quarta-feira, 14 de maio de 2014

Entrevista :: Coletivo Farinha Podre HC



Mostrando que nem todo mundo é mau, egoísta ou acomodado, um pessoal antenado na luta por um mundo melhor resolve começar um coletivo. Essa história acontece cada vez mais aqui e ali. Serão os ventos das mudanças ou esse pessoal sempre esteve por aí? Talvez as duas opções sejam verdadeiras. Fiz contato com a amiga Priscila Pereira, que vem atuando em um destes maravilhosos coletivos, para que conheçamos um pouco mais desta galera que faz acontecer.


FMZ: Como surgiu e qual o objetivo do Coletivo Farinha Podre?

Priscila Pereira: O Farinha Podre surgiu ano passado, comigo e o Paulo Pontes, em Uberaba. Queríamos fazer algo pela cidade, movimentar mais, inserir novos conceitos, novas ideias, colocar Uberaba na rota da movimentação cultural underground/independente e também poder fazer mais pela cena que tanto apoiamos e vivemos. Estávamos sentindo falta de movimento, de fazer acontecer. Sabe como é, né?


FMZ: O nome escolhido parece ter algo a ver com a história do lugar.

Priscila Pereira: Sim sim, o nome é justamente para remeter ao lugar. Pensamos em vários nomes no começo, alguns bem legais, mas que não tinham haver com o lugar, então eu sugeri de pensarmos em algo mais específico e falei vários nomes só pra dar inspiração pra um nome legal e um deles foi Farinha Podre. Acabou que o Paulo achou legal e concordamos que seria nossa melhor opção. Então, na zuera, a coisa ficou séria! Antigamente a renda da região era feita com a venda de farinha e a população deixava sacos de farinhas em árvores ou enterrados (há várias versões disso, nunca saberemos qual é a verdadeira. kkk), mas, enfim, o intuito era secá-las e evitar roubos, só que acabavam deixando tempo demais e ela apodrecia. Daí o nome Sertão da Farinha Podre…


FMZ: Qual o perfil dos participantes?

Priscila Pereira: Quanto ao perfil dos participantes… Creio que somos meio loucos, rs, idealizadores… Enfim, gostamos de Hardcore, cultura independente e temos sede em movimentar as coisas! Digo loucos, porque sabemos que a cultura underground é sempre na base da insistência, resistência e paixão pela coisa mesmo, mas amamos o que fazemos e somos persistentes!


FMZ: Como andam as produções do Coletivo?

Priscila Pereira: O Coletivo começou, de verdade, esse ano. Realizamos uma festa de lançamento oficial no final de abril, com uma proposta diversificada na cidade: Foram 5 bandas (como o Bayside Kings, de Santos, e o Austin, de Franca), tivemos banquinhas de cd’s, camisetas, distribuímos revistas, zines (como o Reboco Caído!!) e outras publicações independentes, convidamos um fotografo para expor as fotos dele e fizemos lanches vegans e vegetarianos pra lanchonete e também umas bebidas não alcoólicas. O resultado foi bem legal, quem foi gostou e tivemos elogios tanto da bebida, quanto da comida e do evento em si! Mas por agora estamos focados em criar mais publico na internet, cuidar do blog, produzir merchs nossos, e fazer mais trabalhos divulgacionais de bandas, livros, revistas, etc…


FMZ: A maior importância das pessoas se reunirem para lutar por alguma coisa.

Priscila Pereira: Cara, é aquela história: A união faz a força e a associação com pessoas na mesma “vibe” é tudo! Sozinhos não somos nada, não podemos fazer muitas coisas e ficamos muito limitados. Essa é a verdade! Então lutar por algo que você acredita com pessoas amigas ao lado é mais gratificante, mais potente e cai naquela outra história: Você pode destruir um, mas vai ter outro no lugar…


FMZ: Estamos em um período de grandes eventos no país, eleições e muita repressão em cima do povo que está sendo perseguido, perdendo casa e não vê nenhuma possibilidade de melhora e conquista dos direitos básicos.

Priscila Pereira: É, esse tema é delicado… Essa questão de direitos humanos nunca foi seguida e dificilmente será. Nossa sociedade se degrada mais e mais. As pessoas consomem cada vez mais, sustentando um sistema falido e explorador, investem seu dinheiro em satisfação dos sentidos e prazeres sensuais, alienam a mente, não se tornam nem um pouco conscientes da realidade que vivem e isso acaba somando para o colapso que estamos vivendo. O poder de mudança está nas minhas mãos, está nas mãos de vocês leitores, escritores, artistas e todos que fazem algo que vai contra a cultura tradicional vomitada pela tv e pela mídia mainstream. Mas a mudança vem de nós, quando deixamos de dar ibope para a tv e suas notícias tendenciosas, quando boicotamos esse sistema opressor e passamos a ver o mundo com olhos críticos e, principalmente, com misericórdia à população que vive essa situação. Acho que um exemplo perfeito é o trabalho do pessoal do Hardcore Foundation. Eles fazem um trabalho incrível com a população carente do outro lado do mundo, como a África, por exemplo. O merch que eles arrecadam é revertido em alimento e remédios para a população. Eles mesmos vão até lá e distribuem o que arrecadam. Quem sabe o Farinha Podre um dia consiga alcançar esse patamar? Enquanto isso, mais amor e mais consciência, por favor!, fica sendo o nosso lema!

por: Fabio da Silva Barbosa



Contatos com o Coletivo Farinha Podre HC: e-mail :: blog :: facebook

foto: Fabio Fernandes / 77 Fotos e Filmes

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