Entrevista :: Obscene Capital

Este é com certeza um dos nomes mais bacanas da nova safra de bandas de Hardcore do Rio de Janeiro! Um quarteto que não foge às boas tradições do HC. Ecos de nomes como Minor Threat, Black Flags e outros clássicos do estilo aparecem em tudo quanto é canto da sonoridade desses cariocas que já tem um belo primeiro trabalho circulando por aí, o CD Mundo Desumano (confira a resenha aqui no FMZ)! Aliás, em bem pouco tempo, já fizeram e contribuíram mais com o cenário carioca que muita gente com anos e anos de estrada! Fora seu primeiro CD, os caras já acumulam shows fora do Estado e contribuições com eventos e projetos como a Liga HC no currículo!

Domingo agora, a Obscene Capital comemora quatro anos de estrada com show na Lapa! Fomos trocar um ideia com os caras e, de quebra, já apresentar a banda pra quem não conhece e preparar a galera pra festa que rola no final de semana! Confiram o papo com a Obscene Capital:

FMZ_ONLINE: Começando do inicio! Contem pra nós como começou a banda. A galera já se conhecia? Já haviam tocado juntos antes, enfim?

Leandro: Eu trabalhava junto com o Filipe (ex baterista) e também já conhecia o Thiago (ex guitarrista). A ideia inicial, simplesmente era, tocar Dead Kennedys (rs). Mas a coisa não ficou só por aí, foi neste momento então que, precisávamos achar um baixista. Eu ainda usava o Orkut, e foi através dele com um anúncio p/ banda de Hardcore que eu achei o Davi (baixista), em pouco menos de uma semana.

Davi: A banda começou com uma ideia do Leandro, que queria levar um som e começou a procurar as pessoas pra tocar. Ele já conhecia o Filipe (batera) e o Thiago (guitarra) e colocou um anúncio no finado Orkut procurando baixista. Na época, eu estava parado e na pilha de voltar a tocar, mas não tocava baixo fazia muito tempo. Nem baixo eu tinha. Mas resolvi ir assim mesmo pra ver o que ia acontecer. E assim rolou o primeiro ensaio da banda, no dia 04/04/2009, um sábado, num estúdio da Praça da Bandeira, zona norte do Rio. Depois de um tempo, o Thiago saiu e nos estabelecemos como um trio, onde eu fiquei no vocal durante um bom tempo, até maio de 2011, quando entrou o Marcelo. E em abril de 2012 o Ed entrou no lugar do Filipe, sendo esta nossa formação atual.

FMZ_ONLINE: Falem um pouco sobre o Mundo Desumano, o primeiro trabalho lançado pela banda! Já deu tempo de colher os frutos? Como tem sido a resposta do público com relação a esse primeiro CD?

Davi: O CD Mundo Desumano foi complicado de sair, mais por culpa nossa mesmo. A bateria foi gravada, ainda pelo Filipe e ficou arquivada durante um bom tempo. Só depois de uns 6 meses que resolvemos gravar o resto. O disco mostra as músicas compostas durante os dois primeiros anos da banda, além de um cover da minha antiga banda (Desgoverno). Como a ideia é divulgar o som e o conteúdo das letras, além da mídia física as músicas foram disponibilizadas para download, junto com a capa e o encarte. Podemos notar que as pessoas tem curtido o som, inclusive reconhecendo as músicas nos shows.

Leandro: Acho que o Mundo Desumano foi um disco que demorou bastante pra sair. Acho que por falta de organização nossa, pois gravamos e mixamos em lugares diferentes e com pessoas diferentes. Mas gostei bastante do resultado. Em relação ao retorno dos ouvintes, pra mim há um retorno positivo, pois citam as minhas bandas favoritas como referência de som. E há também elogios quanto à qualidade de gravação do disco.

Marcelo: Ano passado, um amigo meu, o Stenio, veio conversar comigo elogiando a qualidade de gravação do CD, além de ter curtido o som, e nos convidou para tocar no aniversário de sua banda, o Lacrau, que foi em Maricá, num evento de 3 dias, onde tocamos no segundo dia. Quando fomos agora em março, tocar em São Caetano (ABC paulista), o pessoal da banda Dementadores, que abriu o evento, veio conversar com a gente, falando que estavam curiosos para nos ver ao vivo, pois já tinham ouvido o som na internet, então acho que foi legal pra divulgar a banda, já nos rendeu um convite para show, e outra banda curtindo nosso som também, por isso optamos pelas duas maneiras de divulgar o CD: de graça, na internet, para aqueles que preferirem assim, o CD, com encarte, letras, etc, vendido a dez reais cada, para aqueles que colecionam (assim como eu hehehe)

FMZ_ONLINE: A banda tem saído pra tocar fora do Estado, e isso é muito importante. Como tem sido os shows e a receptividade da galera de fora do RJ?

Davi: Na verdade a banda tocou duas vezes apenas fora do estado, uma em Vila Velha (ES), junto com a galera do Fokismo e a outra em São Paulo, em duas datas (Capital e São Caetano do Sul), a convite do pessoal do Negative Control. Achei as duas experiências bastante interessantes, do ponto de vista de conhecer outras cenas e fazer uma interação maior com outras bandas e pessoas. Da nossa parte os shows foram ótimos e a receptividade me pareceu positiva, com as pessoas elogiando a energia e o som da banda ao vivo. Esperamos ter mais oportunidades de levar nosso som para outros estados.

Leandro: A receptividade foi bem positiva nestas duas vezes que tocamos fora do RJ. E através desta, podemos perceber o quanto o link de download que disponibilizamos pela página da banda ajudou e muito na divulgação do nosso som.

Marcelo: Até o momento, foram duas oportunidades de tocar fora do RJ: uma em maio do ano passado, junto com o Fokismo em vila velha (ES) e esse ano em São Paulo, em duas datas, uma na capital, outra no ABC. tanto no ES quanto em SP sentimos uma boa receptividade do público, mas especialmente na capital paulista, além de trocarmos ideia com as bandas, o público também quis vir conversar com a gente, e achei isso bem legal, pois quando tocamos em Vila Velha só conversamos com as bandas. E o interessante é que eles não queriam saber somente da banda, ficavam curiosos para saber como andava a cena do rio, pediam comparações com a de SP, foi bem legal, eu particularmente gosto disso no underground.

FMZ_ONLINE: E com relação ao cenário carioca. O que estão achando? A Obscene Capital é bem ativa no que diz respeito a colaborar com organização de alguns shows, como coisas da galera da Liga HC, enfim. Como estão vendo a cana carioca atualmente?

Davi: Acho que o cenário deu uma levantada ultimamente. Tem eventos praticamente em todos os finais de semana com várias bandas tocando e em diversos locais. Procuramos colaborar no que podemos com os eventos, na organização e agendamento de datas, convidando bandas pra tocar etc. A ideia é que existam sempre mais eventos e que consigamos promover as bandas do Rio e trazer bandas de fora.

Leandro: Tivemos dificuldades para conseguir os primeiros shows, tanto que, no primeiro tivemos que vender ingresso (pois é). Mas foi nossa primeira e última vez a fazer isso. Agora a galera tá colocando mais a cara pra organizar eventos, e acho que tem lugares novos também.

Marcelo: Colaboramos muito com a Liga HC porque entendemos que é uma boa oportunidade de mostrar bandas novas, que estão começando agora. O Obscene está completando 4 anos, e ficou um período sem tocar não por falta de vontade nossa, mas sim porque os convites não apareciam. Então resolvi conversar com o Rodrigo Chuva, do Arrested for Possession, que tá fortemente envolvido nesses eventos, para organizarmos um, nosso, pelas próprias bandas. a Liga já tinha começado antes disso, mas aí que começamos a fazer parte mais ativamente, sendo indo aos locais de show para agendar datas, ajudando no transporte de equipamentos, etc. Já existem outras pessoas interessadas em produzir eventos grandes, com bandas mais conhecidas e até estrangeiras, vamos então chamar as bandas dos amigos, do cara que conhecemos andando de skate, do interior do estado, etc.

FMZ_ONLINE: Voltando a falar de som: Quis novos nomes do cenário carioca e nacional vocês indicam pra galera que quiser conhecer a nova cara do Hardcore?

Davi: Tem várias bandas maneiras no cenário. Novas e antigas, com Hardcore de várias vertentes para todos os tipos de gostos. Em comum é que todas estão na correria pra fazer shows e organizar eventos e isso é muito bom para a cena. Vou citar apenas a banda de Hardcore do Rio de Janeiro que eu mais curto, que é o Arrested for Possession. Ótimos músicos e ótimos sons.

FMZ_ONLINE: Eu queria que vocês fizessem um balanço desses quatro anos de existência da Obscene Capital. Toda a correria tem valido a pena?

Davi: A banda era um pouco preguiçosa no início. Sempre fazíamos ensaios, mas tínhamos dificuldade de arrumar eventos pra tocar. Acho que começamos a correr mais atrás depois da entrada do Marcelo, que deu um gás novo pra banda. Sem dúvida estamos na nossa melhor fase, com a banda bem entrosada e com uma resposta positiva das pessoas que assistem aos shows. Respondendo objetivamente a pergunta: sim...toda a correria tem valido a pena.

FMZ_ONLINE: E quais os planos para o futuro? Ainda é cedo para pensar num próximo CD, por exemplo?

Davi: Os planos são de continuar tocando, se possível em lugares onde nunca estivemos, divulgando nosso som e passando a nossa mensagem para a maior quantidade de pessoas possíveis. Não almejamos a sucesso na mídia nem ganhos com o Hardcore. O underground é o nosso lugar. E um CD novo é uma meta sim para esse ano ainda. O problema (ou não) é que estamos sempre fazendo show e não estamos parando pra fazer os sons novos. Temos dois que já tocamos nos shows e mais um monte de bases e letras prontas, mas que ainda não finalizamos por falta de tempo mesmo. Mas acredito que até o final do ano vai sair.

Leandro: Olha, é complicado. Eu já havia conversado com o Marcelo sobre isto... Falei pra ele: "Ih, cara, até junho/julho já estaremos com todas as músicas prontas do próximo CD". Resumindo, teremos que correr agora pra passar e criar novas músicas pra até o final deste ano estarmos dando início a gravação do novo disco, rs.

Marcelo: CD novo é justamente nossa meta! Em uma das perguntas anteriores, comentei que ficamos um tempo sem tocar, só ensaiando, por falta de convites... agora acontece a situação inversa , queremos fazer alguns ensaios para trabalhar novas músicas, mas o curto espaço entre os shows não deixa! Nós dificilmente vamos recusar um convite, adoramos tocar, mas estamos sim planejando alguns ensaios sem previsão de shows, para trabalhar algumas músicas novas. Por enquanto, temos duas prontas, que já tocamos ao vivo há algum tempo, que são "Alienação Musical" e "Fantasmas".

FMZ_ONLINE: Chegamos ao fim, muito obrigado pelo papo e nos vemos domingo na Sinuca Tico e Taco!

por: Rafael A.

Conheça a banda no link.

fotos: Rafael A. / Latitude Zero Prod.