quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Entrevista :: Canto Cego



Essa galera surgiu no Complexo da Maré, na Zona Norte carioca. Apesar de terem um tempo relativamente curto de estrada, já deram as caras em diversos festivais em todos os cantos do Rio de Janeiro! Ganharam destaque e conquistaram, entre outros prêmios, um final de semana nada mais nada menos que no super estúdio Toca do Bandido. Recentemente, foram selecionados para o quarto volume de nossa Coletânea Virtual PATCH Vol.4. Como se não bastasse, o ano de 2012 ainda reservava surpresas pra essa banda. Foram anunciados como uma das atrações da edição desse ano do Festival Araribóia Rock! Como tudo isso se deu em tão pouco tempo? É claro que tudo no meio independente é fruto de muito trabalho e dedicação, mas queremos saber como as coisas aconteceram, certo? Sendo assim, vamos ao papo que o FMZ bateu com a banda Canto Cego! Se liga:

FMZ_ONLINE: Pra começar, gostaria que você contassem um pouco da história da banda pra galera que ainda não conhece.

Canto Cego: O Diogo (ex guitarrista), Hugo (ex baterista) e o Magrão já tinham tido banda, mas estavam atrás de vocalista. A Roberta (vocal) também estava procurando banda e ficou sabendo através de uma amiga que trabalhava na Maré. Aí começou tudo! Os ensaios eram na casa do Diogo, a gente ficou um ano com essa formação, mas depois o Hugo precisou sair e o Diogo precisava dar prioridade ao Algoz e outros projetos. Nesse meio tempo, o Jorge (baterista) entrou no projeto com toda sua empolgação contagiante. E o Rodrigo (guitarrista) aceitou vir com a gente, mais ou menos um mês depois de termos tocado no Rock no BF com a 7quedas - banda que ele toca.
Desde então estamos trilhando nossos caminhos!! Estamos participando de festivais e eventos diversos, tocamos no Webfestvalda em agosto desse ano no Circo Voador. Recentemente ganhamos primeiro lugar no festival da Nova Música Brasileira, que teve a primeira etapa na Lona Cultural da Maré, e dia 19 de Novembro estaremos no Imperator abrindo o show do Detonautas! São dois anos de banda e estamos muito felizes com nossa pequena estrada.


FMZ_ONLINE: Com relação à sonoridade da banda: Quais são as influências musicais de vocês e como a banda trabalha essas referências na hora de compor melodias, arranjos, enfim?.

Canto Cego: As influências são bem variadas: Queens of The Stone Age, Radiohead, Skindred, Os Novos Bainos, Tulipa Ruiz, Incubus, Rage Against the Machine, The Dear Hunter, Opeth, Arnaldo Antunes, Lenine, Elis Regina, Janis Joplin, Concha Buika, ... A gente costuma criar junto, levamos pro ensaio ideias, e no próprio ensaio vamos delineando a partir do que cada um traz. A Roberta costuma se antenar mais com o que é rico em melodia e principalmente o que for fora do Rock. Concha Buika, por exemplo, é uma espanhola que tem influencias de música cigana e árabe, e chegamos a introduzir alguns detalhes desse tipo de som. Não tem nenhum mistério, todo artista é um grande baú de memórias. A ideia da banda, mais que tudo, é potencializar o som, tanto nos riffs, nas levadas, nas melodias, na dinâmica, como na poesia pra gerar novos sentidos, retomar questões perdidas. Tentar tirar o público do lugar.


FMZ_ONLINE: Tanto vocês, como a banda Algoz, são das proximidades do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. O Rock parece ter força por aí, certo? Como é o cenário independente na área de vocês? Há mais bandas interessantes surgindo por aí?

Canto Cego: Como falamos no início, a banda começou na Maré, hoje só o Jorge que é de lá. O nome da banda tem a ver com lugar, a ideia da banda é trazer impressões vividas e experimentadas em um canto (lugar). Agora ensaiamos em estúdio, que é um ambiente mais impessoal ao nosso ver. A gente passou um tempo perdido por não pertencer tão mais a um lugar. Além disso estamos espalhados, a Roberta mora no Centro, o Magrão em Ramos, o Rodrigo em Piedade e o Jorge na Maré. Mas caiu a ficha que todo lugar é canto, cada um carrega em si seus cantos, e o que percebemos esse ano é que existem células em todos os cantos, inclusive nesse onde nascemos. São pontos específicos onde bandas estão surgindo e começando a fazer suas estradas. É muito bonito de ver, na Maré tem o Café Frio, D'Locks, Levante, o Algoz que estão na estrada há muito tempo e que tem um público fervoroso.


FMZ_ONLINE: A banda já participou de diversos festivais pelo Rio de Janeiro. Como vocês avaliam essas participações e quais os resultados, com relação a circulação do nome da banda e do trabalho de vocês, após tocar em eventos como o CEP 20.000 ou mesmo nas Lonas Culturais?

Canto Cego: O evento que mais alucinou a gente foi o Webfestvalda, no Circo Voador, um evento incrível e impecável em todos os sentidos. Foram bandas do país todo! Isso ampliou muito nossa visão, no sentido de que não é só o Rio de Janeiro que vive efervescências e sim o Brasil inteiro. Bandas que conhecemos de Recife, Paraná, Aracaju, São Paulo, Bahia, Minas, todas muito genuínas, todos vivendo os mesmo conflitos e tendo os mesmos impulsos pra seguir. Estarmos entendendo e criando essa rede é o mais rico de tudo, dá uma sensação de "não estamos sozinhos" ou de "se der algum problema temos com quem contar". Com esses novos parceiros com certeza o nome da banda está circulando mais, só falta a gente circular, mas como isso demanda investimentos maiores ainda não aconteceu. Mas é nosso sonho pegar estrada.


FMZ_ONLINE: Aproveitando o assunto: Eu sei que a pergunta está mais que batida, mas queria que vocês comentassem um pouco a respeito do cenário independente carioca. Como a banda vê a coisa de espaços e eventos pra se apresentar, canais de divulgação...?

Canto Cego: Olha, os canais estão aumentando! As pessoas estão percebendo que o cenário independente tem cada vez mais público, devido ao maior acesso a tecnologia, tanto no sentido de podermos gravar nossas músicas, como no sentido de que os artistas poderem disponibilizar seus conteúdos pra que qualquer pessoa do mundo veja. Isso é revolução! Mas ainda há muito o que fazer, a gente ainda presencia muito descaso, muita desvalorização dos músicos. Tem lugares e eventos que te colocam na situação "eu estou te dando a chance de tocar, por isso não reclama" e às vezes se dão o direito de cobrar até a água. Ou situações em que as bandas não se falam, se fecham em si, enquanto tudo poderia ser mais caloroso. Mas de modo geral, estamos otimista quanto ao reconhecimento que as bandas independentes estão ganhando, muito por conta da qualidade dos sons que estão surgindo por aí. No Rio ainda não há casas dedicadas ao independente que paguem e que tenham um público frequente, coisa que em São Paulo é mais comum. Mas acreditamos que o cenário está mudando, ou pelo menos, apontando futuras mudanças.


FMZ_ONLINE: Vocês foram selecionados para a edição deste ano do Festival Araribóia Rock. Quais as expectativas com relação a essa apresentação em dezembro?

Canto Cego: Sim!! É muito bom saber que volta e meia estão selecionando nosso material, só a seleção já é um prêmio. A gente tenta não criar expectativas pra não abalar o psicológico mas como isso é impossível, as expectativas são as maiores. Admirados boa parte das bandas que vão tocar com a gente e vamos trabalhar pra dar o nosso melhor!


FMZ_ONLINE: E quais os planos para o futuro? O que vem por aí?

Canto Cego: Estamos saltitantes nesse próximo mês que vamos abrir um show do Detonautas no Imperator, e vamos passar um fim de semana no estúdio Toca do Bandido, ambos prêmios do festival Nova Música Brasileira e sonhos que se realizarão. Parece que esse próximo mês entraremos mesmo em estúdio pra gravar o primeiro EP, batalha que estamos travando, mas que em algum momento vai acontecer! As expectativas são as melhores, a ideia é lançar o EP e continuar criando novas músicas e fazendo shows.


FMZ_ONLINE: Bom, é isso. Valeu pela atenção. Algum recado final?

Canto Cego: A gente quer agradecer, por nos selecionar para a coletânea. Essas iniciativas são ótimas e esperamos poder participar de outras. A gente sempre fala, que é preciso criar um público atento a novidades, as pessoas precisam querer ouvir o que está sendo feito de novo no nosso país. Só com público que o cenário independente vai poder ganhar corpo. Nosso recado é pra que as pessoas criem o hábito de ouvir bandas novas, artistas novos, a internet está aí pra isso! Do mais quem puder acessar as redes e saber dos nossos próximos shows! Estamos por aí!

por: Rafael A.


Confira a participação da banda Canto Cego na Coletânea PATCH Vol.4:

Assista o clipe da música "Parque das Imagens":

E saiba mais sobre a banda Canto Cego no link.

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