Mostrando
que nem todo mundo é mau, egoísta ou acomodado, um pessoal antenado
na luta por um mundo melhor resolve começar um coletivo. Essa
história acontece cada vez mais aqui e ali. Serão os ventos das
mudanças ou esse pessoal sempre esteve por aí? Talvez as duas
opções sejam verdadeiras. Fiz contato com a amiga Priscila Pereira,
que vem atuando em um destes maravilhosos coletivos, para que
conheçamos um pouco mais desta galera que faz acontecer.
FMZ:
Como surgiu e qual o objetivo do Coletivo Farinha Podre?
Priscila
Pereira: O Farinha Podre surgiu ano passado, comigo e o
Paulo Pontes, em Uberaba. Queríamos fazer algo pela cidade,
movimentar mais, inserir novos conceitos, novas ideias, colocar
Uberaba na rota da movimentação cultural underground/independente
e também poder fazer mais pela cena que tanto apoiamos e vivemos.
Estávamos sentindo falta de movimento, de fazer acontecer. Sabe como
é, né?
FMZ:
O nome escolhido parece ter algo a ver com a história do lugar.
Priscila
Pereira: Sim sim, o nome é justamente para remeter ao lugar.
Pensamos em vários nomes no começo, alguns bem legais, mas que não
tinham haver com o lugar, então eu sugeri de pensarmos em algo mais
específico e falei vários nomes só pra dar inspiração pra um
nome legal e um deles foi Farinha Podre. Acabou que o Paulo
achou legal e concordamos que seria nossa melhor opção. Então, na
zuera, a coisa ficou séria! Antigamente a renda da região
era feita com a venda de farinha e a população deixava sacos de
farinhas em árvores ou enterrados (há várias versões disso, nunca
saberemos qual é a verdadeira. kkk), mas, enfim, o intuito
era secá-las e evitar roubos, só que acabavam deixando tempo demais
e ela apodrecia. Daí o nome Sertão da Farinha Podre…
FMZ:
Qual o perfil dos participantes?
Priscila
Pereira: Quanto ao perfil dos participantes… Creio que somos
meio loucos, rs, idealizadores… Enfim, gostamos de Hardcore,
cultura independente e temos sede em movimentar as coisas! Digo
loucos, porque sabemos que a cultura underground é sempre na
base da insistência, resistência e paixão pela coisa mesmo, mas
amamos o que fazemos e somos persistentes!
FMZ:
Como andam as produções do Coletivo?
Priscila
Pereira: O Coletivo começou, de verdade, esse ano. Realizamos
uma festa de lançamento oficial no final de abril, com uma proposta
diversificada na cidade: Foram 5 bandas (como o Bayside Kings,
de Santos, e o Austin, de Franca), tivemos banquinhas de cd’s,
camisetas, distribuímos revistas, zines (como o Reboco
Caído!!) e outras publicações independentes, convidamos um
fotografo para expor as fotos dele e fizemos lanches vegans e
vegetarianos pra lanchonete e também umas bebidas não alcoólicas.
O resultado foi bem legal, quem foi gostou e tivemos elogios tanto da
bebida, quanto da comida e do evento em si! Mas por agora estamos
focados em criar mais publico na internet, cuidar do blog,
produzir merchs nossos, e fazer mais trabalhos divulgacionais
de bandas, livros, revistas, etc…
FMZ:
A maior importância das pessoas se reunirem para lutar por alguma
coisa.
Priscila
Pereira: Cara, é aquela história: A união faz a força e a
associação com pessoas na mesma “vibe” é tudo! Sozinhos
não somos nada, não podemos fazer muitas coisas e ficamos muito
limitados. Essa é a verdade! Então lutar por algo que você
acredita com pessoas amigas ao lado é mais gratificante, mais
potente e cai naquela outra história: Você pode destruir um, mas
vai ter outro no lugar…
FMZ:
Estamos em um período de grandes eventos no país, eleições e
muita repressão em cima do povo que está sendo perseguido, perdendo
casa e não vê nenhuma possibilidade de melhora e conquista dos
direitos básicos.
Priscila
Pereira: É, esse tema é delicado… Essa questão de direitos
humanos nunca foi seguida e dificilmente será. Nossa sociedade se
degrada mais e mais. As pessoas consomem cada vez mais, sustentando
um sistema falido e explorador, investem seu dinheiro em satisfação
dos sentidos e prazeres sensuais, alienam a mente, não se tornam nem
um pouco conscientes da realidade que vivem e isso acaba somando para
o colapso que estamos vivendo. O poder de mudança está nas minhas
mãos, está nas mãos de vocês leitores, escritores, artistas e
todos que fazem algo que vai contra a cultura tradicional vomitada
pela tv e pela mídia mainstream. Mas a mudança vem de
nós, quando deixamos de dar ibope para a tv e suas notícias
tendenciosas, quando boicotamos esse sistema opressor e passamos a
ver o mundo com olhos críticos e, principalmente, com misericórdia
à população que vive essa situação. Acho que um exemplo perfeito
é o trabalho do pessoal do Hardcore Foundation. Eles fazem um
trabalho incrível com a população carente do outro lado do mundo,
como a África, por exemplo. O merch que eles arrecadam é
revertido em alimento e remédios para a população. Eles mesmos vão
até lá e distribuem o que arrecadam. Quem sabe o Farinha Podre
um dia consiga alcançar esse patamar? Enquanto isso, mais amor e
mais consciência, por favor!, fica sendo o nosso lema!
por:
Fabio da Silva Barbosa
foto:
Fabio Fernandes / 77 Fotos e Filmes
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