sábado, 1 de janeiro de 2011

Pré-Reveillon da Cidade de Niterói...


Pré-Reveillon da Cidade de Niterói
30/01/2011
Praia de Icaraí (Icaraí, Niterói/RJ)
RUA 17 – TEREZA – BOW BOW COGUMELO – PHILEDÉLPHIA – MUSTANG 65


Bandas independentes no Reveillon de Niterói? Pode acreditar: rolou! Assim como costumava acontecer a alguns (muitos) anos atrás, alguns dias antes da `Festa de Virada` o palco montado, todo ano, na Praia de Icaraí servia de espaço para as bandas de Rock Independente mostrarem seu trabalho. Este que vos escreve curtiu, em algumas ocasiões, belos shows por lá, inclusive! Aliás, Prog Metal e Rapcore já foram febre por aqui... alguém lembra? Não vou lembrar o nome da banda, mas em algum ponto distante dos anos 90, “Killing in the Name” (todo mundo tocava essa) do RATM foi responsável por uma das rodas de pogo mais insanas que eu já presenciei! Em plena Praia de Icaraí!

De volta ao presente? O anuncio de que bandas independentes tocariam no Reveillon de Niterói foi ouvido até no RJTV. A curiosidade falou mais alto e lá fui eu conferir os shows e torrar alguns trocados em cervejas. Óbviamente, no horário marcado para início das apresentações, nada acontecia. O jeito foi tomar umas num bar próximo à Praia. Cervejas estas que se estenderam um pouco mais do que deveriam e fizeram com que este perdesse o show da banda Philadélphia, que abriu os trabalhos. Os caras, inclusive, foram os vencedores do Festival Niterói Shopping de Música Estudantil, era de se esperar que fossem escalados para uma data como esta. Em seguida foi a vez da banda Rua 17! Um pouco de nostalgia? Lembro dessa galera fazendo barulho num posto de gasolina no Largo da Batalha (passagem para quem vai rumo à Região Oceânica de Niterói)! Enfim, os caras atacararm de Pop Rock e mostraram competência, apesar de problemas com o som que fizeram o baixo simplesmente desaparecer. Não comprometeu a apresentação dos caras. Segue o fluxo, ok?

Veio o show da banda Tereza. Ao que parece, essa galera tem papado festivais e feito shows em diversos cantos do país. De fato, eles pareciam ser uma das atrações mais esperadas pelo público presente, nítidamente formado por moradores das redondezas; leia-se, Zona Sul de Niterói (...). Quem foi pra ver os caras, se esbaldou. A galera cantou junto com a banda e vibrou ao anuncio de cada som. No palco, o que se via era uma banda competente, bem ensaiada e com boa presença de palco e domínio do púbico. O som dos caras remete diretamente a Strokes e toda aquela onda chamada erroneamente de Indie no começo dos anos dois mil (devidamente formatado para os dias de hoje), e que, estranhamente, pentelha (no menos pior dos sentidos) até os dias de hoje. Confesso que não me empolguei... Mais com relação ao público que a banda propriamente dita (um acaba sendo reflexo do outro), mas o under de Niterói já teve momentos mais inspirados (bem mais...).

Depois da Tereza, foi a vez dos caras da Bow Bow Cogumelo tomarem o palco. Esbanjando influências de Sublime, Reggae e Hip Hop os caras mandaram até que bem. Começaram com "Time", do Pink Floyd, numa versão mais ‘Dub Side of the Moon’ que qualquer outra coisa. Purista do jeito que sou, troci o nariz. Mas a galera mostrou competência e o saldo da apresentação deles acabou positivo, ao menos pra mim. Momento bizarro: fui pegar uma cerveja no calçadão e eis que sou surpreendido pelo seguinte diálogo altamente esclarecedor:


Playboy pegador tapado moderninho metido a alternativo 1: “Cara, isso que eles tão tocando não é aquela banda... O Rappa?!?”

Playboy pegador tapado moderninho metido a alternativo 2: “Que O Rappa, cara?! Tu é burro mesmo, hein? Não saca nada de som... Isso aí é aquela banda gringa... Paralamas!!! Mas acho que eles tão tocando a versão do Mr.Catra...”

Detalhe: A banda estava tocando BOB MARLEY... Coisas da Zona Sul de Niterói... É rir pra não chorar...


Ainda chocado com o desfile de ‘cultura pop’ ao qual havia sido submetido, voltei pra areia e dei de cara com uma grata surpresa! Os Caras da Mustang 65 mostraram um Rock`n`Roll paltado em bandas clássicas como The Doors, Who e Rolling Stones. Blues Rock, solos bacanas e um belo show que merecia ser visto por mais gente, principalmente a galerinha que se descabelava ao som da banda que havia tocado antes. É aquela história: Se a galera mais nova não tem muito pra dizer, a coroada vem e dá aula, né?

Fim de festa! Espero sinceramente que a turma do diálogo citado acima tenha chegado a alguma conclusão a respeito de qualquer coisa que o valha (inclusive a própria existência), que a participação de bandas independentes no Reveillon se repita no próximo ano, enfim. No meio disso tudo, o saldo até que foi positivo. Não vou entrar em discussões a respeito das bandas que tocaram ou coisa que o valha. Se no palco, a coisa não empolga, de repente, é porque o próprio cenário musical alternativo da cidade não é mais tão estimulante quanto a anos atrás. Falta muita coisa. Mas antes de faltarem bandas, espaços, políticas públicas, apoiadores ou patrocinadores, falta público e ‘cena’ underground de uma forma geral. E isso, não se forja de uma hora pra outra. É fruto de trabalho? Sim. Mas é o tipo de trabalho que leva tempo e, muitas vezes, nem se percebe que está sendo feito. Niterói, Niterói...

Rafael A.




Links: Tereza :: Rua 17 :: Bow Bow Cogumelo :: Mustang 65 :: Philadélphia


foto: Rafael A.

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