sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Entrevista : Equal



Em tempos onde se questiona quais rumos o cenário independente de Niterói (RJ) irá tomar, um dos nomes de uma nova geração que, faz algum tempo procura espaço na cena da cidade, lança material novo! A banda Equal anunciou o lançamento de seu segundo trabalho, o ep “Gosto Amargo”. Surgida em 2007 a banda que conta com Gregory Combat no vocal, Vinícius Pereira e Thiago Henud nas guitarras, Leonardo Amorim no baixo e Rafael Cormack na batera, bebe na fonte do Rock Alternativo de nomes como Radiohead e Queens of The Stone Age. Ao vivo, o som dessa galera resvala no Rock setentista de bandas clássicas. Mas o assunto aqui é a Equal e seu novo ep. Vale citar que “Gosto Amargo” teve produção de Pedro Garcia (baquetas de Lobão e Planet Hemp, entre outros). E o novo trabalho vem em boa hora.

Após a edição de 2011 do festival anual do Coletivo Araribóia Rock, do qual a Equal participou, levantou-se através de pesquisa e matéria publicada no site do Coletivo comandado pelo jornalista Pedro de Luna, quais seriam as maiores necessidades e expectativas das bandas da cidade. Entre muitos aspectos citados, a questão envolvendo lançamento de material apareceu como um dos itens destacados pelos músicos. A Equal saiu na frente e pôs na rua o primeiro lançamento de uma banda niteroiense em 2012! A seguir a ideia que trocamos com a garotada da banda! Dá pra sacar um pouco do que a galera mais nova do Rock de Niterói anda pensando. Se liga aí:


FMZ_ONLINE: A banda lançou recentemente seu segundo trabalho, o ep “Gosto Amargo”. Vamos começar falando da reposta da galera. Como foi? Alcançou as expectativas de vocês?

Rafael: Sinceramente? Eu não tinha expectativa nenhuma com relação à esse EP, haja vista que o nosso EP anterior não obteve tanto destaque assim. Claro que algumas portas se abriram após o lançamento deles, mas pra uma banda independente conseguir que o seu trabalho chegue no ouvido da galera é muito difícil. É um trabalho de formiguinha mesmo, de mostrar pra todo mundo, postar nos fóruns e blogs musicais que participamos, enfim, cada novo ouvinte e cada pessoa que vai lá no Facebook da banda e clica em curtir é uma alegria.

Vinícius: Você cria uma expectativa natural, já que seu suor, dinheiro e tempo estão todos depositados ali. Porém - talvez isso esteja começando a mudar agora - somos uma banda sem apoio nenhum, a não ser de amigos mais próximos e familiares. Tudo é com a gente mesmo, temos que correr muito atrás às vezes para subir apenas um degrau. Não dá para ficar criando expectativas. Você faz pela sua satisfação pessoal e como músico, por isso o objetivo é que seja sempre com a maior qualidade possível. O resto é conseqüência do seu esforço e uma boa dose de sorte. Como diz o título daquele disco do Macaco Bong: "Artista igual Pedreiro". É bem isso ae.

Gregory: Expectativas quanto a um trabalho sempre existem, mas já com o amadurecimento do nosso primeiro EP tínhamos a consciência e o pé no chão que o alcance ao público e a sua repercussão não são uma matemática exata. Gosto Amargo acabou de ser lançado também e ainda há o que ser explorado, e quanto a isso fazemos nossa parte dentro do que nos é possível: divulgando e compartilhando.


FMZ_ONLINE: Ainda sobre o lançamento, recentemente o Araribóia Rock publicou uma pesquisa onde as bandas de Niterói apontavam gravação como uma das maiores necessidades e dificuldades também. Vocês já lançaram dois trabalhos. Essa dificuldade realmente existe? E mais: como foi pra vocês gravar? De alguma forma 'valeu a pena', por assim dizer?

Rafael: Existe. Se não fosse o fato da galera ter da onde tirar grana, pois 3/5 da banda trabalham, o EP não existiria. Sobre gravar, é uma experiência única. Principalmente porque gravamos com um cara que sabe muito, então você acaba pegando vários macetes, dicas, observa algumas coisas... A preparação, a fase de pré-produção, a preocupação com os arranjos, os detalhes... Enfim, experiência obrigatória pra todo músico que se preze. E valeu sim. Se a gente conseguiu algum destaque e reconhecimento (QUÊ?) foi graças à esses 2 EP's.

Vinícius: Como não pode ser o objetivo maior de uma banda a gravação? Eu acredito que é a maior realização que o músico pode ter. A partir do momento que uma banda tem músicas próprias, seu maior objetivo tem que ser a gravação. E com qualidade. Ou alguém acha que as pessoas vão ouvir sua música gravada de forma amadora no fundo do quintal e pensar "ah, mas é uma banda sem recursos, vamos considerar". Não, não é
assim, você disputa a atenção do público com milhares de outras bandas. Seu material precisa estar em condições de igualdade. Estar dentro de um estúdio de gravação é tudo que um músico pode querer. Mas para uma banda independente sem recursos é literalmente "mover montanhas". É tudo muito difícil e dispendioso.



FMZ_ONLINE: Voltando pro começo da banda. Contem pra gente como rolou esse encontro e coo surgiu a Equal!

Rafael: Então, eu e Vinícius nos conhecemos no 1º ano do ensino médio e de cara o que nos aproximou foi a música (Além do Vasco, claro!). Ele já tocava e eu sempre tive vontade de aprender a tocar algum instrumento. Depois de uma experiência frustrada no violão, fui pra bateria, onde continuo me frustrando até hoje. Tempos depois, quando resolvemos mesmo formar uma banda, a gente conheceu o Léo num site de músicos, ensaiamos e fluiu de cara. Queríamos ficar como um power trio, mas como ninguém tinha gogó pra segurar os vocais, começamos a procurar um vocalista. No mesmo site encontramos o Greg. Mesmo esquema, 1 ensaio, fluiu de cara, e ele ainda estreou na banda na semana seguinte, num show que fizemos no Saloon 79, em Botafogo. Com o tempo a gente foi trabalhando em mais arranjos, dando uma lapidada no som da banda, e aí a gente viu que precisava de um outro guitarrista. O Thiago estuda com o Léo, e além de ser um puta guitarrista já tinha tocado com bastante gente da pseudo cena underground de Niterói. Mais um que entrou logo após o primeiro ensaio...

Vinícius: É, tive outras bandas, mas tinha que me deslocar de Niterói até São Cristovão então não deu muito certo, eheh. Mas serviu muito de experiência para o início da Equal, já que o Rafael e nosso primeiro baixista não tinham ainda nenhuma experiência, então acabou me ajudando a conduzir as coisas no início. Hoje já não mando mais em nada ...ahahah.


FMZ_ONLINE: Vocês parecem ser uma galera bem nova, acho que a pergunta cai bem: Em tempos de internet, redes sociais e tudo o mais, como um artista independente se comporta. Na opinião de vocês ainda existe essa busca por um contrato com uma grande gravadora, ou algo do tipo?

Vinícius: Não existe busca nenhuma. As gravadoras nos últimos tempos tiveram seus lucros bem reduzidos como todo mundo sabe, então não há mais espaço para arriscar, só gêneros bem populares e com bastante apelo são contratados. O que eu tenho visto é que quando uma gravadora arrisca com alguma banda de Rock, a paciência dura muito pouco, com o artista sendo demitido assim que o lucro não vem. A internet fragmentou bastante a cena e tornou esse tipo de investimento escasso, mas agora as bandas são realmente independentes. Pensa em quantas bandas a menos você conheceria se não fosse a internet?


FMZ_ONLINE: Aqui em Niterói rola toda essa discussão a respeito da falta de apoio do poder público, iniciativa privada e tudo o mais. Como vocês estão sentindo o cenário independente da cidade? Boas bandas aparecendo, alguma coisa parece estar mudando pra melhor, enfim?

Rafael: Cenário independente? Em Niterói? Ahuhuahuauhahuahuhuahuauhaauahahu Conta a do português agora. Mas falando sério, bandas boas na cidade existem, tem a Lougo Mouro, o pessoal do Na Estrada, da Kapitu... Sempre vai existir gente boa. Só que é MUITO difícil tirar a galera do bolo, porque em todos os lugares existem bandas muito boas também. Além do que, faltam espaços, e a galera não tem mais o hábito de ir nos showzinhos pra "descobrir" bandas novas... A galera tem acesso às informações dando um clique, então se você não trabalhar esse lado da imagem, ter bons vídeos, um clipe legal, uma gravação boa, fica difícil da galera ir até você... Se não fossem coletivos como o Araribóia Rock e a Ponte Plural, acho que o cenário ia ser desértico...


FMZ_ONLINE: Vamos falar de música? Contem pra gente o que a galera da banda anda ouvindo!

Rafael: Ih, a galera tem um gosto tão variado... No meu MP3 ultimamente (pode falar isso em tempos de S.O.P.A., P.I.P.A.?) tá rolando de Tame Impala (melhor banda que descobri de uns tempos pra cá!) à Criolo. Mas sempre rola Kyuss, Queens Of The Stone Age, Radiohead, Black Keys...

Vinícius: É, os gostos são bastante diversificados, mas sem dúvida a unanimidade na banda são essas bandas que o Rafael falou, Queens of The Stone Age e Radiohead, o que por si só já mostra o quanto é diversificado o gosto do pessoal. Mas eu particularmente estou sempre nessa vibe do Desert Rock, ehehe.

Gregory: Ultimamente?! Red Fang, Black Country, Lenine, Dazaranha, Johnny Cash, Black Keys, Nine Inch Nails é o que tenho apertado mais play's por aqui.


FMZ_ONLINE: Valeu pelo papo galera. Boa sorte! O espaço é de vocês, fiquem à vontade!

Rafael: Bem, primeiramente, gostaríamos de agradecer a oportunidade... é difícil pras bandas independentes terem esses canais de comunicação com a galera, e a iniciativa do seu site é pra lá de válida e interessante.

Vinícius: ... nosso link para ouvir as músicas do novo EP (vai logo abaixo, ok?). No Facebook basta procurar Equal e lembrando que dia 16 de Março vamos tocar no Circo Voador abrindo pros Raimundos! \o/


por: Rafael A.
fotos: divulgação, Rafael A. / Latitude Zero Prod.


Ouça a Equal clicando no link.

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