sexta-feira, 21 de maio de 2010

Entrevista: Plebeus Urbanos

Esses caras já fazem barulho na cena Punk da Zona Oeste de São Paulo fazem nove anos. As letras traduzem o sentimento de tantos que, assim como eles, convivem com a realidade dos subúrbios e com as dificuldades de se usar a música como arma de protesto e ferramenta para promover mudanças. O primeiro trabalho (Operários) trazia toda a vontade de uma banda dando seus primeiros passos. Anos depois os caras aparecem com o excelente cd Entre os Muros, amadurecidos e com a mesma fúria dos primeiros anos. Com passagens pelo RJ e outras praças Brasil afora essa banda é referência quando o assunto é o Punk Rock feito nos subúrbio paulistas! E é com muita honra que, mais uma vez, apresentamos esses camaradas aqui no FMZ! Aí vai o papo que batemos com Rodrigo Morozi, líder da banda Plebeus Urbanos! Aliás, até o Lau, editor do clássico fanzine CCA (e produtor do novo cd da banda) foi citado no meio da parada! Olha aí:

FMZ: Pra começar, gostaria que você falasse um pouco sobre o lançamento mais recente da banda, o cd Entre os Muros:

Morozi: Esse é um trabalho de nove anos de estrada na cena independente, é o registro definitivo de seis musicas e mais nove faixas inéditas, com uma arte gráfica que se mistura às músicas deixando esse material ainda mais completo e interessante. As gravações tentamos deixar que parecessem soar ao vivo apesar de terem sido feitas em estúdio (com todos nossos erros, que tornam a coisa original e ‘plebeu’). Para nos é como um registro histórico que marca essa luta de dez anos na cena underground.


FMZ: Este é o segundo lançamento da banda. O que mudou desde o primeiro trabalho, o cd Operários?

Morozi: Principalmente a qualidade do material. Muitos chegavam até nós e falavam que adoravam o Operários mais era uma pena que a qualidade de som fosse realmente simples e tosca. Nesse, com a ajuda do Lau (ex editor do zine Conspiração CCA), conseguimos deixar aquele Operários com uma cara mais moderna. E nesse novo trabalho conseguimos unir as músicas ao encarte (com um encarte book, com textos que fazem pontes entre o encarte e o cd ). Isso é uma coisa que sempre quisemos fazer e conseguimos com esse novo trabalho.


FMZ: A banda está com um novo batera, não é mesmo? O que levou a essa mudança de integrante?

Morozi: Infelizmente o Leandro estava com alguns problemas pessoais e resolvemos colocar a amizade em primeiro lugar e não sobrecarregar ele. Então estamos agora com o Edgar (que toca também nas bandas Espanto e Scarnio) na bateria que, na verdade, está dando uma força para gravação de novas musicas que estaremos lançando em um split com a banda Terror y Miseria (Argentina) até o fim deste ano e, conseqüentemente, estamos tocando um repertorio curto em algumas apresentações. Mas sem pretensões maiores, pelo menos por enquanto.


FMZ: Continua sendo complicado manter uma banda Punk viva no atual cenário underground de nosso país?

Morozi: Sempre é complicado e acho que se continuar assim sempre será. Pois a cena aqui no Brasil não é alto sustentável (financeiramente). Digo que de uns anos pra cá existe muita gente que tem dado uma grande força pra cena (com trocas, compra de materiais e fazendo acontecer como pode), mas manter uma banda com a mesma formação sem ganhar um tostão e sempre gastando dinheiro com isso acaba sendo uma coisa cansativa e desgastante. Mas não sonhamos com coisas impossíveis e sempre fizemos nós mesmos (com a ajuda de uma grande família que é o Plebeus Urbanos) e com isso nos mantemos erguidos, lançamos materiais, organizamos eventos, fazemos trocas e amizades e é isso que nos faz ficarmos firmes nessa cena.


FMZ: Vocês já estiveram aqui pelo Rio duas vezes. Quais foram as impressões? E quando vamos ter a Plebeus Urbanos de volta ao RJ?

Morozi: Como sempre dizemos o Rio é nossa segunda casa, temos grandes amigos no Rio de Janeiro. Nas duas vezes que estivemos no RJ foi muito bom principalmente pelas amizades que sempre fazemos a cada vez que viajamos. As pessoas sempre muito receptivas e com a intenção de fazer a coisa acontecer que é o que mais gostamos nisso tudo, esperamos em breve estarmos de volta ao Rio. Talvez no final desse ano mesmo, quem sabe.


FMZ: Como andam as coisas aí por Osasco? Muitos shows, zines e bandas rolando?

Morozi: Cara, tivemos grandes surpresas em relação a uma nova galera que vem aparecendo e organizando as coisas por aqui. É uma pena que não temos uma certa frequência em eventos atualmente devido a muitas bandas só esperarem acontecer e não ‘fazerem acontecer’, mas como temos dito a algum tempo: Os poucos que fazem realmente fazem a diferença de toda uma cena. Estamos com alguns projetos e colocando em pratica aos poucos. A Plebe Recs. está lançando uma serie de coletâneas (por exermplo, a coletânea Rompendo Fronteiras), clips, shows, entrevistas e em breve um documentário falando da cena osasquense e zona oeste de SP. Tudo disponibilizado em CDs, dvd’s, vcd’s e também grátis pelo Youtube numa forma de cooperativismo e união entre bandas, pessoas e distribuidoras (N.E.: A Latitude Zero Prod. apóia e, através de nossa Distro., já disponibilizamos a coletânea Rompendo Fronteiras em nosso stand nos shows, ok?).


FMZ: Nos conhecemos ainda na época da correspondência, troca de cartas e zines, enfim. Acho que a pergunta cai bem: Como é para uma banda com ideais Punks nesses tempos de internet? Mudou muita coisa? Como fazer para manter os ideais punks vivos sendo que hoje em dia as coisas estão cada vez mais confusas?

Morozi: É uma pergunta complicada. Graças à internet acabamos facilitando o acesso a bandas e materiais novos como zines, coletâneas, e com certeza a internet é uma ferramenta completamente ‘faça você mesmo’. Na minha opinião acaba sendo mais uma ferramenta (e quase obrigatória) para divulgação do Movimento Punk.


FMZ: Valeu pelo papo! O espaço é de vocês, fiquem à vontade:

Morozi: Mais uma vez obrigado a esse zine que tem sido um marco no underground brasileiro, pelo espaço e pelo convite. E a toda galera que divulga e acrescenta coisas positivas a cena independente como um todo (indiferente de estilos musicais). Espero que possamos ter contribuído para o interesse de todos que lutam, apoiam e acreditam nesta luta e nesse caminho tortuoso que é o underground. Obrigado por acreditar nos Plebeus Urbanos, e na Plebe Recs. Saúde e paz a todos.


por: Rafael A.



Contatos:
www.fotolog.terra.com.br/plebeusurbanos
www.bandasdegaragem.com.br/pu-plebeusurbanos

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