quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Ele Não! Ele Nunca!

por: Rafa Almeida

Era pra ser uma nota curta, defendendo o óbvio e posicionando este fanzine do único lado possível nos tempos sombrios que vivemos. Mas haviam muitos pontos a serem colocados, esclarecidos ou tratados (e nem todos estão colocados no que vem a seguir) nestas tantas idas e vindas do FMZ... e quem diria que chegaríamos a esse ponto, não é mesmo? Me refiro a termos que nos manifestar a favor do óbvio...

Desde seu surgimento, em 2002, ainda xerocado, este fanzine sempre se propôs a questionar. Questionar tudo, mesmo correndo o risco de soar reacionário pra esse ou aquele grupo. Da mesma forma que, de tempos em tempos nos revemos e aprendemos, é importante levantar dúvidas, questões e por aí vai. Interna e externamente.

Porém, há coisas que, simplesmente, não soam cabíveis. É assustador que qualquer um que tenha tido contato com o universo do Punk Rock, do Hardcore, dos fanzines, da contracultura, ou mesmo que consuma “Rock” de “forma casual”, com todo o discurso e postura historicamente libertários que o estilo carrega, abrace conservadorismos de qualquer espécie.

Há quem argumente com “eu só curto o som” ou “estão misturando música com política” e por aí vai... Não! Se você consome uma música ou obra de um determinado artista (seja comprando um álbum, camiseta ou baixando material), por exemplo, você está se posicionando politicamente, sim! Se você canta uma música seja lá onde for, ou toca ela com sua banda por aí, você está (sim!) espalhando a mensagem que ela contém! E toda forma de expressão artística carrega em si uma mensagem. Mesmo quando nem o autor da obra se dá conta disso.

Tudo isso já foi falado e repetido por aí, mas não custa reafirmar. Quem toca, canta, escreve, produz, apoia.. Está, sim, fazendo política. Não a política partidária (já fui muito mais radical com relação a isso, porém, quem quiser fazer que o faça, é legítimo), mas a política que fazemos todo o tempo. No que escolhemos, compramos, consumimos, produzimos e por aí vai. Tudo bem, discussão a ser aprofundada num outro momento. De volta ao tema em questão:

Neste espaço não cabe militância partidária. Sempre foi assim e sempre será. Ninguém terá espaço para vir aqui pedir voto para este ou aquele partido, ou candidato. Vote em quem quiser. Ou não vote. Questione as eleições! Por que não? Este fanzineiro aqui se amarra numa teoria da conspiração, inclusive! Não se sente representado por nenhum campo político? É cabível. Não aceita ser governado? É cabível também.

Dá pra discordar, questionar e refletir quanto à uma série de coisas. Dá pra discutir sobre formas de governar, de se posicionar, alinhamento das frentes progressistas (ou não), militâncias, representantes públicos, negação do sistema político e suas engrenagens, se deve ou não haver um governo, hierarquias, autoridades, enfim. Tudo isso é cabível.

O que não é cabível, é ignorar que há um levante conservador varrendo o mundo. E não é de hoje. E se de um lado se prega racismo, machismo, xenofobia, a negação dos Direitos Humanos e toda sorte de preconceitos e retrocessos, não há como não se colocar do lado oposto.

#EleNão
#EleNunca 

Nenhum comentário:

Leia também: