domingo, 31 de março de 2019

Test Drive de Buteco :: Por que o Test Drive?


por Rafa Almeida

O motivo principal pra existir este cantinho aqui no FMZ é o mais óbvio possível: a gente gosta de bar, de cerveja e de tira-gosto! Ah, sim: o fato de boa parte da história deste fanzine, tanto impresso quanto virtual, ter se desenrolado por entre bares dos mais diversos tipos e nos mais diferentes lugares, também tem a ver com a coluna (é, somos bebuns incorrigíveis). Mas tem mais!

Os botecos, do jeito que o Test Drive gosta, estão desaparecendo. Ao menos nas regiões centrais, com o passar do tempo, cada birosca vai dando lugar a farmácias, casas de bolo, lojas de bijuterias e por aí vai. Quando não são substituídos pelos tais “barzinhos” (que de botequim tem muito pouco). Mas calma, eles ainda existem!

Seja no Rio ou em qualquer outro lugar, o boteco é ponto de encontro, refúgio, oásis e muito mais. É parte indissociável de nossa cultura, principalmente musical. E não estou me referindo só ao samba e demais ritmos populares, não! Sendo assim, se faz necessário deixar registrado que estes lugares existiram. E que por muito tempo habitaram cada cantinho de nossas cidades (e fazem parte de nossas vidas).

É bem verdade que alguns desses lugares, de tão antigos e historicamente relevantes, acabam se modernizando e, mesmo mantendo algumas características como mobiliário ou cardápio (em alguns casos, até funcionário antigo vira atração) acabam virando ponto turístico. Porém, ao tal processo acaba implicando em preços altos e um certo requinte que não interessa ao nosso Test Drive.

Há de se mencionar que estamos falando de espaços predominantemente adminitrados e frequentados por homens (numa faixa de idade mais avançada, por assim dizer) . Em boa parte dos casos, sequer se encontra endereços virtuais desses lugares. Ainda estão no século passado. Sim, estamos falando de ambientes muito conservadores, lugares onde o machismo e diversos formas de preconceitos ainda são a regra. Não é exclusividade dos botequins, ok. E é uma pena que isso ainda não tenha mudado. Mas, em sua maioria, esses lugares são assim.

Antes de encerrar, é de fundamental importância ressaltar alguns aspectos que fazem com que esse ou aquele bar se encaixe na ideia do Test Drive de Buteco. Garçom que enche seu copo não é bem visto por aqui, não é legal. Muito menos os que fazem isso toda hora (sabemos que a culpa não é deles). Fazer uso do termo “boteco raiz” é inaceitável (geralmente serve pra lugares que tentam emular o conceito de botequim... e passam longe). Qualquer coisa com “gourmet” também não serve pra gente aqui!

Não menos importante: Copo americano ganha ponto. Palito é clássico, mas garfo e faca ajudam em certos procedimentos. Jiló é vida. Ah, importante! Farofa pronta não rola! O mesmo vale pro alho frito! E tem que ter pimenta de verdade (molho de pimenta não ofende, até serve, mas não é pimenta)!

A tendência é que esses lugares desapareçam. Geralmente são pequenos negócios de família que passam de uma geração pra outra. Até que um filho ou herdeiro muda, repensa, refaz ou simplesmente se desfaz. E apesar de uma certa tosquice no ar, pouco tato no atendimento e conceitos de higiene não muito confiáveis, são lugares através dos quais conseguimos lembrar de épocas, fases e momentos de nossas vidas. Sendo assim, continuaremos à procura dos botecos que ainda restam por aí!

Confira por onde o Test Drive de Buteco já passou.

foto: Extinto Bar AlêDavi, em São Gonçalo/RJ, por Rafa Almeida

Nenhum comentário:

Leia também: