Essa
galera surgiu no Complexo da Maré, na Zona Norte carioca. Apesar de
terem um tempo relativamente curto de estrada, já deram as caras em
diversos festivais em todos os cantos do Rio de Janeiro! Ganharam
destaque e conquistaram, entre outros prêmios, um final de semana
nada mais nada menos que no super estúdio Toca do Bandido.
Recentemente, foram selecionados para o quarto volume de nossa
Coletânea Virtual PATCH Vol.4. Como se não bastasse, o ano de 2012
ainda reservava surpresas pra essa banda. Foram anunciados como uma
das atrações da edição desse ano do Festival Araribóia Rock!
Como tudo isso se deu em tão pouco tempo? É claro que tudo no meio
independente é fruto de muito trabalho e dedicação, mas queremos
saber como as coisas aconteceram, certo? Sendo assim, vamos ao papo
que o FMZ bateu com a banda Canto Cego! Se liga:
FMZ_ONLINE:
Pra começar, gostaria que você contassem um pouco da história da
banda pra galera que ainda não conhece.
Canto
Cego: O Diogo (ex guitarrista), Hugo (ex baterista)
e o Magrão já tinham tido banda, mas estavam atrás de
vocalista. A Roberta (vocal) também estava procurando banda e
ficou sabendo através de uma amiga que trabalhava na Maré. Aí
começou tudo! Os ensaios eram na casa do Diogo, a gente ficou
um ano com essa formação, mas depois o Hugo precisou sair e
o Diogo precisava dar prioridade ao Algoz e outros
projetos. Nesse meio tempo, o Jorge (baterista) entrou no
projeto com toda sua empolgação contagiante. E o Rodrigo
(guitarrista) aceitou vir com a gente, mais ou menos um mês
depois de termos tocado no Rock no BF com a 7quedas -
banda que ele toca.
Desde
então estamos trilhando nossos caminhos!! Estamos participando de
festivais e eventos diversos, tocamos no Webfestvalda em
agosto desse ano no Circo Voador. Recentemente ganhamos
primeiro lugar no festival da Nova Música Brasileira, que
teve a primeira etapa na Lona Cultural da Maré, e dia 19 de
Novembro estaremos no Imperator abrindo o show do Detonautas!
São dois anos de banda e estamos muito felizes com nossa pequena
estrada.
FMZ_ONLINE:
Com relação à sonoridade da banda: Quais são as influências
musicais de vocês e como a banda trabalha essas referências na hora
de compor melodias, arranjos, enfim?.
Canto
Cego: As influências são bem variadas: Queens of The Stone
Age, Radiohead, Skindred, Os Novos Bainos,
Tulipa Ruiz, Incubus, Rage Against the Machine,
The Dear Hunter, Opeth, Arnaldo Antunes, Lenine,
Elis Regina, Janis Joplin, Concha Buika, ... A
gente costuma criar junto, levamos pro ensaio ideias, e no próprio
ensaio vamos delineando a partir do que cada um traz. A Roberta
costuma se antenar mais com o que é rico em melodia e principalmente
o que for fora do Rock. Concha Buika, por exemplo, é
uma espanhola que tem influencias de música cigana e árabe, e
chegamos a introduzir alguns detalhes desse tipo de som. Não tem
nenhum mistério, todo artista é um grande baú de memórias. A
ideia da banda, mais que tudo, é potencializar o som, tanto nos
riffs, nas levadas, nas melodias, na dinâmica, como na poesia
pra gerar novos sentidos, retomar questões perdidas. Tentar tirar o
público do lugar.
FMZ_ONLINE:
Tanto vocês, como a banda Algoz, são das proximidades do Complexo
da Maré, no Rio de Janeiro. O Rock parece ter força por aí, certo?
Como é o cenário independente na área de vocês? Há mais bandas
interessantes surgindo por aí?
Canto
Cego: Como falamos no início, a banda começou na Maré, hoje só
o Jorge que é de lá. O nome da banda tem a ver com lugar, a
ideia da banda é trazer impressões vividas e experimentadas em um
canto (lugar). Agora ensaiamos em estúdio, que é um ambiente mais
impessoal ao nosso ver. A gente passou um tempo perdido por não
pertencer tão mais a um lugar. Além disso estamos espalhados, a
Roberta mora no Centro, o Magrão em Ramos, o Rodrigo
em Piedade e o Jorge na Maré. Mas caiu a ficha que todo lugar
é canto, cada um carrega em si seus cantos, e o que percebemos esse
ano é que existem células em todos os cantos, inclusive nesse onde
nascemos. São pontos específicos onde bandas estão surgindo e
começando a fazer suas estradas. É muito bonito de ver, na Maré
tem o Café Frio, D'Locks, Levante, o Algoz
que estão na estrada há muito tempo e que tem um público
fervoroso.
FMZ_ONLINE:
A banda já participou de diversos festivais pelo Rio de Janeiro.
Como vocês avaliam essas participações e quais os resultados, com
relação a circulação do nome da banda e do trabalho de vocês,
após tocar em eventos como o CEP 20.000 ou mesmo nas Lonas
Culturais?
Canto
Cego: O evento que mais alucinou a gente foi o Webfestvalda,
no Circo Voador, um evento incrível e impecável em todos os
sentidos. Foram bandas do país todo! Isso ampliou muito nossa visão,
no sentido de que não é só o Rio de Janeiro que vive
efervescências e sim o Brasil inteiro. Bandas que conhecemos de
Recife, Paraná, Aracaju, São Paulo, Bahia, Minas, todas muito
genuínas, todos vivendo os mesmo conflitos e tendo os mesmos
impulsos pra seguir. Estarmos entendendo e criando essa rede é o
mais rico de tudo, dá uma sensação de "não estamos sozinhos"
ou de "se der algum problema temos com quem contar". Com
esses novos parceiros com certeza o nome da banda está circulando
mais, só falta a gente circular, mas como isso demanda investimentos
maiores ainda não aconteceu. Mas é nosso sonho pegar estrada.
FMZ_ONLINE:
Aproveitando o assunto: Eu sei que a pergunta está mais que batida,
mas queria que vocês comentassem um pouco a respeito do cenário
independente carioca. Como a banda vê a coisa de espaços e eventos
pra se apresentar, canais de divulgação...?
Canto
Cego: Olha, os canais estão aumentando! As pessoas estão
percebendo que o cenário independente tem cada vez mais público,
devido ao maior acesso a tecnologia, tanto no sentido de podermos
gravar nossas músicas, como no sentido de que os artistas poderem
disponibilizar seus conteúdos pra que qualquer pessoa do mundo veja.
Isso é revolução! Mas ainda há muito o que fazer, a gente ainda
presencia muito descaso, muita desvalorização dos músicos. Tem
lugares e eventos que te colocam na situação "eu estou te
dando a chance de tocar, por isso não reclama" e às vezes se
dão o direito de cobrar até a água. Ou situações em que as
bandas não se falam, se fecham em si, enquanto tudo poderia ser mais
caloroso. Mas de modo geral, estamos otimista quanto ao
reconhecimento que as bandas independentes estão ganhando, muito por
conta da qualidade dos sons que estão surgindo por aí. No Rio ainda
não há casas dedicadas ao independente que paguem e que tenham um
público frequente, coisa que em São Paulo é mais comum. Mas
acreditamos que o cenário está mudando, ou pelo menos, apontando
futuras mudanças.
FMZ_ONLINE:
Vocês foram selecionados para a edição deste ano do Festival
Araribóia Rock. Quais as expectativas com relação a essa
apresentação em dezembro?
Canto
Cego: Sim!! É muito bom saber que volta e meia estão
selecionando nosso material, só a seleção já é um prêmio. A
gente tenta não criar expectativas pra não abalar o psicológico
mas como isso é impossível, as expectativas são as maiores.
Admirados boa parte das bandas que vão tocar com a gente e vamos
trabalhar pra dar o nosso melhor!
FMZ_ONLINE:
E quais os planos para o futuro? O que vem por aí?
Canto
Cego: Estamos saltitantes nesse próximo mês que vamos abrir um
show do Detonautas no Imperator, e vamos passar um fim
de semana no estúdio Toca do Bandido, ambos prêmios do
festival Nova Música Brasileira e sonhos que se realizarão.
Parece que esse próximo mês entraremos mesmo em estúdio pra gravar
o primeiro EP, batalha que estamos travando, mas que em algum
momento vai acontecer! As expectativas são as melhores, a ideia é
lançar o EP e continuar criando novas músicas e fazendo
shows.
FMZ_ONLINE:
Bom, é isso. Valeu pela atenção. Algum recado final?
Canto
Cego: A gente quer agradecer, por nos selecionar para a
coletânea. Essas iniciativas são ótimas e esperamos poder
participar de outras. A gente sempre fala, que é preciso criar um
público atento a novidades, as pessoas precisam querer ouvir o que
está sendo feito de novo no nosso país. Só com público que o
cenário independente vai poder ganhar corpo. Nosso recado é pra que
as pessoas criem o hábito de ouvir bandas novas, artistas novos, a
internet está aí pra isso! Do mais quem puder acessar as redes e
saber dos nossos próximos shows! Estamos por aí!
por:
Rafael A.
Confira
a participação da banda Canto Cego na Coletânea PATCH
Vol.4:
Assista o clipe da música "Parque das Imagens":
E saiba mais sobre a banda Canto Cego no link.
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