sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Araribóa Rock apresenta

Espaço Convés (Gragoatá, Niterói)


DIRVE-IN – FAKE NUMBER – SEU MIRANDA – FLAY – CKUELA – OITAVO PECADO – PRINCÍPIA


Mais uma noite de sexta-feira no Convés. Mais uma cortesia do pessoal do Movimento Araribóia Rock para a galera dessa cidade estranha e desconfortável, mais conhecida como ‘nossa querida Niterói’. Pelo sim, pelo não, fomos conferir o barulho!

A ‘Cidade Sorriso’ receberia, desta vez, a visita de duas bandas vindas de Sampa pra fazer barulho junto ao pessoal daqui da área. Nada contra nenhuma das bandas cujas apresentações perdemos, ok? Porém, por motivos de força maior (bar) esta valorosa equipe só conseguiu chegar ao convés no meio do evento. Ao que parece quatro bandas já haviam passado pelo palco. Chegamos em tempo de conferir parte da boa apresentação da banda carioca Flay. Pop Rock com trejeitos pesados agradável. Destaque para a bela vocalista que encantou a todos (não só pela voz...) com sua apresentação. A galera parecia estar gostando, já que várias criaturas estranhas se amontoavam na frente do palco naquele momento. Em seguida foi a vez do Miami Rock da Seu Miranda colocar o povo pra cantar Carne, Queijo ou Frango, Eu sou o Cara mais Estilo que Eu Conheço e outras. Para fãs do estilo, parece ter sido bom. Oitavo Pecado sobe ao palco e faz o melhor show da noite (ao menos dos que eu vi). Com seu... sei lá o que é aquilo. Metalcore? Nem tanto. Screamo? Pode até ser. O que importa é que a banda, ao contrário de boa parte de suas contemporâneas locais, manda bem. Os caras parecem ter plena noção do que fazem com seus respectivos instrumentos. Sendo que hoje em dia isso por aqui anda raro... quem liquidou a fatura foram os paulistas da Fake Number (fomos informados pela produção que não rolaria show da Drive-In – engraçado é que o público já sabia disso há tempos.. quem manda não ser bacana, descolado e andar por dentro das novidades quentes da 'cena'?). De novo, um Pop Rock com carinha pesada e sons prontos pra serem embalados e virar hit. Sério mesmo, parece que todo mundo quer chegar no mesmo lugar. Bem estranho... enfim. Um bom show. Correto, redondinho e sem muito o que se comentar. Sonolento, diria eu.

Acho que esse fecha o ano, certo? Ao menos em Niterói, duvido que alguém se anime de fazer algo entre o Natal e o Ano Novo. Um ano curioso. Sob diversos aspectos. Só que aqui não é lugar de discutir isso, certo? Então, nos vemos em algum boteco imundo para, aí sim, tecer comentários acerca dessa baboseira, oops, digo, cena! Aceitamos convites para comemorações de fim de ano idiotas e sem sentido. Coloca a Brahma no gelo aí!

por Rafael A. / foto Gisele Duarte

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Shar

Shar

Zero Círculo (CD Demo / Independente)


Shar

E pra quem acha que a gente não fala de banda de ‘nossa querida Niterói’ tá aí Zero Círculo, trabalho de estréia da banda Shar, que vem divulgando seu trabalho em apresentações bastante elogiadas aqui pela região. Banda com vocal feminino é sempre bacana, certo? Ao menos pra mim, sim. Só que não adianta ser qualquer vocal pra agradar assim logo de cara. Vamos ver se a Shar passa no teste.

E não é que o trabalho foi muito bem feito? Pois é, a vocalista Aline Nabisi fez bonito executando melodias, até certo ponto, complicadas, com a classe de uma veterana. A moça ouviu, fatalmente, muito Cássia Eller (será que acertei?). O nível das composições e dos arranjos também ajuda, e muito. A Shar se sai bem executando um Rock Alternativo cheio de referências a bandas do naipe de Joy Division, Smashing Pumpkins, Nigthwish (ao menos me pareceu em alguns momentos) e nomes de peso do Brock 80. Os arranjos bem cuidados e o teclado bem usado (nem todo mundo sabe o que fazer com um) dão ao som da banda um ar classudo, envolto em um clima soturno bastante interessante. Rolam alguns destaques sim. A batera tribal de Castelo de Cartas dá um ganho bacana na canção. Estação da Luz com letra baseada no poema de mesmo nome de Érika Machado, por incrível que pareça lembra coisas do Ira! no disco 7. Se for citar tudo não terminaria nunca. Até porque rolam bastantes detalhes a serem destrinchados, por assim dizer. E isso é ótimo!

Bom começo do pessoal da Shar. Apesar de explorarem sonoridades por vezes complexas conseguem dar ao som da banda um ar acessível. Embora alguns ouvidos possam não ficar muito à vontade, o som da Shar tem tudo pra conquistar mais admiradores. Ponto pra eles.

por Rafael A.

Contato:
www.myspace.com/bandashar
www.tramavirtual.com.br/shar
olhosdeshar@gmail.com
Shar

sábado, 15 de dezembro de 2007

Juicebox Rock Party - Especial de Natal

Espaço Convés (Gragoatá, Niterói)


DELUXE TRIO – PANDORA BOX’S – THE JOHN CANDY – ESPAÇONAVE



Me sinto honrada em fazer essa humilde primeira colaboração para o FMZ. Por nunca na minha vida ter feito isso, peço compreensão com minha falta de destreza para tal tarefa. Mas vamos ao que interessa.

E aconteceu a última edição do ano da festa Juicebox, que vem juntando cada vez mais freqüentadores, no Espaço Convés. Vários “ícones” da cena (???) presentes, cerveja e rock. Chego na casa minutos antes da primeira apresentação, e a primeira banda a subir no palco é a “nova Noção de Nada”, a carioca Deluxe Trio. Ainda havia pouca gente dentro do Convés nesse momento, mas ao ouvir os primeiros acordes a galera se animou a entrar e começou a encher o lugar. Para quem gosta da banda, o show valeu a pena. Com direito a gente bêbada subindo no palco pra cantar a última música (Eu que fiz isso? Imagina se eu seria capaz...).

Acaba o primeiro show. Dj's colocam as pessoas descoladas para sacolejar o esqueleto, mas não por muito tempo. Logo em seguida, entra outra banda e essa se chama Pandora Box's. Pelo que deu pra entender, era o primeiro show da mesma, tendo como vocalista uma menina. No flyer estava escrito que a banda tinha influências de Rockabilly... eu acho que o Rockabilly deles não agüentou andar até o Convés e ficou lá na Cantareira mesmo. Mas o fato de ser uma menina no vocal me chamou a atenção, funciona bem visualmente.

Quando estava comprando a enésima cerveja da noite (contrariada por pagar três reais numa Itaipava; cerveja tava muito cara, minha gente! Preço mais razoável já, apelo de uma bebum desesperada e pobre), a boa The John Candy mostrou a que veio e me agradou um bocado. Só conhecia a banda de nome e sempre me falavam bem, mas nunca tive oportunidade e/ou interesse de conhecer. Banda bacana, músicas legais, show redondinho. Um indie rock bem competente, diga-se de passagem. Mas quem se importa quando soa mais interessante mostrar o quão moderno é seu novo corte de cabelo pros amiguinhos “andergráundi”, não é mesmo?

Último show da noite com a banda que é, sem dúvida, uma das mais legais de Niterói. Espaçonave tocou e não fez feio também. O que prejudicou o show foi o microfone da vocalista que estava baixo demais, pra quem não conhece a banda não dava pra entender muita coisa do que ela cantava. Mas isso já não é culpa da banda.

Depois disso foi a vez dos Dj's tomarem conta da pista de vez, executando de músicas modernas para público idem até música pop no melhor estilo MTV.

Resumo da ópera: evento ok, noite divertida. Só o que não estava nem um pouco ok era a desgraça do preço exorbitante da cerveja nossa de cada dia.

Então é isso, até a próxima roqueiragem (isso se nosso querido Rafael A. quiser cometer esse disparate mais alguma vez), gostei desse negócio de fazer resenha de show, se tenho aptidão aí já é outra história.

por Gisele Duarte

Rock na Garagem # 9 – Especial de 2° aniversário!


Rock na Garagem # 9 – Especial de 2° aniversário

Metallica Pub (Porto Novo, São Gonçalo)


Rock na Garagem # 9 – Especial de 2° aniversário

FUNGUS & BACTÉRIAS – REPRESSÃO SOCIAL – MATANDO CACHORRO À GRITO – T.A. – REESON – KÜMEDÔDIKÜALHEIO – JACK MOREIRA & OS SELVAGENS – COMANDO DELTA – CABEÇA DE BODE – VILIPÊNDIO


Rock na Garagem # 9 – Especial de 2° aniversário

Dia de comemorar os dois anos do Rock na Garagem! Evento da Latitude Zero Prod. realizado no Metallica Pub, em São Gonçalo. Aqui sim, as bandas podem se apresentar independente de estilo e o público pode conferir shows sem tirar um centavo do bolso. Uma iniciativa louvável do Sr. FMZ que resiste a mais tempo que boa parte dos eventos que acontecem por aí atualmente. Várias bandas bacanas e, o que é melhor, amigos tocando e se divertindo. E lá fui eu!

Dessa vez o Tio Satan chegou atrasado. O churrasco já rolava e, pelo que entendi, algumas bandas já haviam se apresentado (sendo que a pontual Cabeça de Bode ganhou o título de única banda a chegar – e tocar – no Metallica Pub na hora marcada! Pelo menos foi isso que eu ouvi...). Cheguei a tempo de assistir a lendária Repressão Social com seu Punk Rock. Destaque para a presença de palco da vocalista Gabriela que contagia a todos! Em seguida: Fungus & Bactérias no palco! Bom show, apesar de a versão para Poison Heart, dos Ramones ter saído meio estranha. Cogumelos Amarelos, Eu Não Acredito em Duendes e Bruxas no Telhado foram os destaques do show. Ainda deu tempo pra ver o show da banda Matando Cachorro à Grito! Show animado e público atento! E mesmo não tendo podido estar presente ficam aqui os parabéns do Tio Satan à Comando Delta e Jack Moreira & Os Selvagens que, segundo fiquei sabendo, fizeram bons shows.

Após os shows a galera ainda permaneceu no Metallica Pub bebendo e batendo papo até altas horas. Ao menos o Tio Satan aqui, tinha outros compromissos esta noite e, sendo assim, deixei a rapaziada por lá. E uma notícia em primeira mão: O Sr. FMZ já garantiu que em fevereiro o Rock na Garagem estará de volta (N.E.: Primeira mão??? Todo mundo já sabe disso criatura...)!

por Tio Satan / fotos Rodolfo Caravana

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Vilipêndio

Vilipêndio

Um Segundo de Glória (CD / Covil Records)


Vilipêndio

Confesso que com o encerramento das atividades do Garage fiquei meio que perdido com relação a boa parte do que rola no underground carioca. A clássica casa da Rua Ceará, em sua última encarnação, abrigou uma boa fatia das bandas que surgiam no cenário da Cidade Maravilhosa. E uma dessas bandas é a Vilipêndio. Aliás, foi lá mesmo que assisti um show deles pela primeira vez.

Resenhamos o primeiro trabalho desses caras faz um tempo aqui. E logo na primeira audição dá pra notar que rolou uma evolução considerável desde 15 Abismos, o debut da banda. Este Um Segundo de Glória parece seguir a mesma linha de seu antecessor: Letras com temas urbanos, tratando do cotidiano e das mazelas da vida nas grandes cidades. Assim como no citado 15 Abismos, as músicas notadamente se completam. É como se uma história fosse contada ao longo do álbum. Embora aqui, diferente do primeiro CD (que vinha acompanhado do livro com a história a ser contada ao longo das músicas), não haja uma história propriamente dita (ou não, vai saber...).

Como disse, rola uma evolução considerável na parada: Gravação ok, banda afiada e, enfim, encontrando a dose certa de distorção e peso. As influências de Slayer (no começo da música Shangri-lá), hardcore dos anos 80 (em Anestesiado), Hard Rock (no solinho bacana em Fantoches da Mídia) e, no caso do vocal, uma pitada aqui e ali de Mike Patton (em suas mil e tantas bandas...) continuam lá. Bom trabalho.

por Rafael A.

Contatos:
www.vilipendio.com

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Pânico em SP! – O underground é a bola da vez?

Antes de qualquer coisa, este que vos escreve não atende por ne

Antes de qualquer coisa, este que vos escreve não atende por nenhum tipo de classificação. Punk, hardcore, headbanger ou qualquer coisa do tipo, ok? Porém, já está envolvido com o meio underground/independente tempo suficiente para se considerar apto a opinar, ou mesmo tecer comentários acerca dos últimos acontecimentos que tanta discussão vem causando no nosso querido meio underground. Faz um tempinho, estava no bar assistindo um telejornal que, óbvio, não me lembro qual era e dei de cara com uma matéria dando conta da morte de um rapaz que teria sido provocada por jovens ‘punks’. De cara fiquei interessado na tal matéria e, ao mesmo tempo, surpreso, com algo que, dentro do que entendo por ‘punk’, considerei um absurdo sem precisar refletir muito. A reportagem terminava com a imagem dos indivíduos (melhor não chamar de punks, certo?) na delegacia, algemados. Um deles, que na verdade era ela, trajava uma jaqueta de couro com direito a patch anarco e tudo! Em seguida vinha o desfecho com a seguinte informação: “Esse já é o nono (ou algo perto disso) crime em São Paulo envolvendo gangues de punks e skinheads.” Pensei: “Lá vai a tal da imprensa embolar o meio de campo de novo...”

Se não fosse uma outra infelicidade, também em São Paulo, provavelmente teria deixado o assunto passar batido. O lance é que, semanas depois surge outra matéria dando conta de outra morte provocada por gangues de ‘punks’. Puxando pela memória lembrei que meses atrás havia assistido, em outro telejornal que também não lembro qual era, a uma matéria sobre um jovem com ‘vestimentas punks’ que havia sido esfaqueado (ou algo do tipo) por ‘jovens envolvidos com grupos neonazistas’, desta vez em Porto Alegre após um jogo do Grêmio. Em nenhum dos casos tive vontade de entrar em contato com nenhum conhecido ou contato em São Paulo ou Porto Alegre que pudesse me dar informações mais aprofundadas por estar na cidade onde determinado fato havia ocorrido. Apesar de ter me lembrado de uma série de episódios bem parecidos. Deixei pra lá, simplesmente.

Errado ou não em minha decisão só tive vontade de escrever sobre o assunto, vejam só, após assistir ao tal MTV Debate que tratou do assunto. O programa da emissora paulista colocou na mesa de discussão Redson (vocalista da banda Cólera), Clemente (Inocentes e Plebe Rude), Marcão do Hangar 110, o irmão de um dos jovens assassinados (o nome disso é esse mesmo) e mais aquelas pessoas que ninguém conhece e que quase nunca tem muito a dizer sobre nada e que estão em todos os debates (tirando um cara que se apresentava como anarcopunk, e que eu realmente nunca ouvi falar, que parecia estar mais preocupado em defender a classe que debater). Todos, inclusive, capitaneados pelo excelente compositor e profundo desconhecedor de punk Lobão (vai saber o que ele estava fazendo ali...). Por incrível que pareça, o programa da MTV, além de trazer à tona meu desejo de escrever sobre o assunto e me lembrar que, como apresentador, Lobão é um ótimo músico, esclareceu muita coisa. Embora não tenham citado o caso de Porto Alegre, ficou claro que os três acontecimentos não têm absolutamente nada haver um com o outro.

Em primeiro lugar, o rapaz assassinado pela tal gangue de ‘punks’ (denominada Vício Punk, se bem me lembro) segundo o próprio irmão era skinhead. E isso não foi noticiado (ao menos que eu me lembre). Óbvio, não justifica um absurdo dessa natureza. Até aí, já não tem nada a ver com o outro caso ocorrido em São Paulo (o primeiro que citei), onde um rapaz foi morto por não vender um pedaço de pizza que custava R$1 por R$0,60 para os tais ‘punks’.

Já em Porto Alegre a coisa foi, assim como com do irmão do cara na MTV, rixa entre punks e skins pura e simples. Ok, rixa, ideologia, crença ou coisa alguma justifica tamanha boçalidade. Mas vamos, mais uma vez, separar ‘os burro dos iguinorante’. Definitivamente, são situações diferentes. Mas com alguma coisa em comum, certo? Alguém me convença que telejornal algum que seja tem embasamento para tratar de assuntos ligados ao meio underground. Não tem. Pra mídia é simples: Basta falar do crime terrível, da barbaridade, falar do site de relacionamento onde as ‘gangues’ trocavam farpas, chamar um psicólogo pra explicar tudo e pronto! O que a mídia não sabe é que, faz mais de vinte anos que essas rixas existem. E mais: No underground isso acontece freqüentemente. Em qualquer lugar, em qualquer parte do país. É claro que quando a coisa chega a um ponto desses, a coisa extrapola os limites da compreensão.

Não serei eu a apresentar ao mundo a nova definição de ‘punk’ ou ‘skinhead’. Mas, ao meu ver, é burrice querer colocar tanto um quanto outro, cada um num canto, e dizer: Esse é bom e aquele é mau. Acontece que desde que o punk ultrapassou as barreiras dos alfinetes na cara de Sid Vicious e assumiu uma postura de enfrentamento perante a sociedade, mais politizada que o simples prazer de chocar dos Pistols (mais de seu empresário Malcom McLaren, verdade seja dita), que diversas variantes cresceram dentro do meio. Muitas delas, é verdade, pacíficas. Porém nem todas. Tratar o meio punk como uma coisa só a essa altura do campeonato é burrice. Abrir a boca pra dizer: “Punk é assim! Punk é desse jeito!” é uma estupidez quase tão grande quanto tirar a vida de alguém. Tipo, é possível alguém em sã consciência tomar pra si as rédeas de algo tão grande e tão conflitante dentro de si próprio? Obviamente, temos de achar um jeito de nos referirmos ao punk e o jeito mais simplificado é tratá-lo como Movimento Punk. Ok, até aí vai. Só que não dá pra sair por aí exaltando o quão pacífico e bem intencionado é o movimento Punk se dentro dele existem facções que não rezam pela mesma cartilha.

Da mesma forma que é errado atribuir a bandeira do neonazismo a qualquer um de cabeça raspada e suspensórios por aí. Qualquer um que se interesse por estudar esses Movimentos vai ver que existem facções dentro do universo skinhead que não tem absolutamente nada haver com nazismo. Veja bem, não estou defendendo nenhum dos lados. A idéia aqui é, partindo da visão da mídia de massa sobre esses acontecimentos, tentar refletir sobre como isso mexe com o meio underground. Skinhead pode significar uma penca de coisas. Podem lutar por diversas causas, ou nenhuma. E no Movimento punk funciona da mesma forma. Em qualquer meio pode haver pessoas perdidas. Capazes de montar determinado visual pra se sentirem melhor com elas mesmas, ou como parte de algo. O problema é que são essas que quase sempre fazem cagada e atraem a atenção dos holofotes da grande mídia.

De volta ao Debate MTV: Havia, da parte de todos ali, uma insistência em não associar o termo ‘gangue’ ao termo ‘punk’. ‘Gangue’ só era usado quando se referiam ao movimento skinhead. Porém, se olharmos ambas as partes veremos que, historicamente, os dois lados sempre se organizaram como gangues. É fato. Só que, no que diz respeito ao punk, com o passar do tempo (e só com o passar do tempo mesmo) o movimento foi tomando uma postura mais politizada com uma cara de movimento mesmo, como já foi dito aqui. Vai ter gente dando cambalhota de raiva, mas vamos lá: Dentro do que coloquei acerca do Movimento punk, se traçarmos um paralelo com os Skinheads, veremos que, historicamente, eles saem na frente no quesito politização. É verdade, a raiz do movimento skinhead soa mais politizada que a do punk. Independente de quem defenda o quê. A questão da segregação racial, conflitos étnicos, e a presença (ou não) de uma postura nazista já existia desde o surgimento dos primeiros skins. Fruto de questões históricas que vem desde seus antepassados. Assim como os punks, os skins surgiram como filhos da classe operária e vitimas do desemprego que assolava não só Londres, onde surgiram os punks (versão inglesa, ok?), mas diversos países da Europa. Da mesma forma os punks, filhos da mesma classe operária já nasceram vitimados por um mundo capitalista. A diferença é que enquanto os punks se mostravam dispostos a lutar por uma sociedade mais justa por meio do anarquismo e, em alguns casos, flertando com partidos de esquerda e interessados na luta da classe operária (de onde suas famílias saíram), os skinheads apontavam para a extrema direita. De alguma forma, queriam seus países só para eles. Acreditavam que a vinda de imigrantes com sua mão de obra barata acabavam com suas chances de conseguir um emprego.

A partir daí não é difícil imaginar o choque dessas duas vertentes tão distintas: De um lado punks defendendo o internacionalismo, anarquia ou o que o valha e skinheads avessos a tudo isso. Não podia dar em boa coisa, certo? Ok, a explicação aí em cima é bastante porca e, historicamente, deixa muito a desejar. Mas, de volta a nosso assunto, imagina tudo isso que, na década de setenta, em Londres, já causava tumulto, no Brasil. Pior: Num Brasil recém saído de uma ditadura militar. Se analisarmos friamente, ambas as facções aqui tem razões para existir num país como o nosso. E o contrário também! Sério mesmo. Um punk no Brasil tem mais motivos pra ser punk que um punk em muitas partes do mundo. Não custa lembrar que Sid Vicious & Cia. podiam se dar ao luxo de vadiar porque o seguro desemprego no país deles bancava esse tipo de ‘cidadão’. Aqui a coisa funcionava diferente. Só que pra cada ação há uma reação. Se surgiram punks, não tardariam a surgir skins. O erro foi ter encarado a coisa a ferro e fogo. Até porque não estamos em Londres.

Sem querer sair muito (???) do assunto inicial, também não custa frisar que em diversos cantos do mundo punks e skins convivem sem precisar sair por aí se matando na primeira esquina. É possível encontrar distros. européias que trabalham tanto com materiais skins quanto punks. Da mesma forma não é difícil assistir a vídeos de bandas punks se apresentando para platéias misturadas. Tipo skins curtindo sons punks e vice-versa. Isso quando não damos de cara com bandas ou facções que misturam a coisa toda. Senão, vejamos o caso do Streetpunk: Punks que curtem a cultura Oi! e nem por isso abandonam o visual e determinados ideais punks. Se consultarmos livros sobre o movimento punk no Brasil não é raro vermos punks com suas jaquetas decoradas com suásticas. É bem verdade que eram usadas somente para chocar. Mas, seja como for, não deixa de ser uma prova de que a coisa chegou por aqui completamente distorcida. E com o passar do tempo piorou. Para cada nova facção, tanto punk quanto skin, que surgiu ao longo do tempo tem-se a impressão que tudo vai se misturando, se confundindo, se banalizando ou simplesmente modificando. Enfim. Veja só quantas voltas eu acabei dando apenas com uma simples reflexão acerca dos fatos. Agora imagina isso na cabeça de alguém sem nenhuma intimidade com o meio underground. Pior ainda: Imagina isso para alguém que simplesmente acordou, entrou em um site qualquer e decidiu usar um determinado visual e defender essa ou aquela causa? Só pode dar problema! Insisto que não estou aqui para defender esse ou aquele lado. Não concordo com um monte de coisas que ouço por aí de todo tipo de gente. Mas ainda tenho muitas questões pra resolver na minha cabeça antes de sair por aí atirando pedra nos outros. Porém, de uma coisa tenho certeza: Viver sem uma causa pra defender deve ser uma coisa terrível pra qualquer indivíduo que seja. Agora, não ter a noção de separar ideologia de respeito à vida alheia é, sem dúvida, coisa de boçal.

E pra tentar terminar dentro assunto com o qual comecei (isso quase sempre acontece...): A mídia de massa não tem embasamento para tratar de assuntos ligados ao meio underground. Só o fato de serem jornalistas formados já me assusta. Boa parte deles se julga conhecedora de música independente e ‘cultura jovem’ como os próprios costumam dizer. Mas no fundo, nunca tiveram envolvimento real com a coisa. É fácil ler livros, consultar sites e pedir ajuda pra amiguinhos no msn. Mas na prática a coisa é bem diferente. E nenhum dos que, quase sempre, são escalados para tecer esse tipo de comentários tem o mínimo de vivência no meio underground. Em outras ocasiões, matérias em jornais e programas de TV minaram as forças do movimento punk em São Paulo porque mostraram a coisa de forma equivocada e tendenciosa. O que me incomoda, no final das contas, é ter certeza absoluta que quando uma rede de TV trata de notícias como essas mortes em que as tais ‘tribos urbanas (odeio esse termo, não sou índio)’ estão envolvidas dá-se muito mais ênfase à roupa ou denominação dos envolvidos do que ao fato em si. Um crime deve ser tratado como um crime, independentemente de que tipo de pessoa tenha tomado parte do mesmo. Ver o termo punk, ou skinhead citado em rede nacional não é bom pra nenhuma das partes envolvidas. Muito menos para o meio underground como um todo.

Já que sabemos que qualquer um pode se fantasiar de punk ou careca e sair por aí fazendo besteira em nome de um ‘movimento’ que, em muitas ocasiões, prega ou defende coisas que só existem na cabeça do infeliz imagina quantos retardados desse tipo surgem cada vez que o meio underground (que só pode ser compreendido por quem está nele) é exposto dessa forma na mídia de massa. Por outro lado, tem vezes que é bom esse tipo de coisa acontecer e ser mostrada pra todo mundo. Talvez assim algumas criaturas enclausuradas em seus mundinhos intocáveis entendam que, por mais que se viva ou se trabalhe por algo em determinado meio, existe o mundo ao nosso redor. Punks, skinheads, headbagers, góticos, enfim. Não se pode esquecer que para a maioria esmagadora da população esses termos soam tão familiares quanto uma conversa em javanês de trás pra frente! Já que estamos lutando por algo que, na nossa maneira de ver, vá tornar o mundo um lugar melhor, é interessante avisar ao resto do mundo, não é mesmo? Já pensou que sua luta, suas músicas e seu visual podem não fazer o menor sentido pro porteiro de seu prédio? Imagina essa jaqueta cheia de patches e esse moicano passando na frente do servente de sua escola... Agora imagina um pai de família vendo três idiotas de visual punk algemados por tirar a vida de um trabalhador. Daí ele desliga a TV, olha pro lado e vê o filho saindo de casa com o mesmo visual dos bandidos (é assim que se chama mesmo) que ele viu na TV. E aí?

Eu mesmo já cometi esse erro várias vezes. Me perguntava o porque de levar meu fanzine (que nunca foi um zine punk, por mais estranho que isso possa soar pra alguns...) para eventos que não tivessem nada a ver com hardcore, punk Rock ou com underground de uma forma geral. Mas é pra esses públicos que nosso trabalho deveria chegar. Do que adianta panfletar um show de hardcore extremo só para o público de som extremo? Divulgar shows punks só em comunidades punks do Orkut? Com que propósito? Essas pessoas, teoricamente, já sabem do que se trata (e conhecem os caminhos para chegar até seu trabalho). Estou colocando isso por um motivo: Esse tipo de postura é um sintoma de que nós que trabalhamos com o meio underground erramos em algum lugar. Pela quantidade de fanzines, selos, bandas, eventos e gente atuando no meio underground em nosso país já deveríamos estar acostumados (ou pelo menos preparados) para acontecimentos como esses. É claro que um sujeito que se dispõe a tirar a vida de alguém por um pedaço de pizza nunca teve contato com o meio underground pra valer. E se teve, não entendeu coisa alguma. Da mesma forma que se uma ‘gangue punk’ assassinou um skinhead não quer dizer (mesmo) que se fosse ao contrário, ou seja, um punk cruzando com uma ‘gangue skinhead’ na área deles, não fosse acontecer o mesmo. Louco tem em qualquer lugar (tem, inclusive, um escrevendo esse troço agora, às cinco da manhã). Só que quem conhece o meio underground está cansado de saber que mortes não colaboram em nada pra luta de ninguém.

Agora sim, vou encerrar! Nada do que ouvi até agora sobre toda essa coisa, ao meu ver, tratou a parada da forma devida. A vida dessas pessoas não vai voltar. Infelizmente. Resta tentar consertar a coisa, ou o que for possível consertar nisso tudo. Se punks ou skinheads são tratados pela mídia de massa como micareteiros brigões a culpa é, única e exclusiva, de quem trabalha no meio underground. Não soubemos nos colocar diante do mundo que nos cerca. Não fomos capazes de nos fazermos ouvir. Não somos levados a sério porque não nos levamos a sério. Nos trancamos em nossos mundinhos de refrões que dizem o que queremos ouvir e deixamos qualquer idiota usar códigos com os quais nos identificamos pra fazer besteira pra todo mundo ver. Escrevemos pra nós mesmos. Tentamos nos convencer todos os dias de que estamos certos em nossas opiniões. Só que não suportamos a idéia de termos nossos valores postos à prova. O telejornal não vai noticiar um festival bem sucedido, as atividades culturais que rolam dentro de um squat, o estímulo à leitura que os fanzines dão aos mais jovens, ong’s bem sucedidas, o contato com a musicalidade existente em cada um que o underground proporciona. Nem a importância disso tudo. Se o próprio underground não se reinventar e criar mecanismos mais eficazes de divulgação e formas de difundir o que é feito aqui ninguém vai fazer isso por nós. Pra ser notícia desse jeito, melhor continuar acorrentado a nossos próprios traumas. E mais uma vez: não estou me colocando do lado de ninguém aqui. Entendam isso como um desabafo, ou uma reflexão de alguém que acredita no inestimável valor da música e da arte independente, no valor de tudo que surge e circula longe dos holofotes. O que se faz no underground tem valor. Mas se ninguém lá fora souber disso, já era.

por Rafael A.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Roque’s 2 anos

Roque’s 2 anos

Studio Bar (Pendotiba, Niterói)


Roque’s 2 anos

LEVEL NINE – ATAQUE PERIFÉRICO – NORTE CARTEL – FUNGUS & BATÉRIAS – OITAVO PECADO – LARHA – LOGOUT – QUE FIM LEVOU VALDIR? – LOUGO MOURO – KÜMEDÔDIKÜALHEIO


Roque’s 2 anos

Aniversário da loja Roque’s rolando em Pendotiba! E o Tio Satan aqui foi mais uma vez escalado pelo Sr. FMZ para ser responsável pela resenha do show. Como já expliquei em outras ocasiões, não me sinto capaz de resenhar um show nem tenho muito conhecimento desses novos sons que a garotada anda curtindo (N.E.: Para de enrolar e começa logo a falar do show.). Em todo caso, rumei para o distante bairro de Pendotiba para cumprir a missão que me foi confiada.

Como um atraso considerável meus camaradas do Fungus & Bactérias deram início à festa mesmo com um público bem pequeno presente no local. Aos poucos, Welber & Cia. até conseguiram arregimentar alguns espectadores. Mas a coisa não foi muito além disso. Em seguida foi a vez da banda Norte Cartel subir ao palco com Felipe Chehuan do Confronto no vocal. A galera parecia estar afim de curtir o show da banda e prestigiou a apresentação com muita empolgação. Na mesma linha veio, logo em seguida, a excelente banda Ataque Periférico. Mais um ótimo show. O hardcore deu uma parada e foi a vez da banda Larha subir ao palco com seu som alternativo cheio de peso. Não deu pra definir o estilo da banda, mas ao meu ver eles tem um bom número de admiradores que acompanha suas apresentações. Pude perceber que, por diversos motivos, algumas bandas não se apresentaram. Logo após o show da banda Larha foi a vez da paulista Level Nine subir ao palco. Mais uma vez, não deu pra ter uma idéia do estilo da banda, mas ficou claro que são garotos novos, dando os primeiros passos e começando a curtir alguma coisa de heavy metal. Ainda estão no começo e vão, com certeza, ouvir muito som até amadurecerem e encontrarem seu caminho musical (N.E.: Esse é meu colaborador!!!...rsrsrsrsrs....). Independente de algumas bandas não terem se apresentado deu pra perceber que boa parte da galera mais nova até demonstra vontade de fazer um som mais pesado. Porém, a impressão que se tem é a de que falta conhecimento musical, intimidade com Rock, para que elas atinjam seu objetivo.

Como disse anteriormente, não conheço muito os sons que a garotada anda ouvindo. Até onde entendi, tudo ia muito bem até que o Nirvana apareceu e a coisa desandou. Passaram a nivelar tudo por baixo. Claro que isso não se aplica a bandas como Norte Cartel e Ataque Periférico, que se saíram muito bem tanto essa noite como em outras oportunidades. Ainda sou do tempo em que, quando se falava de heavy metal, de som pesado pensava-se em Black Sabbath, Iron Maiden e outras boas bandas que não parecem estar entre as preferidas dessas novas bandas. Apesar de tudo, foi uma noite agradável na qual o Tio Satan aqui pode tomar umas cervejas por conta do SR. FMZ (N.E.: Não acostuma, ok?) e bater papo com os amigos. E viva o Rock n’Roll!

por Tio Satan

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Aiô Silver de Cú é Rola!

Aiô Silver de Cú é Rola

Metallica Pub (Porto Novo, São Gonçalo)


Aiô Silver de Cú é Rola

QUE FIM LEVOU VALDIR? – HALÉ – NETINHOS DE DONA LÁZARA – MATANDO CACHORRO À GRITO – NO SMOKING


Aiô Silver de Cú é Rola

Como diria a letra da música da banda Matanza: “Dia quente, pestilento, sem porquê. Não consigo nem pensar no que fazer. Eis que, de repente, eu vejo tudo melhorar. Como se eu pudesse ouvir o copo me chamar... - Vem pro bar! Vem pro bar! Vem pro bar!” Enfim, não era propriamente um dia quente. Na verdade, chovia. Mas a sensação do copo chamando era a mesma da bela canção da banda carioca aí em cima. Mais uma noite de sexta-feira no Metallica Pub esperava a roqueirada de bom gosto (e bom senso também...).

O nome do evento não era dos mais comuns. E até o momento em que a primeira banda se preparava para começar sua apresentação este que vos escreve ainda não fazia a menor idéia do porquê do tal nome. Começa o show da No Smoking! Rolava até uma certa curiosidade com relação à banda. Porém, o que rolou a partir daquele momento foi, no mínimo, curioso. Senão vejamos: O que leva um grupo de rapazes aparentemente saudáveis e gozando de suas faculdades mentais a se sujeitar a uma situação daquelas? Não me leve a mal, caro internauta. Mas, só pra se ter uma idéia, os caras começaram com uma versão (ou seja lá o que fosse aquilo) de uma música dos Mamonas Assassinas (acho que era Robocop Gay). Até aí vai. Só que, como se não bastasse a versão infeliz (leia-se: pessimamente tocada) os caras deram seqüência a uma série de covers/versões (ou seja lá o que fosse aquilo, de novo!) de gosto altamente duvidoso. Melhor parar por aqui pra não parecer implicância, certo? Em seguida veio o que foi, sem sombra de dúvidas, o melhor momento da noite! A clássica banda carioca Netinhos de Dona Lázara arrebentou em um belíssimo show de hardcore. Bom humor, entrosamento, banda certeira e todos os elogios mais que sejam possíveis! Excelente! Não me lembro de ter visto show desses caras nos últimos cinco ou seis anos. Sei lá, algo próximo disso. Valeu a noite! E fechando a noite chuvosa no Porto Novo os paulistas da Que Fim Levou Valdir? fizeram um show, ao meu ver, correto. Uma boa banda, mas que não chegou a empolgar os poucos presentes.

No final das contas, a banda Halé não se apresentou. Queria (e não era só eu) ter visto a Matando Cachorro à Grito, mas a apresentação foi cancelada momentos antes do evento devido a problemas particulares de um dos integrantes. O que marcou mesmo foi o show da Netinhos... Fiquei tanto tempo sem ver show dos caras que havia esquecido o quanto era bacana! Acho que a última vez foi num Domingão HC, no Convés. E acabou que não descobri o porquê do tal nome do evento... Enfim, hora de fechar a conta, juntar moedas e voltar pra casa.

por Rafael A.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Knutz

Knutz

Knutz (CD Demo)


Knutz

Banda de Niterói dando as caras. Sempre bacana ver bandas novas aparecendo em nossa ‘querida cidade’. Este CD que chegou pra nós ao que parece é uma espécie de prévia do álbum que, segundo o mini-release colado no encarte, tem 15 faixas e, creio eu, encarte e tudo o mais. À julgar pela apresentação da própria banda, vem coisa boa por aí. Vamos ver qual é.

Vendo um show dessa garotada uma coisa ficou clara: O pessoal da Knutz se amarra em pós-punk e sons oitentistas. Beleza, só que neste CD outras referências dão o ar da graça. Apesar de climas bem bacanas e coisas que lembram bastante o ótimo Head on The Door do The Cure, e uma guitarra com ‘cara de The Edge’, em algum lugar rolam guitarras pesadas e riffs que se não forem tratados com muito cuidado podem terminar por tirar o foco do que essa garotada sabe fazer e bem, que é pós-punk e Rock 80’s. Where are you Now e You are the Wonder fazem bonito. Duas belas canções, por sinal.

Galera começando e, claro, ainda deve passar muita água por debaixo dessa ponte. Ao vivo, até pelo lance do visual dos caras e tal, a cara pós-punk da Knutz aparece com muito mais força. E ao meu ver esse é o caminho pra eles. Do citado The Cure, passando por Joy Division e Bauhaus, todo esses nomes devem estar muito presentes nos ouvidos dessa galera. E é ótimo que surjam bandas assim por aqui. Bom começo. Sorte pra eles!


por Rafael A.
Knutz

Contatos:
www.knutz.com.br


sábado, 1 de dezembro de 2007

Festival Araribóia Rock 3 anos – Edição Bar do Blues

Festival Araribóia Rock 3 anos – Edição Bar do Blues

Bar do Blues (Zé Garoto, São Gonçalo)


Festival Araribóia Rock 3 anos – Edição Bar do Blues

MOPTOP – CORVETT’S – LÁUDANO – CKUELA – BEZOUROS VERDEZ – LUMINO – FULL HOUSE



Festival Araribóia Rock 3 anos – Edição Bar do Blues

Até onde deu pra entender, o Movimento (esse termo é complicado...) Araribóia Rock está completando três anos e, aproveitando a ocasião, promovendo eventos comemorativos em Niterói e São Gonçalo. A edição gonçalense, inclusive, rolando no Bar do Blues com direito a show da ‘banda cover de Strokes menos parecida com banda cover de Strokes’, se é que vocês me entendem... E é por isso que, há algumas horas atrás (esta resenha está sendo escrita por volta das seis da manhã por motivos de insônia – já, já vocês entendem), este que vos escreve rumava para o Bar do Blues. Pois então...

As nuvens que teimavam em correr uma na direção da outra prometiam uma chuva de respeito, que acabou não vindo. Seja pela chance real de uma tempestade ou por qualquer outro motivo que o valha, o fato é que o público no Bar do Blues era bem menor que qualquer previsão que pudesse ser feita antes do evento. E foi com pouquíssimas pessoas presentes que, sem nome indicado na divulgação, a banda Edição Limitada subiu ao palco com a missão de abrir os trabalhos no evento de três anos do Araribóia Rock. O pior é que nem dá pra falar muito do show dos caras. Vejam bem: A galera da Edição Limitada se limitou (trocadilhos...) a executar covers de Strike, NXzero e afins. Apesar do show tecnicamente aceitável, ficou faltando alguma coisa. Só cover não dá, né? Na seqüência, o momento lamentável da noite (ou seria da década?): Nada pessoal, ok? Um grupo de jovens tomou o palco sob a alcunha de Full House. Até aí vai. Ninguém tem a obrigação de escolher um nome bacana pra própria banda. É coisa deles, certo? Porém, a versão (seria uma versão?) completamente equivocada de Quem Sabe? da Los Hermanos denunciava que o nome da banda não era a única coisa de mal gosto ali. Seguiram-se momentos, no mínimo, constrangedores: Helter Skelter, dos Beatles, foi trucidada sem a menor cerimônia. Uma canção de Nando Reis teve o mesmo fim trágico e, não satisfeitos, ofenderam os fãs de Pink Floyd presentes com uma (a)versão ridícula de Wish You Are Here (aliás, a tentativa patética de solo daquele rapaz com a guitarra pendurada no pescoço me deixou definitivamente irritado...). Deu pra entender o motivo de minha insônia agora (tenho medo de ter pesadelos com o que eu vi...)? Ufa! E até aqui foram só duas bandas, né?

A idéia era falar de todas as bandas (não que todas merecessem, que fique claro). Só que, nesse momento do show, e já com um público razoável, começou a rolar a tal pista Juicebox. Nem tenho a pretensão de analisar os sets dos digníssimos disquejóqueis. O problema é que, preso ao ofício de expositor, este que vos escreve ficou impossibilitado de conferir qualquer outra apresentação que fosse. Já que a ‘pista’ tratou de interromper qualquer contato com o show que rolava lá embaixo. Nesse meio tempo Ckuela, Besouros Verdez e Láudano se apresentavam. Esta última, pelo que pude conferir numa ida ao banheiro, com uma bela resposta por parte do público diante de seu Rock com ar inglês. Ainda deu tempo de assistir ao bom show da banda Corvett’s, mostrando canções açucaradas, e transbordando romantismo (óbvio, né?), recheadas de influências de anos 60, tipo Ramirez e coisas do gênero. Boa apresentação. E pra fechar a noite... THE BEST OFFICAL BRAZILIAN STROKES COVER!!! Ué! Não era cover? Sei lá, parecia. O fato é que a atração principal, anunciada como MopTop (eu mantenho a teoria do Strokes Cover) executou, razoavelmente bem, os sucessos ‘inesquecíveis e eternos’ dos Strokes! Se não eram versões em português, passou bem perto. Vai entender esse povo...

Continuo achando muito estranho (e triste) ver a ‘galera underground(?)’ rebolando na ‘pista’ enquanto bandas sobem no palco pra mostrar seus trabalhos. Só que desta vez, algumas bandas literalmente pediram pra serem ignoradas. Sou até obrigado a concordar que, pra ver determinadas coisas (Full House, entre elas) em cima do palco, é melhor sacudir o esqueleto na ‘pista’. Patético, porém compreensível. No final das contas: Evento ok! Tudo que foi prometido rolou e, se o público não foi o esperado, fez sua parte tanto na frente do palco quanto na ‘pista’. Se a idéia era comemorar os três anos do Araribóia Rock, e se a idéia do AR é ser um reflexo do que anda rolando no meio independente, conseguiram. Missão cumprida, ao menos por enquanto. Agora, que a coisa tá feia, isso tá. Parabéns ao Araribóia Rock! Que venha a edição Niterói!

por Rafael A.

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