Em
tempos onde se questiona quais rumos o cenário independente de
Niterói (RJ) irá tomar, um dos nomes de uma nova geração que, faz
algum tempo procura espaço na cena da cidade, lança material novo!
A banda Equal anunciou o lançamento de seu segundo trabalho, o ep
“Gosto Amargo”. Surgida em 2007 a banda que conta com Gregory
Combat no vocal, Vinícius Pereira e Thiago Henud nas guitarras,
Leonardo Amorim no baixo e Rafael Cormack na batera, bebe na fonte
do Rock Alternativo de
nomes como Radiohead e Queens of The Stone Age. Ao vivo, o som dessa
galera resvala no Rock
setentista de bandas clássicas. Mas o assunto aqui é a Equal e seu
novo ep. Vale citar
que “Gosto Amargo”
teve produção de Pedro Garcia (baquetas de Lobão e
Planet Hemp, entre outros). E o
novo trabalho vem em boa hora.
Após
a edição de 2011 do festival anual do Coletivo Araribóia Rock, do
qual a Equal participou, levantou-se através de pesquisa e matéria
publicada no site do Coletivo comandado pelo jornalista Pedro de
Luna, quais seriam as maiores necessidades e expectativas das bandas
da cidade. Entre muitos aspectos citados, a questão envolvendo
lançamento de material apareceu como um dos itens destacados pelos
músicos. A Equal saiu na frente e pôs na rua o primeiro lançamento
de uma banda niteroiense em 2012! A seguir a ideia que trocamos com a
garotada da banda! Dá pra sacar um pouco do que a galera mais nova
do Rock de Niterói anda pensando. Se liga aí:
FMZ_ONLINE:
A banda lançou recentemente seu segundo trabalho, o ep “Gosto
Amargo”. Vamos começar falando da reposta da galera. Como foi?
Alcançou as expectativas de vocês?
Rafael:
Sinceramente? Eu não tinha expectativa nenhuma com relação à
esse EP, haja vista que o nosso EP anterior não obteve
tanto destaque assim. Claro que algumas portas se abriram após o
lançamento deles, mas pra uma banda independente conseguir que o seu
trabalho chegue no ouvido da galera é muito difícil. É um trabalho
de formiguinha mesmo, de mostrar pra todo mundo, postar nos fóruns e
blogs musicais que participamos, enfim, cada novo ouvinte e cada
pessoa que vai lá no Facebook da banda e clica em curtir é
uma alegria.
Vinícius:
Você cria uma expectativa natural, já que seu suor, dinheiro e
tempo estão todos depositados ali. Porém - talvez isso esteja
começando a mudar agora - somos uma banda sem apoio nenhum, a não
ser de amigos mais próximos e familiares. Tudo é com a gente mesmo,
temos que correr muito atrás às vezes para subir apenas um degrau.
Não dá para ficar criando expectativas. Você faz pela sua
satisfação pessoal e como músico, por isso o objetivo é que seja
sempre com a maior qualidade possível. O resto é conseqüência do
seu esforço e uma boa dose de sorte. Como diz o título daquele
disco do Macaco Bong: "Artista igual Pedreiro".
É bem isso ae.
Gregory:
Expectativas quanto a um trabalho sempre existem, mas já com o
amadurecimento do nosso primeiro EP tínhamos a consciência e
o pé no chão que o alcance ao público e a sua repercussão não
são uma matemática exata. Gosto Amargo acabou de ser lançado
também e ainda há o que ser explorado, e quanto a isso fazemos
nossa parte dentro do que nos é possível: divulgando e
compartilhando.
FMZ_ONLINE:
Ainda sobre o lançamento, recentemente o Araribóia Rock publicou
uma pesquisa onde as bandas de Niterói apontavam gravação como uma
das maiores necessidades e dificuldades também. Vocês já lançaram
dois trabalhos. Essa dificuldade realmente existe? E mais: como foi
pra vocês gravar? De alguma forma 'valeu a pena', por assim dizer?
Rafael:
Existe. Se não fosse o fato da galera ter da onde tirar grana,
pois 3/5 da banda trabalham, o EP não existiria. Sobre
gravar, é uma experiência única. Principalmente porque gravamos
com um cara que sabe muito, então você acaba pegando vários
macetes, dicas, observa algumas coisas... A preparação, a fase de
pré-produção, a preocupação com os arranjos, os detalhes...
Enfim, experiência obrigatória pra todo músico que se preze. E
valeu sim. Se a gente conseguiu algum destaque e reconhecimento
(QUÊ?) foi graças à esses 2 EP's.
Vinícius:
Como não pode ser o objetivo maior de uma banda a gravação? Eu
acredito que é a maior realização que o músico pode ter. A partir
do momento que uma banda tem músicas próprias, seu maior objetivo
tem que ser a gravação. E com qualidade. Ou alguém acha que as
pessoas vão ouvir sua música gravada de forma amadora no fundo do
quintal e pensar "ah, mas é uma banda sem recursos, vamos
considerar". Não, não é
assim,
você disputa a atenção do público com milhares de outras bandas.
Seu material precisa estar em condições de igualdade. Estar dentro
de um estúdio de gravação é tudo que um músico pode querer. Mas
para uma banda independente sem recursos é literalmente "mover
montanhas". É tudo muito difícil e dispendioso.
FMZ_ONLINE:
Voltando pro começo da banda. Contem pra gente como rolou esse
encontro e coo surgiu a Equal!
Rafael:
Então, eu e Vinícius nos conhecemos no 1º ano do ensino médio
e de cara o que nos aproximou foi a música (Além do Vasco,
claro!). Ele já tocava e eu sempre tive vontade de aprender a
tocar algum instrumento. Depois de uma experiência frustrada no
violão, fui pra bateria, onde continuo me frustrando até hoje.
Tempos depois, quando resolvemos mesmo formar uma banda, a gente
conheceu o Léo num site de músicos, ensaiamos e fluiu de
cara. Queríamos ficar como um power trio, mas como ninguém tinha
gogó pra segurar os vocais, começamos a procurar um vocalista. No
mesmo site encontramos o Greg. Mesmo esquema, 1 ensaio, fluiu
de cara, e ele ainda estreou na banda na semana seguinte, num show
que fizemos no Saloon 79, em Botafogo. Com o tempo a gente foi
trabalhando em mais arranjos, dando uma lapidada no som da banda, e
aí a gente viu que precisava de um outro guitarrista. O Thiago
estuda com o Léo, e além de ser um puta guitarrista já
tinha tocado com bastante gente da pseudo cena underground de
Niterói. Mais um que entrou logo após o primeiro ensaio...
Vinícius:
É, tive outras bandas, mas tinha que me deslocar de Niterói até
São Cristovão então não deu muito certo, eheh. Mas serviu
muito de experiência para o início da Equal, já que o
Rafael e nosso primeiro baixista não tinham ainda nenhuma
experiência, então acabou me ajudando a conduzir as coisas no
início. Hoje já não mando mais em nada ...ahahah.
FMZ_ONLINE:
Vocês parecem ser uma galera bem nova, acho que a pergunta cai bem:
Em tempos de internet, redes sociais e tudo o mais, como um artista
independente se comporta. Na opinião de vocês ainda existe essa
busca por um contrato com uma grande gravadora, ou algo do tipo?
Vinícius:
Não existe busca nenhuma. As gravadoras nos últimos tempos
tiveram seus lucros bem reduzidos como todo mundo sabe, então não
há mais espaço para arriscar, só gêneros bem populares e com
bastante apelo são contratados. O que eu tenho visto é que quando
uma gravadora arrisca com alguma banda de Rock, a paciência
dura muito pouco, com o artista sendo demitido assim que o lucro não
vem. A internet fragmentou bastante a cena e tornou esse tipo
de investimento escasso, mas agora as bandas são realmente
independentes. Pensa em quantas bandas a menos você conheceria se
não fosse a internet?
FMZ_ONLINE:
Aqui em Niterói rola toda essa discussão a respeito da falta de
apoio do poder público, iniciativa privada e tudo o mais. Como vocês
estão sentindo o cenário independente da cidade? Boas bandas
aparecendo, alguma coisa parece estar mudando pra melhor, enfim?
Rafael:
Cenário independente? Em Niterói? Ahuhuahuauhahuahuhuahuauhaauahahu
Conta a do português agora. Mas falando sério, bandas boas na
cidade existem, tem a Lougo Mouro, o pessoal do Na Estrada,
da Kapitu... Sempre vai existir gente boa. Só que é MUITO
difícil tirar a galera do bolo, porque em todos os lugares existem
bandas muito boas também. Além do que, faltam espaços, e a galera
não tem mais o hábito de ir nos showzinhos pra "descobrir"
bandas novas... A galera tem acesso às informações dando um
clique, então se você não trabalhar esse lado da imagem, ter bons
vídeos, um clipe legal, uma gravação boa, fica difícil da galera
ir até você... Se não fossem coletivos como o Araribóia Rock
e a Ponte Plural, acho que o cenário ia ser desértico...
FMZ_ONLINE:
Vamos falar de música? Contem pra gente o que a galera da banda anda
ouvindo!
Rafael:
Ih, a galera tem um gosto tão variado... No meu MP3
ultimamente (pode falar isso em tempos de S.O.P.A., P.I.P.A.?)
tá rolando de Tame Impala (melhor banda que descobri de
uns tempos pra cá!) à Criolo. Mas sempre rola Kyuss,
Queens Of The Stone Age, Radiohead, Black Keys...
Vinícius:
É, os gostos são bastante diversificados, mas sem dúvida a
unanimidade na banda são essas bandas que o Rafael falou,
Queens of The Stone Age e Radiohead, o que por si só
já mostra o quanto é diversificado o gosto do pessoal. Mas eu
particularmente estou sempre nessa vibe do Desert Rock,
ehehe.
Gregory:
Ultimamente?! Red Fang, Black Country, Lenine,
Dazaranha, Johnny Cash, Black Keys, Nine Inch
Nails é o que tenho apertado mais play's por aqui.
FMZ_ONLINE:
Valeu pelo papo galera. Boa sorte! O espaço é de vocês, fiquem à
vontade!
Rafael:
Bem, primeiramente, gostaríamos de agradecer a oportunidade... é
difícil pras bandas independentes terem esses canais de comunicação
com a galera, e a iniciativa do seu site é pra lá de válida e
interessante.
Vinícius:
... nosso link para ouvir as músicas do novo EP (vai
logo abaixo, ok?). No Facebook basta procurar Equal
e lembrando que dia 16 de Março vamos tocar no Circo Voador
abrindo pros Raimundos! \o/
por:
Rafael A.
fotos:
divulgação, Rafael A. / Latitude Zero Prod.
Ouça
a Equal clicando no link.
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