Projeto Praia do Rock – Tributo à Língua Portuguesa28/05/2011
Bar & Pizzaria Portuga Legal (Itaipuaçú, Maricá/RJ)
TUCA MARQUES – CECÍLIA – CARLOS SPIHLER – NEVEMARÇO – SERVOS DE CONTRATO – CIDADE PERDIDA
O Praia do Rock está caminhando para seu décimo aniversário! Pensar que um evento realizado desde 2002 continua em atividade até os dias de hoje é ter a confirmação que modismos, bandas ‘do momento’ e coisas do tipo, definitivamente, passam. Estou colocando isso aqui para salientar que o Praia do Rock, nesses dez anos de autêntica resistência, sempre esteve aberto aos mais diversos estilos e vertentes do Rock. Porém, o projeto em momento algum se rendeu às diversas tendências surgidas no meio roqueiro de dez anos pra cá. E, seja como for, isso é motivos para aplausos. Se não pela postura (cada um pensa de um jeito), pela resistência em mantê-la.
Enfim, este último fim de semana de maio, assim como em outros anos, foi dedicado ao especial ‘Tributo Língua Portuguesa’. Onde bandas com trabalho autoral e letras em português (não brinca...) mostram seus trabalhos. É sem dúvida a edição temática mais badalada de todo o Projeto Praia do Rock. E lá foi o FMZ, devidamente representado por este que vos escreve (que participaria não só cobrindo o evento, mas também como dublê de dj, por assim dizer), pegar a estrada rumo a Praia da Ponta do Francês! Lá, um frio considerável... Mas nada que umas cervejas não resolvam, certo?E depois de umas cervejas com um sujeito idêntico ao Edu K do De Falla (jurou que era pescador e não sabia do que se tratava...) num bar próximo ao lugar do show, era hora de tomar vergonha e assumir meu posto ao lado da mesa de som! Pouco tempo depois, chegaria a hora do barulho rolar no palco! Chuva, estrada ruim (ainda falaremos disso) e banda perdida no meio do caminho acabaram provocando alterações na ordem das apresentações: assim, o primeiro som a rolar foi o Pop Rock da local Nevemarço. Entre alguns dos sons que rolaram, os acabaram se saindo melhor na versão de “Me Deixa” da banda carioca O Rappa. Em seguida, foi a vez da banda Carlos Spihler fazer o pré-lançamento de seu mais novo trabalho, o cd “Geração Piercing & Argola”. Novos sons como “Se é Esse o Mundo” (tá na coletânea PATCH Vol.3!), “Garotinha Loka” e “Um Cara de Sorte” se encontraram com versões para Matanza e Raimundos. Show legal!
Logo em seguida Tuca Marques & Trincaz tomaram conta do pedaço pra mais um showzão. Sério mesmo! Canções do repertório próprio dos caras como a nova “Refém”, “Máscara” e “Selva de Pedra” continuam sendo pontos altos da apresentação do power trio. Mas não dá pra não citar as versões acachapantes de “Armadilha” (Finis Africae) e “Coração de Metal” (Sangue da Cidade)! Dois autênticos clássicos do Lado B do Rock brazuca nos anos oitenta! Ainda deu tempo pra “Time” do Pink Floyd e “Born to be Wild” (Stepenwolf) colocarem gente pra dançar no Portuga Legal! Grande apresentação! A cada show que passa Tuca Marques (voz & guitarra), Abraão Leite e Paulinho Lombardy (batera) vão se encontrando mais no palco. O que já era bom, vai ficando cada vez melhor!
E ainda tinha muito mais barulho pra rolar! Logo após Tuca Marques & Trincaz a garotada da banda Cecília entrou em cena pra apresentar seu novo vocalista e um show bem diferente do último que a galera do Praia do Rock pode conferir. Como já disse aqui, o Math Rock da banda vai cada vez mais tomando ares de Rock Alternativo (entendendo o termo como algo mais amplo). O poema na abertura do show funcionou bem e culminou num começo arrasador com “A Culpa”! Aliás, outra faixa da coletânea PATCH Vol.3, confere lá! Com o passar do tempo Tiago (guitarra), Davi (batera) & cia. vão mostrando amadurecimento musical e entrosamento crescentes. Com isso, momentos como “O Lamento de Um Egoísta” e a versão da banda pra “Ando Meio Desligado”, dos Mutantes, vão soando mais coesos e passam a fazer mais sentido dentro do repertório da Cecília. Bem legal mesmo!
Fim de festa? Que nada, ainda tinha mais gente pra se apresentar! Confesso que a princípio torci o nariz pro som da Servos de Contrato. A banda que veio logo em seguida me soou, digamos, inocente. Explico: desde a entrada do trio, passando pela apresentação do tipo “...não viemos apenas para tocar, viemos para passar uma mensagem...” e coisas do tipo soam, de fato, inocentes nos dias de hoje (dependendo da forma como se faz). Mas, no decorrer do show, a Servos de Contrato acabou mostrando uma proposta interessante. Os arranjos de andamentos lentos e solos de guitarra, por vezes exagerados e repetitivos, levam o expectador pra uma viagem curiosa que passa por bandas brazucas independentes da década de noventa como Bughouse, Indoor e Moonrise. Trata-se de uma banda visivelmente no começo, uma galera bem nova. Até mesmo no que diz respeito ao discurso adotado e a forma como é passado. Após ‘ajustar’ alguns conceitos e idéias (pirncipalmente) musicais, deve dar em coisa boa. Vamos esperar e torcer, certo?
A banda Cidade Perdida fecharia o evento, mas após a Servos de Contrato, nem sinal dos caras... A surpresa ficou por conta dos Punks da Agressão Social, que começaram seu show já com o dia claro! Vocal, guitarra e batera berrando palavras de ordem, e protesto típicamente Punk fechando mais uma edição do Projeto Praia do Rock!!! De minha parte, como ‘discotecador’ (ou coisa que o valha): tentei agradar ao maior número de pessoas possíveis (guardadas as devidas proporções, claro). Os sons que pareceram chamar mais atenção foram Violeta de Outono, Dead Fish, Matanza e as versões de “Construção” (Chico Buarque) da extinta banda carioca Infierno e “Acordo de Malandro” de Bezerra da Silva (versão Ataque Periférico). Mais variado impossível, certo?E foi isso. Noite (já passavam das sete da manhã, em todo caso...) bacana em Itaipuaçú. Recomendo uma ida à Ponta do Francês que é, definitivamente, um lugar lindo, tranquilo e perfeito pra uma noite/manhã de som e cerveja. Mas não dá pra não citar o péssimo estado das estradas da Região. É uma pena que um lugar tão legal tenha o acesso dificultado por pura e simples omissão do Poder Público (me parece a única explicação)... De volta ao Praia do Rock, o evento de Rock mais tradicional de Maricá e Região resiste bravamente ao tempo (graças a obstinação de seu criador, Fábio Heavy) e prova sua imoportância no cenário da música independente Fluminense. Vale uma visita, ok? Até!
Rafael A.
fotos: Rafael A. / Latitude Zero Prod.
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