por
Rafa Almeida
Sou
Eu, que me escondo e me mostro. Sou Eu, por inteiro e em partes. Sou
eu imerso em pensamentos, ofegante, transpirando, sem pressa e em
paz. Sou Eu, despedaçado. Sou Eu, despido e coberto. Exposto e
protegido. Sou Eu contando trocados, pedindo atenção sem querer
incomodar. Ansioso, contando as horas, com passo apressado querendo
falar. Sou Eu na esquina, fazendo hora, sou eu no bar querendo
conversar.
Sou
Eu, partes distintas de um todo disforme. Sou eu gritando em
silêncio. Sou Eu tirando fotos e mandando recados. Sou Eu, escrevendo
cartas que não vou mandar. Sou Eu: metade ou por inteiro. Sou
muitos. Partes inteiras e incompletas que insistem em se separar e se
reencontrar. Mas ainda sou Eu. Sou Eu em linhas tortas, em textos
toscos. Sou Eu: o mesmo.
Sou
Eu, pela manhã. Sou eu no fim de tarde olhando o Sol. Meu Sol. Sou
Eu, esperando. Engolindo a seco e digerindo devagar. Sou eu
aprendendo, errando, me desculpando e tentando. Mas ainda sou Eu. No
banco do ônibus, no fundo do poço, debaixo de chuva. Sou Eu na barca esperando pra
atracar. Porto seguro pra descansar. Sou eu te lendo e me escrevendo. Sou Eu. E, por fim, sou
nós.
foto:
Rafa Almeida
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