quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Artigo :: Triângulo, Cachaça E Guitarras

por : Carlos A.

João Pessoa (PB) é uma cidade rica. Pessoas bacanas, gente alegre. E o que mais curto na cidade é a cena local, enfestada de cabeças pensantes, com muitos projetos na mente e garra pra meter as caras.

E a cidade, assim como outras tantas também tem uma cena local de rock independente, que vem desde 1985 mais ou menos, mostrando boas bandas, mas que teve seu ápice no início dos 90, com o surgimento de variadas bandas, as quais seria injusto citar, pois cada uma foi importante para a cena ser como é, até hoje.

Porém, a ideia é falar da cena atual e de suas bandas, que ao que parece, continua variada e cheia de opções. Vamos a elas :


VÊNUS IN FUZZ :: Aqui o Shoegazer e o Pós-Punk estão de mãos dadas com o experimentalismo. O quarteto lançou dois EPs e está prestes a iniciar o próximo. Para fãs de Joy Division, My Bloody Valentine e Jesus & Mary Chain.


MARGARIDAS EM FÚRIA (foto ao lado) :: É a mais nova adesão da cena independente pessoense. A banda chama a atenção por sua urgência Punk e letras feministas. O destaque vai para o vocal nervoso de Maria Machado. Por enquanto, as Margaridas estão sem registro, porém já mostraram a que vieram, em apresentações por casas de shows locais.


SOB AVISO :: Quarteto que está na ativa a algum tempo (desde 2004), misturando o Punk com um Hard Rock classudo. Lançaram este ano seu auto intitulado CD de estreia, e o clipe de "É Mentira". Escute sem medo.


NARDONIS (foto ao lado) :: Letras cômicas e também de manifesto crítico são vomitadas na voz do ensandecido Harrison, vocalista de uma das bandas mais loucas que já tive o prazer de assistir em ensaios. Um disco de estreia já está a caminho, e será lançado pela Sub Folk, selo de Ilsom Barros (Zefirina Bomba/Pau de Dar Em Doido). Com certeza é o Black Flag pessoense.





URUBU TRIP (foto acima) :: Esse novo trio não faz feio no que se se propõe, mostrando amor ao Grunge e ritmos regionais. Com dois EPs nas costas, a Urubu Trip mistura o regionalismo protestante de Zé Ramalho, com o peso do Stoner Rock e ritmos regionais. Bom prato para quem sente falta da saudosa Jorge Cabeleira E O Dia Em Que Seremos Todos Inúteis.


FUGA DE SATURNO (foto ao lado) :: Outra novidade da santa terrinha, esse quinteto veio para mostrar que em João Pessoa tem Indie Pop também. No momento estão finalizando seu EP de estreia.


ZÉ VIOLA PROGRESSIVE BAND :: Banda que faz Pink Floyd e ritmos regionais se encontrarem de forma autoral, numa mistura interessante. A banda já lançou dois CDs e dois DVDs, mostrando competência e qualidade no seu trampo.



AEP :: Banda Punk clássica, surgida em 1995, mas que tinha encerrado as atividades por um bom tempo. Voltou a ativa em 2012. HC made in PB. Lançaram um EP a pouco tempo, com uma nova formação.


CELERADOS :: Banda/projeto formada por integrantes de outras bandas da cena - Musa Junkie, Movimentos Involuntários, Zefirina Bomba - e que se juntaram para mostrar sua reverência a Ramones e Misfits. Lançaram um EP virtual no Bandcamp, mas pretendem lançar o mesmo em formato físico algum dia. Escute a faixa “Cidinha Death” e tire suas conclusões.


STRESS CITY (foto acima) :: Banda surgida em 2003, com uma gama variada de referências dentro do Rock, mas sem perder sua identidade. Durante os anos seguintes rolaram alguns hiatos no tempo e mudanças na formação, mas voltaram remodelados como um quarteto e com um EP bem produzido, lançado também pela Sub Folk.


CARRAPATOS :: Dupla de irmãos que fazem um som mesclando o Punk com o Folk, e definido pelos mesmos como Punk Caipira. Victor Silveira (vocal/guitarra) e Flávia Silveira (vocal/bateria) tem como base a simplicidade, o discurso libertário e a atitude. Ainda sem um trabalho pronto, mas com músicas no Soundcloud.


ZEFIRINA BOMBA :: Creio que esse Power Trio dispensa apresentações, pelo fato de desde o lançamento de seu primeiro CD (em 2006, pela Trama Virtual), terem sido abordados por variados canais de divulgação. Fazem um mix de Grunge, Punk e HC, com letras de protesto e por vezes simplórias, mas sem deixar o punch de lado. Procure pelo trabalho dos caras.


MAN VS BUFFALO :: Quarteto que faz um Indie Dream Pop bacana. A banda segue uma linha Strokes/Artic Monkeys, e por enquanto tem um single lançado no Bandcamp, intitulado No Place For Quitters. Ótima produção.


EMERALD HILL :: Quarteto que flerta com o Indie Pop Shoegazer. Lançaram o single Presciência no mês passado. Todo o material da banda está disponível no Bandcamp.


Juntando Forças E Fazendo Algo

Além das bandas, há também lojas e casas de show as quais agregam muito para as bandas e que cativam e fazem crescer o público. A Música Urbana, loja capitaneada por Robério Rodrigues, é uma dessas parceiras. A loja fica no Centro da cidade, e nos dias de sábado, sempre fica cheio de gente em frente á porta, batendo papo, ouvindo som e criando ideias. Músicos, artistas e público se misturam num só. Na minha estadia em 2015 pela cidade, sempre passava lá, para bater um papo com os amigos e tomar aquela cerveja gelada.

De selos, a cidade possui quatro : Mardito Discos, Sub Folk (já citada acima), Fiasco Records e Microfonia (que além de selo, também é jornal tabloide). Boa parte das bandas lançaram ou gravaram algo por esses selos.

E para canalizar o som dessa galera toda, nada mais preciso e necessário do que um programa de rádio. O Jardim Elétrico cobre essa lacuna, todas as noites de quinta feira, ás 20 horas, pela Rádio Tabajara FM.

Há também as casas de show. A Mofado Estúdio Bar localizada também no Centro, tem a direção de Neném Mofado e já abrigou edições da Sessão Microfonia, ensaios abertos de bandas e outros eventos locais. No bairro do Varadouro , logo ao lado, tem A Vila do Porto, bar que recebe diversos gêneros musicais e não só o rock, mantendo cultura e diversidade. Indo em direção à Praça Antenor Navarro, há ainda o Espaço Mundo, do Coletivo de mesmo nome e, á frente, Rayan Lins (baterista do Zefirina Bomba).

Também há o Buddy Rock Pub (que antes era o Gata Preta, mix de estúdio e bar), voltado para pessoas que curtem boa música, bebidas, petiscos de qualidade, exibição de shows no telão com som ambiente e atrações ao vivo. Há o Centro Cultural Energisa, onde rolam apresentações de diversos seguimentos e grupos autorais.

Espero que essa matéria tenha ficado a altura do que a cena musical da cidade merece, pois a mesma é muito rica em talentos, não só musicais, mas artísticos também. E gente prá aglutinar as ideias é o que não falta. João Pessoa não é a cidade do Rock e nem tenta ser. É apenas mais uma cidade que tem pessoas com garra e força igual a de outros lugares, pronta para se mostrar e se manifestar. Culturalmente e musicalmente.




fotos: divulgação

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