Banda
nova é sempre bem vinda, né? De alguma forma, quando uma nova
'leva' de bandas surge é como se tivéssemos uma nova oportunidade
de reconstruir nosso cenário. Ideias e sons novos, posturas e
conceitos que ajudam a nós mesmos (já mais carrancudos) e todo o
cenário a nos revermos, a entender o que acontece em volta de nós
que estamos envolvidos com o meio underground já faz um
tempinho.
E
é exatamente nesse momento que, na opinião do aqui do FMZ, nosso
cenário local se encontra: de se rever, se entender e olhar pra
frente, sem deixar pra tráz o que já foi feito... Essa reflexão
vem bem a calhar, já que o papo que vem a seguir fala exatamente
disso: um novo nome no cenário, que traz consigo um passado recente
que merece ser lembrado e considerado. Sem enrolar, vamos ao papo com
Felipe e Lucas da banda Manifast (foto):
FMZ_ONLINE:
Todos vocês vem de outros projetos, bandas até com certo tempo de
estrada. Como surgiu a Manifast? Contem pra gente:
Felipe:
Quem frequentou a "cena" Hardcore do Rio de Janeiro
em geral, a aproximadamente 10 anos atrás, sabe o quanto era forte
(tanto dentro de shows quanto fora) e o quanto enfraqueceu com o
passar do tempo. Junto com a queda da "cena", eu (e
acredito que muitos também) acabamos desanimando de continuar
tocando... ou simplesmente crescemos e adquirimos outras
necessidades. Eu já havia tocado no Estado Livre (antiga
banda de Hardcore de verdade do RJ) nessa época, que foi uma
escola muito boa pra mim, tanto musicalmente quanto com relação à
minha postura. Toquei em outras bandas nesse meio tempo que a cena
andou morta, mas precisava sentir algo verdadeiro de novo. Algo que
não fosse só forjar chorar sangue e chorar no travesseiro, ou
levantar a bandeira do engajadíssimo, ou pedir o livro de rimas do
Latino emprestado e mandar bala. Aos 23 anos, descobri que não
existe fórmula melhor para compôr a não ser sendo honesto,
escrever algo de dentro pra fora. Então a 3 anos atrás, eu compus a
minha primeira música desde 1987 (poxa vida hein) e precisava de um
time pra pôr isso em execução. Convoquei os caboclos Léo
Mesário e Victor Nedved (que já saíram da banda),
fizemos uns ensaios e foi fluindo. Minha necessidade começava a ser
preenchida. Passei (ou passamos) por maus bocados (eu sou o único
integrante original da banda... dá pra imaginar né?), mas estamos
aí. Creio que hoje estamos com a formação mais sólida desde o
início da banda (não existe mais aquela desconfiança que a
qualquer hora, um vai abandonar o barco). A máquina não para!
Lucas:
Eu sempre fui muito fã de bandas de Hardcore melódico, mas
sempre que era chamado para tocar em alguma banda não era aquilo que
eu ouvia nas bandas que eu admirava (Belvedere, This is a
Standoff, Sick of Change, Satanic Surfers, Dogwood
...), queria um som rápido, bem feito, e quando o Felipe me
chamou e logo me mostrou um video do ensaio no Youtube eu
fiquei fascinado e dei o meu melhor para entrar para o time. Hoje me
sinto feliz e realizado de ser parte do Manifast.
FMZ_ONLINE:
O cenário que a Manifast encontrou quando começou a fazer shows é
muito diferente do que rolava quando a galera ainda estava em suas
antigas bandas?
Felipe:
A vibe foi bem diferente, apesar de ainda assim ter sido bem
positiva. Difícil não curtir tocar num ladeirão com negozim
descendo voado de long, todo mundo curtindo o evento numa boa,
numa belíssima tarde de junho regada a sol, estilo Warped Tour,
né?! Anos 90 TOTAL! Ainda vejo a cena atual muito distante do que
presenciei antes, e acho bem difícil termos de novo tanta diversão
quanto tínhamos nas tardes de domingo no Convés, mas creio
que estamos no caminho certo pra coisa melhorar cada vez mais. O lado
de cá da ponte anda mal das pernas, mas ainda existem pessoas que
não deixam a coisa morrer. Posso citar como exemplo o Vinícius
do Malvina com o Contraponto, o Bruno e galera
do Join the Dance sempre dando moral com os ótimos Chaos
Fest/ Entre Amigos, Drummond e Dissonância,
banda SIC, galera que mete a mão na massa sem medo. Respeito
total!
FMZ_ONLINE:
Já deu pra ter uma ideia quanto à repercussão do primeiro CD
da banda? Como a galera recebeu o trabalho?
Felipe:
Mesmo tendo repercutido pouco, creio que a galera aceitou legal. Não
conseguimos tanta repercussão estado ou país afora, creio eu que
pela falta de tempo da galera mesmo chamar na divulgação, mas o
pouco que repercutiu, a galera curtiu. Profile da banda vira e
mexe tem um nego da Bahia, ou de SP, ou de qualquer parte aí do
país, também andei desbravando a América do Sul a um tempo atrás,
então vira e mexe tem uns vizinhos da gente adicionando também. O
ilustre Leandro Massai (salve salve banda Lumiére) nos
achou por intermédio de um blog de downloads de
Hardcore, também encontrei nosso EP disponível pra
download nuns blogs aí muito doidos da Suécia, Finlândia,
Argentina... Legal ver gente que você nunca viu na vida curtindo sua
banda, cantando suas músicas. O Lucas encontrou uns adesivos
nossos colados nuns ônibus, o que também é bem legal, me dando a
suja ideia de sair colando em tudo quanto é canto também. Será que
vandalismo prende no Brazil? Mas o máximo que presenciamos é
isso rs. Mas o propósito da banda vem sendo cada vez mais
firmado. Seja nos ensaios, shows, jogando um game ou comendo
um podrão na esquina. Estamos sempre ligados ao que realmente nos
move, que é a diversão e amizade.
FMZ_ONLINE:
Vocês tem feito shows ao lado de bandas como SIC (que já é mais
adas antigas), tem a Join the Dance, enfim. Tem novos nomes
aparecendo no cenário local. Dá pra dizer que estamos num período
de renovação? O momento é bom?
Felipe:
Sem dúvidas. Como disse ali em cima, galera mete a mão na
massa, bota o som na pista, comparece a eventos, divulga seu som, seu
adesivo, camisa, toma uma cerva junto, um zoa a cara do outro, ou
seja lá o que for. Se doa pra coisa acontecer, de coração. Mais
verdadeiro, impossível. Contribui tanto em cima quanto em baixo do
palco. Nota 10.
Lucas:
Dividir o palco com essas bandas é extremamente gratificante, do
SIC, Boka e Black são amigos das antigas do
roleh de skate e no Join The Dance tem o Bruno,
onde tocamos juntos no Frente Imperial e passamos bons
momentos juntos e a amizade se estendeu para fora da banda, mas somos
amigos pessoais até hoje. É muito bom estar junto nos corres com
essas pessoas, vale muito a pena!
FMZ_ONLINE:
Já há planos para uma nova gravação? Um lançamento em formato
físico talvez?
Felipe:
Devemos em breve lançar o "Velozcidade EP" em
formato físico, levar nos shows, e nego paga o que achar justo pra
levar o trabalho pra casa. Terminamos essa semana a gravação do
nosso novo single, chamado "Desate o Nó”, gravado no ótimo
Mendhl Estúdio (valeu Isaac!), que será lançado junto com
o clipe que vamos começar a gravar em breve, e só depois liberado
pra download. Talvez emendaremos esse som com mais um EPzinho,
pra no ano que vem gravar um discão.
Lucas:
Essa gravação tem sido uma consolidação do que esperamos de
nós mesmos, vale ressaltar que é a nossa primeira gravação com o
Bené na batera, sem exagero da minha parte, mas é um sonho
realizado tocar com o Bené, A primeira vez que vi esse cara
tocando num show em Niterói com sua banda eu pensei: "Esse é o
cara que eu queria na minha banda de HC!!". O Sonho se
realizou!!!
FMZ_ONLINE:
E o que de bom tem aparecido no HC nacional recentemente na opinião
de vocês? O que a Manifast tem escutado?
Felipe:
Quem me conhece legal sabe que sou meio nariz torcido pra
bastante coisa que rola na atualidade, inclusive às vezes minha
honestidade até me prejudica. Mas a nível nacional, minha opinião
destaca positivamente as bandas Elísio, Chacal e Lo-Fi
de S.J.Campos, Bullet Bane, Running Like Lions,
Blackjaw, Under Bad Eyes, Macacos Me Mordam,
Dissonância, Malvina, junta algumas antigas ainda em
atividade, e mais algumas outras recentes que agora não lembro...
São bandas que enfio o discão no player e ouço feliz! Mas
to num período bem tranquilão na minha vida, tenho escutado Michael
Bublé, John Mayer, Donavon Frankenreiter, The
Police, e os trabalhos solos do Chuck Ragan e Nikola
Sarcevic. Virjões não sabem de que bandas eles são
:P
Lucas:
Eu ouço muitas bandas de diversos estilos, no Brasil tenho curtido
muitas bandas de HC, tais como Running Like Lions,
BlackJaw, Malvina, Dissonancia, são banda que
eu conheci recentemente e que ganharam meu coração e meu playlist.
Estou numa fase onde tenho ouvido bandas como: Richie Kotzen,
Choke, The Fall of Troy, Frank Zappa, Kreator
e Periphery são bandas que tenho engolido ultimamente.
FMZ_ONLINE:
Bom, é isso. Muito obrigado pelo papo e até o Rock na Garagem dia
27! Alguma mensagem final?
Felipe:
Não vamos deixar o underground em geral morrer em São
Gonçalo. Vamos valorizar os únicos picos que a cidade atualmente
tem (M. Pub e Skt colaborativo) e ajudar
as bandas amigas de qualquer forma das mil disponíveis, do jeito que
achar justo. Saúde!
Lucas:
Gostaria desde já, agradecer vocês pela entrevista, agradecer a
todos pelo convite, ao Bruno & JTD pela força nos corres
em nossa cidade, ao Ayrton & Ajuntamento das Tribos pelo
espaço aberto para as bandas mostrarem os seus trabalhos, a todos
que apoiam a cena, aparecem nos shows para curtir as bandas, Ao Alex
e DDG, Lucas X-T. "Que a Força esteja com
vocês!!!"
por:
Rafael A.
Mais
sobre a banda no link.
Um comentário:
..."e os trabalhos solos do Chuck Ragan e Nikola Sarcevic. Virjões não sabem de que bandas eles são :P" HAHAHAHAHAHAHA
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