sua reverência a Ramones
e Misfits. Lançaram um EP virtual no Bandcamp, mas
pretendem lançar o mesmo em formato físico algum dia. Escute a
faixa “Cidinha Death” e tire suas conclusões.
STRESS
CITY (foto acima) :: Banda surgida em 2003, com uma gama
variada de referências dentro do Rock, mas sem perder sua
identidade. Durante os anos seguintes rolaram alguns hiatos no tempo
e mudanças na formação, mas voltaram remodelados como um quarteto
e com um EP bem produzido, lançado também pela Sub Folk.
CARRAPATOS
:: Dupla de irmãos que fazem um som mesclando o Punk com o
Folk, e definido pelos mesmos como Punk Caipira. Victor
Silveira (vocal/guitarra) e Flávia Silveira
(vocal/bateria) tem como base a simplicidade, o discurso libertário
e a atitude. Ainda sem um trabalho pronto, mas com músicas no
Soundcloud.
ZEFIRINA
BOMBA :: Creio que esse Power Trio dispensa apresentações,
pelo fato de desde o lançamento de seu primeiro CD (em 2006,
pela Trama Virtual), terem sido abordados por variados canais
de divulgação. Fazem um mix de Grunge, Punk e
HC, com letras de protesto e por vezes simplórias, mas sem
deixar o punch de lado. Procure pelo trabalho dos caras.
MAN
VS BUFFALO :: Quarteto que faz um Indie Dream Pop bacana.
A banda segue uma linha Strokes/Artic Monkeys, e por
enquanto tem um single lançado no Bandcamp, intitulado No
Place For Quitters. Ótima produção.
EMERALD
HILL :: Quarteto que flerta com o Indie Pop Shoegazer.
Lançaram o single Presciência no mês passado. Todo o
material da banda está disponível no Bandcamp.
Juntando
Forças E Fazendo Algo
Além
das bandas, há também lojas e casas de show as quais agregam muito
para as bandas e que cativam e fazem crescer o público. A Música
Urbana, loja capitaneada por Robério Rodrigues, é uma
dessas parceiras. A loja fica no Centro da cidade, e nos dias de
sábado, sempre fica cheio de gente em frente á porta, batendo papo,
ouvindo som e criando ideias. Músicos, artistas e público se
misturam num só. Na minha estadia em 2015 pela cidade, sempre
passava lá, para bater um papo com os amigos e tomar aquela cerveja
gelada.
De
selos, a cidade possui quatro : Mardito Discos, Sub Folk
(já citada acima), Fiasco Records e Microfonia (que
além de selo, também é jornal tabloide). Boa parte das bandas
lançaram ou gravaram algo por esses selos.
E
para canalizar o som dessa galera toda, nada mais preciso e
necessário do que um programa de rádio. O Jardim Elétrico
cobre essa lacuna, todas as noites de quinta feira, ás 20 horas,
pela Rádio Tabajara FM.
Há
também as casas de show. A Mofado Estúdio Bar localizada
também no Centro, tem a direção de Neném Mofado e já
abrigou edições da Sessão Microfonia, ensaios abertos de
bandas e outros eventos locais. No bairro do Varadouro , logo ao
lado, tem A Vila do Porto, bar que recebe diversos gêneros
musicais e não só o rock, mantendo cultura e diversidade. Indo em
direção à Praça Antenor Navarro, há ainda o Espaço Mundo,
do Coletivo de mesmo nome e, á frente, Rayan Lins (baterista
do Zefirina Bomba).
Também
há o Buddy Rock Pub (que antes era o Gata Preta, mix
de estúdio e bar), voltado para pessoas que curtem boa música,
bebidas, petiscos de qualidade, exibição de shows no telão com som
ambiente e atrações ao vivo. Há o Centro Cultural Energisa,
onde rolam apresentações de diversos seguimentos e grupos autorais.
Espero
que essa matéria tenha ficado a altura do que a cena musical da
cidade merece, pois a mesma é muito rica em talentos, não só
musicais, mas artísticos também. E gente prá aglutinar as ideias é
o que não falta. João Pessoa não é a cidade do Rock e nem
tenta ser. É apenas mais uma cidade que tem pessoas com garra e
força igual a de outros lugares, pronta para se mostrar e se
manifestar. Culturalmente e musicalmente.
fotos:
divulgação