quarta-feira, 24 de abril de 2013

Entrevista :: Manifast



Banda nova é sempre bem vinda, né? De alguma forma, quando uma nova 'leva' de bandas surge é como se tivéssemos uma nova oportunidade de reconstruir nosso cenário. Ideias e sons novos, posturas e conceitos que ajudam a nós mesmos (já mais carrancudos) e todo o cenário a nos revermos, a entender o que acontece em volta de nós que estamos envolvidos com o meio underground já faz um tempinho.

E é exatamente nesse momento que, na opinião do aqui do FMZ, nosso cenário local se encontra: de se rever, se entender e olhar pra frente, sem deixar pra tráz o que já foi feito... Essa reflexão vem bem a calhar, já que o papo que vem a seguir fala exatamente disso: um novo nome no cenário, que traz consigo um passado recente que merece ser lembrado e considerado. Sem enrolar, vamos ao papo com Felipe e Lucas da banda Manifast (foto):

FMZ_ONLINE: Todos vocês vem de outros projetos, bandas até com certo tempo de estrada. Como surgiu a Manifast? Contem pra gente:

Felipe: Quem frequentou a "cena" Hardcore do Rio de Janeiro em geral, a aproximadamente 10 anos atrás, sabe o quanto era forte (tanto dentro de shows quanto fora) e o quanto enfraqueceu com o passar do tempo. Junto com a queda da "cena", eu (e acredito que muitos também) acabamos desanimando de continuar tocando... ou simplesmente crescemos e adquirimos outras necessidades. Eu já havia tocado no Estado Livre (antiga banda de Hardcore de verdade do RJ) nessa época, que foi uma escola muito boa pra mim, tanto musicalmente quanto com relação à minha postura. Toquei em outras bandas nesse meio tempo que a cena andou morta, mas precisava sentir algo verdadeiro de novo. Algo que não fosse só forjar chorar sangue e chorar no travesseiro, ou levantar a bandeira do engajadíssimo, ou pedir o livro de rimas do Latino emprestado e mandar bala. Aos 23 anos, descobri que não existe fórmula melhor para compôr a não ser sendo honesto, escrever algo de dentro pra fora. Então a 3 anos atrás, eu compus a minha primeira música desde 1987 (poxa vida hein) e precisava de um time pra pôr isso em execução. Convoquei os caboclos Léo Mesário e Victor Nedved (que já saíram da banda), fizemos uns ensaios e foi fluindo. Minha necessidade começava a ser preenchida. Passei (ou passamos) por maus bocados (eu sou o único integrante original da banda... dá pra imaginar né?), mas estamos aí. Creio que hoje estamos com a formação mais sólida desde o início da banda (não existe mais aquela desconfiança que a qualquer hora, um vai abandonar o barco). A máquina não para!

Lucas: Eu sempre fui muito fã de bandas de Hardcore melódico, mas sempre que era chamado para tocar em alguma banda não era aquilo que eu ouvia nas bandas que eu admirava (Belvedere, This is a Standoff, Sick of Change, Satanic Surfers, Dogwood ...), queria um som rápido, bem feito, e quando o Felipe me chamou e logo me mostrou um video do ensaio no Youtube eu fiquei fascinado e dei o meu melhor para entrar para o time. Hoje me sinto feliz e realizado de ser parte do Manifast.


FMZ_ONLINE: O cenário que a Manifast encontrou quando começou a fazer shows é muito diferente do que rolava quando a galera ainda estava em suas antigas bandas?

Felipe: A vibe foi bem diferente, apesar de ainda assim ter sido bem positiva. Difícil não curtir tocar num ladeirão com negozim descendo voado de long, todo mundo curtindo o evento numa boa, numa belíssima tarde de junho regada a sol, estilo Warped Tour, né?! Anos 90 TOTAL! Ainda vejo a cena atual muito distante do que presenciei antes, e acho bem difícil termos de novo tanta diversão quanto tínhamos nas tardes de domingo no Convés, mas creio que estamos no caminho certo pra coisa melhorar cada vez mais. O lado de cá da ponte anda mal das pernas, mas ainda existem pessoas que não deixam a coisa morrer. Posso citar como exemplo o Vinícius do Malvina com o Contraponto, o Bruno e galera do Join the Dance sempre dando moral com os ótimos Chaos Fest/ Entre Amigos, Drummond e Dissonância, banda SIC, galera que mete a mão na massa sem medo. Respeito total!


FMZ_ONLINE: Já deu pra ter uma ideia quanto à repercussão do primeiro CD da banda? Como a galera recebeu o trabalho?

Felipe: Mesmo tendo repercutido pouco, creio que a galera aceitou legal. Não conseguimos tanta repercussão estado ou país afora, creio eu que pela falta de tempo da galera mesmo chamar na divulgação, mas o pouco que repercutiu, a galera curtiu. Profile da banda vira e mexe tem um nego da Bahia, ou de SP, ou de qualquer parte aí do país, também andei desbravando a América do Sul a um tempo atrás, então vira e mexe tem uns vizinhos da gente adicionando também. O ilustre Leandro Massai (salve salve banda Lumiére) nos achou por intermédio de um blog de downloads de Hardcore, também encontrei nosso EP disponível pra download nuns blogs aí muito doidos da Suécia, Finlândia, Argentina... Legal ver gente que você nunca viu na vida curtindo sua banda, cantando suas músicas. O Lucas encontrou uns adesivos nossos colados nuns ônibus, o que também é bem legal, me dando a suja ideia de sair colando em tudo quanto é canto também. Será que vandalismo prende no Brazil? Mas o máximo que presenciamos é isso rs. Mas o propósito da banda vem sendo cada vez mais firmado. Seja nos ensaios, shows, jogando um game ou comendo um podrão na esquina. Estamos sempre ligados ao que realmente nos move, que é a diversão e amizade.


FMZ_ONLINE: Vocês tem feito shows ao lado de bandas como SIC (que já é mais adas antigas), tem a Join the Dance, enfim. Tem novos nomes aparecendo no cenário local. Dá pra dizer que estamos num período de renovação? O momento é bom?

Felipe: Sem dúvidas. Como disse ali em cima, galera mete a mão na massa, bota o som na pista, comparece a eventos, divulga seu som, seu adesivo, camisa, toma uma cerva junto, um zoa a cara do outro, ou seja lá o que for. Se doa pra coisa acontecer, de coração. Mais verdadeiro, impossível. Contribui tanto em cima quanto em baixo do palco. Nota 10.

Lucas: Dividir o palco com essas bandas é extremamente gratificante, do SIC, Boka e Black são amigos das antigas do roleh de skate e no Join The Dance tem o Bruno, onde tocamos juntos no Frente Imperial e passamos bons momentos juntos e a amizade se estendeu para fora da banda, mas somos amigos pessoais até hoje. É muito bom estar junto nos corres com essas pessoas, vale muito a pena!


FMZ_ONLINE: Já há planos para uma nova gravação? Um lançamento em formato físico talvez?

Felipe: Devemos em breve lançar o "Velozcidade EP" em formato físico, levar nos shows, e nego paga o que achar justo pra levar o trabalho pra casa. Terminamos essa semana a gravação do nosso novo single, chamado "Desate o Nó”, gravado no ótimo Mendhl Estúdio (valeu Isaac!), que será lançado junto com o clipe que vamos começar a gravar em breve, e só depois liberado pra download. Talvez emendaremos esse som com mais um EPzinho, pra no ano que vem gravar um discão.

Lucas: Essa gravação tem sido uma consolidação do que esperamos de nós mesmos, vale ressaltar que é a nossa primeira gravação com o Bené na batera, sem exagero da minha parte, mas é um sonho realizado tocar com o Bené, A primeira vez que vi esse cara tocando num show em Niterói com sua banda eu pensei: "Esse é o cara que eu queria na minha banda de HC!!". O Sonho se realizou!!!


FMZ_ONLINE: E o que de bom tem aparecido no HC nacional recentemente na opinião de vocês? O que a Manifast tem escutado?

Felipe: Quem me conhece legal sabe que sou meio nariz torcido pra bastante coisa que rola na atualidade, inclusive às vezes minha honestidade até me prejudica. Mas a nível nacional, minha opinião destaca positivamente as bandas Elísio, Chacal e Lo-Fi de S.J.Campos, Bullet Bane, Running Like Lions, Blackjaw, Under Bad Eyes, Macacos Me Mordam, Dissonância, Malvina, junta algumas antigas ainda em atividade, e mais algumas outras recentes que agora não lembro... São bandas que enfio o discão no player e ouço feliz! Mas to num período bem tranquilão na minha vida, tenho escutado Michael Bublé, John Mayer, Donavon Frankenreiter, The Police, e os trabalhos solos do Chuck Ragan e Nikola Sarcevic. Virjões não sabem de que bandas eles são :P

Lucas: Eu ouço muitas bandas de diversos estilos, no Brasil tenho curtido muitas bandas de HC, tais como Running Like Lions, BlackJaw, Malvina, Dissonancia, são banda que eu conheci recentemente e que ganharam meu coração e meu playlist. Estou numa fase onde tenho ouvido bandas como: Richie Kotzen, Choke, The Fall of Troy, Frank Zappa, Kreator e Periphery são bandas que tenho engolido ultimamente.


FMZ_ONLINE: Bom, é isso. Muito obrigado pelo papo e até o Rock na Garagem dia 27! Alguma mensagem final?

Felipe: Não vamos deixar o underground em geral morrer em São Gonçalo. Vamos valorizar os únicos picos que a cidade atualmente tem (M. Pub e Skt colaborativo) e ajudar as bandas amigas de qualquer forma das mil disponíveis, do jeito que achar justo. Saúde!

Lucas: Gostaria desde já, agradecer vocês pela entrevista, agradecer a todos pelo convite, ao Bruno & JTD pela força nos corres em nossa cidade, ao Ayrton & Ajuntamento das Tribos pelo espaço aberto para as bandas mostrarem os seus trabalhos, a todos que apoiam a cena, aparecem nos shows para curtir as bandas, Ao Alex e DDG, Lucas X-T. "Que a Força esteja com vocês!!!"
por: Rafael A.


Mais sobre a banda no link.

Um comentário:

GuiBorges disse...

..."e os trabalhos solos do Chuck Ragan e Nikola Sarcevic. Virjões não sabem de que bandas eles são :P" HAHAHAHAHAHAHA

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