segunda-feira, 16 de abril de 2012

Entrevista: IODO



Esses caras inauguraram o FMZ Recomenda, nova seção da versão impressa do Feira Moderna Zine, em nossa edição de número dezessete, que começa circular esta semana e tem pré lançamento dia 22, durante a passagem dos italianos da Cripple Bastards por terras cariocas, em Cascadura! O lançamento oficial acontece durante as comemorações do sexto aniversário do Rock na Garagem, dia 12/05 no Metallica Pub em São Gonçalo! De volta aos entrevistados do mês de abril aqui no FMZ_ONLINE, e sem estender demais o papo, todo mundo nessa banda tem passagem por nomes conhecidos do underground paulista da década de noventa! Lançaram um senhor primeiro trabalho intitulado “Outros Modelos para Pensar”! A seguir, no papo com Jabá, vocalista da banda IODO, um pouco do processo de composição e produção do trabalho recém-lançado, impressões da cena paulista e brazuca e muito mais! Aí vai nossa entrevista de abril! Boa leitura!


FMZ_ONLINE: Antes da mais nada, parabéns pelo belo trabalho em "Outros Modelos pra Pensar"! Queria que vocês começassem contando como surgiu a banda IODO. Todos vocês vem de outras bandas das antigas, queria que vocês contassem como se deu esse encontro!

Jabá: O Careca, Sanches e Morgado se conhecem há muito tempo e desde pivetes tinham banda junto. O Bolacha tocava no Food4Life e no Spunkando junto com os outros moleques da banda, e eu, Jabá, tocava no Lowstop. Eram todas bandas da cena underground do final dos anos 90. Nos conhecíamos do rolê e já tínhamos tocado juntos algumas vezes em casas como Black Jack e Vila Rock. No final de 2008 o Spunkando estava parado porque o antigo vocal saiu para tocar outros projetos artísticos. Juntou a fome com a vontade de comer e o Jabá foi convidado para assumir a voz e criar um novo projeto.


FMZ_ONLINE: E a resposta da galera com relação ao primeiro trabalho, ficou dentro das expectativas?

Jabá: Até agora a resposta tem sido bastante positiva. Lançamos o álbum completo online em fevereiro. Foram cerca de 500 downloads e 5.000 plays... ficamos bem animados de saber que as pessoas estão ouvindo e chegando para trocar uma idéia... esse é o espírito.


FMZ_ONLINE: Segundo o próprio release da banda vocês levaram bastante tempo desde a fase de composição das músicas até a produção do álbum em si. Quanto tempo levou até que o "Outros Modelos pra Pensar" fosse dado como pronto e como fluiu o esse processo?

Jabá: Bom, se pensar que nos juntamos pra tocar em outubro de 2008 e o álbum foi finalizado no final de 2011, são 3 anos de estúdio compondo e arranjando tudo. O grande lance é que o ensaio é um momento de relax pra todo mundo. A gente esquece do trampo, dos problemas da vida e se junta pra tomar uma gelada e fazer um som. Desse ponto de vista, o processo de composição foi sempre muito leve e despretensioso. As músicas foram aparecendo naturalmente, sem se preocupar em fazer um som desse ou daquele jeito. Quando as músicas estavam definidas gravamos uma pré caseira e mandamos para o Fernando Sanches sacar um pouco do som. Dai pra frente foram uns 2 meses de ensaio direto pra deixar o mais redondo possível para entrar no estúdio tranquilo.


FMZ_ONLINE: A comparação com as antigas bandas acaba sendo inevitável. Durante o processo de composição do "Outros Modelos pra Pensar" esse tipo de questão chegou a passar pela cabeça de vocês. De como esse novo projeto soaria, se pareceria ou não com uma das antigas bandas do pessoal? Chegou a rolar esse tipo de questão?

Jabá: Na real isso nunca passou pela cabeça porque a proposta era fazer algo diferente do que todos já tinham feito nas outras bandas. As influências continuam sendo as mesmas, mas tá todo mundo mais velho, mais maduro pra compor e passando por outro momento de vida. Isso acaba sendo refletido no som também.


FMZ_ONLINE: Mesmo se tratando do primeiro trabalho da banda, "Outros Modelos pra Pensar" já apareceu com todo um trabalho de produção e promoção muito bem cuidado. Making of, vídeos no Youtube, lançamento do single "Zeit", enfim. Na opinião de vocês, pode-se dizer que esse tipo de trabalho hoje em dia é tão importante quanto a parte musical?

Jabá: Cara, achamos importante separar as coisas. O cenário independente, em particular da cena Punk/HC, passou por uns anos meio confusos. A onda colorida nunca ameaçou a "entidade" Hardcore, o som verdadeiro, a união, as bandas que sempre estiveram lá. Mas, de certa forma, muita gente passou a querer ter uma banda pra comer menininha, pra fazer sucesso, pra aparecer. Antes de ter o som, o cara já estava preocupado com a foto promo, corte do cabelo, camiseta, etc.... Isso é uma coisa problemática, um sintoma grave.

Outra coisa completamente diferente é utilizar as ferramentas que estão disponíveis hoje para conseguir atuar como independente de forma um pouco mais profissional. Todos os vídeos, making of e etc foram feitos por nós mesmos com ajuda dos camaradas e custo zero. É um recurso que ta aí pra ser usado... é muito loco ver como o trabalho pode ser distribuído hoje.... há dez anos atrás os zines, trocas de carta ainda eram o que movimentava a cena underground. Mas, pra finalizar, acreditamos que a parte musical é sempre o mais importante. Fazer um som honesto é nosso compromisso inicial, antes de qualquer coisa.



FMZ_ONLINE: Por estarem envolvidos com o cenário underground desde os anos noventa, vocês acreditam que conseguem enxergar a cena atual de uma forma diferente?

Jabá: A cena é feita de gente afim de fazer acontecer. Isso não muda nem pode mudar. O que sentimos, e acho que uma galera grande sente também, é que a cena está voltando a um momento legal, com uma porrada de banda boa, uma união verdadeira, shows rolando todo final de semana, surgimento de novos veículos, organizações locais se fortalecendo, produção de conteúdo facilitada, etc, etc, etc. O independente está mais mais forte, mais profissional. As distâncias se encurtaram.


FMZ_ONLINE: De que maneira um projeto como o IODO, com claras influências de bandas de décadas passadas se encaixa na cena Hardcore dos dias de hoje? Ou ainda: como encontrar seu espaço num cenário que, hoje, muda tão rapidamente?

Jabá: Tentamos compor de forma despretensiosa, sem querer soar de uma forma definida. Por nossas influências estarem na maioria nos anos 80 e 90, nosso som acaba refletindo isso. Mas tem público pra tudo né? Se estivermos tocando num pico e uma pessoa achar bacana, a gente ganha o dia!


FMZ_ONLINE: Vocês mesmos citam bandas como Black Flag, Pennywise e NOFX entre outras como sendo influências no som de vocês. Mas com relação aos novos nomes do cenário Hardcore? O que o pessoal da IODO tem ouvido?

Jabá: A safra recente ta boa demais! Das coisas mais recentes (e de outras nem tanto), temos escutado e tocado junto as vezes com as seguintes bandas: Blackjaw, Horace Green, Running Like Lions, Hunger United, La Marca, Bullet Bane, O Inimigo, HERO, Chuva Negra, e por ai vai... tem muita coisa legal rolando. O jeito é sempre ficar esperto quando sai um som novo, colar nos shows e tentar ficar informado.


FMZ_ONLINE: E o que vem pela frente? Mesmo tendo lançado o álbum a bem pouco tempo, já rolam planos para o futuro da IODO?

Jabá: Lançamos o álbum apenas na internet no começo de fevereiro e agora estamos correndo pra lançar o formato físico. Acreditamos que até o meio de abril esteja pronto. O plano é um só: tocar, tocar, tocar e tocar... queremos tocar muito neste ano. Estamos fechando a tour de lançamento que vai começar em abril e já temos umas 7 cidades pra ir.


FMZ_ONLINE: Bom, é isso. Valeu pelo papo e boa sorte com o "Outros Modelos pra Pensar"! O espaço é de vocês:

Jabá: Antes de tudo obrigado a vocês pelo espaço e pela correria de manter um zine. Sabemos o trabalho que dá e o quanto de amor tá envolvido nisso. Nosso recado é pra agradecer todo mundo que tá lado a lado. IODO 2012, tamo chegando e queremos tocar. É só chamar que a gente vai.


por: Rafael A.




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