por:
Rafa Almeida
Era
pra ser uma nota curta, defendendo o óbvio e posicionando este
fanzine do único lado possível nos tempos sombrios que vivemos. Mas
haviam muitos pontos a serem colocados, esclarecidos ou tratados (e
nem todos estão colocados no que vem a seguir) nestas tantas idas e
vindas do FMZ... e quem diria que chegaríamos a esse ponto,
não é mesmo? Me refiro a termos que nos manifestar a favor do
óbvio...
Desde
seu surgimento, em 2002, ainda xerocado, este fanzine sempre se
propôs a questionar. Questionar tudo, mesmo correndo o risco de soar
reacionário pra esse ou aquele grupo. Da mesma forma que, de tempos
em tempos nos revemos e aprendemos, é importante levantar dúvidas,
questões e por aí vai. Interna e externamente.
Porém,
há coisas que, simplesmente, não soam cabíveis. É assustador que
qualquer um que tenha tido contato com o universo do Punk Rock,
do Hardcore, dos fanzines, da contracultura, ou mesmo que
consuma “Rock” de “forma casual”, com todo o discurso
e postura historicamente libertários que o estilo carrega, abrace
conservadorismos de qualquer espécie.
Há
quem argumente com “eu só curto o som” ou “estão misturando
música com política” e por aí vai... Não! Se você consome uma
música ou obra de um determinado artista (seja comprando um álbum,
camiseta ou baixando material), por exemplo, você está se
posicionando politicamente, sim! Se você canta uma música seja lá
onde for, ou toca ela com sua banda por aí, você está (sim!)
espalhando a mensagem que ela contém! E toda forma de expressão
artística carrega em si uma mensagem. Mesmo quando nem o autor da
obra se dá conta disso.
Tudo
isso já foi falado e repetido por aí, mas não custa reafirmar.
Quem toca, canta, escreve, produz, apoia.. Está, sim, fazendo
política. Não a política partidária (já fui muito mais radical
com relação a isso, porém, quem quiser fazer que o faça, é
legítimo), mas a política que fazemos todo o tempo. No que
escolhemos, compramos, consumimos, produzimos e por aí vai. Tudo
bem, discussão a ser aprofundada num outro momento. De volta ao tema
em questão:
Neste
espaço não cabe militância partidária. Sempre foi assim e sempre
será. Ninguém terá espaço para vir aqui pedir voto para este ou
aquele partido, ou candidato. Vote em quem quiser. Ou não vote.
Questione as eleições! Por que não? Este fanzineiro aqui se amarra
numa teoria da conspiração, inclusive! Não se sente representado
por nenhum campo político? É cabível. Não aceita ser governado? É
cabível também.
Dá
pra discordar, questionar e refletir quanto à uma série de coisas.
Dá pra discutir sobre formas de governar, de se posicionar,
alinhamento das frentes progressistas (ou não), militâncias,
representantes públicos, negação do sistema político e suas
engrenagens, se deve ou não haver um governo, hierarquias,
autoridades, enfim. Tudo isso é cabível.
O
que não é cabível, é ignorar que há um levante conservador
varrendo o mundo. E não é de hoje. E se de um lado se prega
racismo, machismo, xenofobia, a negação dos Direitos Humanos e toda
sorte de preconceitos e retrocessos, não há como não se colocar do lado oposto.
#EleNão
#EleNunca