quarta-feira, 24 de julho de 2013

Entrevista :: Inércia (Box Alternativo)



Tocar em lugares distantes, com equipamento precário, passar noites em claro, sem saber se onde você e sua banda vão tocar, terá uma quantidade de público regular. Qual banda não passou por essas e outras ditas 'furadas', durante o percalço de sua existência? Agora imagine uma banda que próximo a completar 16 anos de existência, ainda tenha fôlego para subir num palco e mostrar a que veio? O Inércia (foto) é uma dessas poucas bandas, que continua na batalha, mostrando seu Punk/HC. Formada por João Luiz (vocal), Rafael A. (guitarra), Fabiano Camelo (baixo) e Felipe Ninja (bateria) - este último, o mais novo integrante - estão divulgando desde o ano passado a coletânea Manifesto, que reúne as 2 demos da banda. O Box Alternativo foi conversar com a galera da banda, e foi saber das novidades, dentre elas um novo CD mais trabalhado.


FMZ_ONLINE: Como você define nesses 15 anos o Inércia, na cena Hardcore nacional?

João Luiz: Quando o Inércia foi montado em 1997 e surgiu fazendo shows em 1999, eu João, ainda estava muito focado no HC/Punk da década de 80, e no final dos anos 90, não surgiu tanta banda que me empolgasse, muitas deixaram de lado as letras de protesto e consciência, para só manter o som agressivo. salvo as banda SP, que ainda mantinham essa linha, no geral não se importavam tanto, então nós do Inércia, queríamos resgatar isso, e inspirados em Cólera, Restos de Nada, Olho Seco e Inocentes começamos o que outras bandas de SG pararam, bandas como Perseguidor e Reforma Protestante, e fui me envolvendo mais, bandas foram surgindo e fomos conhecendo as bandas cariocas melhor, que eram solidárias nas letras de protesto, e bandas do Recife como Devotos do Ódio, hoje só Devotos, bandas de Norte à Sul do Brasil, estavam resgatando o Punk consciente, e isso empolga bastante, então apesar dos altos e baixos o HC sempre se manteve onde sempre esteve, no underground.

Rafael A.: Considero o Inércia um nome importante no cenário Punk Rock Fluminense. Entrei na banda fazem poucos anos. Então, tive a oportunidade de ver shows, entrevistar os caras pro fanzine e acompanhar boa parte da história da banda de fora, como expectador. É bacana uma banda com essa longevidade no cenário do Rio de Janeiro. Assim como outros nomes importantes: Protesto Suburbano, Repressão Social, Lacrau, Kaos Urbano, enfim. São bandas que, de alguma forma, acabam virando referência pelo tempo de estrada. Quanto cenário de uma forma geral? O RJ sempre teve um potencial incrível. Infelizmente, esse potencial nunca foi explorado como, na minha opinião, deveria (ou poderia). De qualquer forma, ainda vejo caminhos possíveis para a cena do RJ, sim. Tanto pela galera das antigas, como citei, quanto pela novas gerações. Apesar dos problemas, o cenário daqui conseguiu se renovar de alguma forma e gente nova apareceu. Logo, é como se tivéssemos mais uma chance de 'acertar os ponteiros'...

Fabiano: No período de 15 anos aconteceram muitas coisas positivas e produtivas para a cena Punk/HC. Boas bandas surgiram, bandas renomadas do exterior aportaram em terras brasileiras com mais frequência e o underground está mais "presente" na interatividade entre bandas de estados diferentes... o Hardcore não ficou em estado de Inércia..rsrsrs

Felipe Ninja: Em quinze anos muita coisa mudou; a forma de protestar mudou, a forma como conhecíamos as bandas e corríamos atras das novidades mudou. A internet aproximou e afastou as pessoas ao mesmo tempo e a nossa cena também sofreu suas mudanças. Apesar de hoje termos acesso mais fácil a bandas novas, eu venho notando que infelizmente, muita gente se acomodou e não sai mais para assistir os shows como ocorria antigamente.


FMZ_ONLINE: Fale um pouco sobre a trajetória do inércia?

João Luiz: No começo, eram Thiago (batera), Homem de Pedra (baixo), veio o Miguel na guitarra e o vocal ainda iria se firmar, pois eu entrei por último, mas fui quem acabou se adaptando melhor ao material que eles já tinham, músicas gravadas em violão e voz por Thiago, que fui escutando e adaptando ao meu estilo de vocal.

Então, começaram os primeiros ensaios, no 2º andar do prédio onde Thiago morava, sempre por volta das 15h, isso uma vez por semana, e dali com músicas já prontas, surgiam mais durante esses ensaios, onde conseguimos montar um repertório e antes mesmo de fazermos um show, resolvemos gravar as músicas, num CD e distribuir em K7, que se chamou Sem Futuro.

No dia 19/01/1999, acontece o primeiro show num salão ao lado do Colégio Castelo Branco em SG, antes da gente, lembro que se apresentou uma banda fazendo covers de Garotos Podres e outras bandas, empolgaram um pouco, e por volta de 21h a gente sobe ao palco, só com a fitinha demo no currículo, fizemos um show energizante, houve até uma galera gritando o nome da banda, cara esse dia marcou!

Em 2001 o Thiago sai da banda, a gente chama o Charles (Fogo Fátuo) para nos acompanhar, em alguns shows, depois vem uma boa fase com Bozo (Lombrigas Cabeludas) na batera, mas não conseguimos gravar nada novo até 2005, que na formação, eram Homem de Pedra, eu Zuzinha e Mini Kurt, gravamos o CD demo Sem preço para a Liberdade! e mais uma vez problemas surgem e essa formação se desfaz em 2009, fazendo alguns shows esporádicos, retornamos mesmo com força total em 2012, na formação certa, Rafael A. (guitarra), Fabiano (baixo), eu vocal e Rodrigo (Michael J. Fox) na batera, mas por força do trabalho este tem que sair, então um amigo da banda Kaos Urbano, o Charuto, vem quebrar o galho e fica por um tempo, mas devido a distância - o cara mora em Sepetiba - acabou saindo. E por grande sorte, pois penamos pra achar um batera, surge o Felipe Ninja quebrando tudo e melhorando em muito a performance da banda, já pretendemos gravar algo novo,

Rafael A.: Como disse, tive a oportunidade de conhecer a banda há muito tempo. Mesmo antes de fazer parte do Inércia já tinha a noção de que se tratava de um nome querido pelo pessoal do cenário do Rio. Nos últimos anos acabamos perdendo um pouco de tempo com troca de bateras, gente que passou pela banda mas que não estava em sintonia com o que queríamos fazer com o Inércia. Por outro lado, foi bom ter tempo não só pra galera dessa formação se conhecer, mas também para estruturar a coisa. Me refiro ao trabalho com redes sociais, ter uma página onde o pessoal possa encontrar tudo relacionado à banda, enfim. Apesar de ser um nome conhecido na cena Punk do RJ, ainda faltava organizar toda essa parte de 'bastidores'. E mesmo assim acho que fizemos coisas bem bacanas nessa fase mais recente: o show de aniversário do ano passado no Metallica Pub foi incrível, tocar com DZK, Protesto Suburbano e passar por lugares como a Casa da Colina em São Pedro D`Aldeia/RJ foi importante pra deixar claro que a banda estava viva!

Fabiano: Eu estou na banda há pouco mais de um ano, mas conheço a banda desde os primórdios e representou muito bem a vertente Punk Rock no cenário Fluminense, apesar de sentir falta do shows dos caras em um período da década passada.

Felipe Ninja: Acabei de chegar, mas sempre lembrava do Inércia como uma banda de Punk Rock da minha cidade, antes mesmo de eu sequer sonhar com a ideia de que eu um dia tocaria com eles. Conhecia de assistir show, de tocar nos mesmos eventos de vez em quando (alguma edição do Cai Torto? O mais provável) e hoje me vejo na banda.


FMZ_ONLINE: E o novo batera? Vocês já se conheciam?

João Luiz: Bom, eu já tinha visto o Felipe em alguns shows, mas eu não o conhecia direito, depois do primeiro ensaio, foi como já se conhecesse há muito tempo, confesso que as bandas em que ele tocou, eu não cheguei a ver nenhum show, mas o Rafael A. e o Fabiano já o conheciam, e com bom antecedentes o resultado saiu melhor do que o esperado. Agora, é mantermos fixo o ideal e seguir em frente fazendo o que a gente sabe fazer melhor.

Rafael A.: Sim, de longa data! O Felipe Ninja é das antigas. Lembro de dividir o palco com ele. Eu numa antiga banda e ele com a banda Sem Nome, se não me engano... Nos encontrávamos em shows lá pelos idos de 2000, 2002. Acabamos nos reencontrando em outro projeto e, acho que no mesmo dia, já estávamos falando sobre ele tocar no Inércia. Excelente baterista, deu um gás e tanto pra gente. Fizemos uma primeira apresentação com ele dia 25/05 no Rock na Garagem e o cara arrebentou! Todo mundo que viu teve a mesma sensação que nós: que havíamos encontrado o batera certo pra ficar na banda!

Fabiano: Eu estudei na mesma escola do Felipe Ninja, mas nessa época eu nem sabia tocar nada e também não sabia que ele tocava bateria. Descobri que ele tocava bateria quando vi a apresentação da banda de uns amigos, o extinto HidroCarboneto.

Felipe Ninja: Eu já conhecia o Fabiano por termos estudado mais ou menos na mesma época no Henrique Laje e também sempre esbarrava com ele nos shows e por causa dos amigos em comum: ele tocando no Michael J Fox e eu no HidroCarboneto na época. Fora as frequentes esbarradas em shows de Hardcore por aí... e o mesmo com o Rafael, que eu conhecia já de vista da época do Nauzia. João sempre foi a carta marcada do Inércia.


FMZ_ONLINE: Quantos CDs lançados? E coletâneas? Fale um pouco de cada um.

João Luiz: CDs oficiais são 2. Coletâneas, a primeira foi Expresso HC vol 2, junto com o pessoal do Protesto Suburbano, depois Punk RJ II, com várias bandas cariocas, este foi produzido pelo Ivan do Sub-Atitude. As coletâneas PATCH!, produzidas pelo Feira Moderna Zine e a mais recente foi a Old School produzido pelo pessoal do Velho Rabugento. Também estamos em alguns DVDs, que foram lançados na segunda fase da banda que são Noise Fest em Itaboraí e um produzido pelo Billy do Regime Obrigatório, chamado DVD Rio Punk.

Rafael A.: A primeira demo é a Sem Futuro, de 1998. Depois veio a Sem Preço Para a Liberdade, de 2005. E, finalmente, ano passado durante o show de quinze anos lançamos a coletânea Manifesto, que reúne as duas demos com a música “Ódio” que não havia sido lançada em lugar nenhum. Quanto a coletâneas, conforme o João colocou aí em cima, rolam algumas por aí. Me arrisco a dizer que devemos estar em mais lugares do que imaginamos, ainda mais com o advento das coletâneas virtuais, enfim... Mas acho que as mais importantes são a Punk RJ Vol.2, Expresso HC e a Old School, do selo Velho Rabugento Records.


FMZ_ONLINE: O Hardcore ainda faz as pessoas pensarem e avaliarem sobre a situação sócio política do país. Ainda é uma forma de protesto musical?

João Luiz: Acho que sim, pois sempre tenho visto rostos novos nos shows do Inércia, e de outras bandas que fazem outro tipo de HC, mas tem letras conscientes e para o meio underground, é sempre bom ver gente nova e enchendo os shows, cantando junto, isso empolga e você vê que os jovens pensam a mesma coisa, mas infelizmente somos só uma agulha cutucando a ferida do gigante, precisamos mesmo é de uma espada para atravessar o coração da corrupção neste país.

Rafael A.: Creio que vá além disso. É algo que muda não só sua relação com o Estado e a sociedade à sua volta, mas muda sua relação consigo mesmo. O que Orwell e Kafka fizeram comigo na minha adolescência não teria o peso que tem hoje pra mim se não fossem nomes como Bad Religion, Plebe Rude, Cólera, Dead Kennedys e outros. Através desses caras descobri uma forma de externar muito do que os caras que eu lia me faziam refletir a respeito. O Punk Rock, Hardcore ou seja lá o que for tem influência direta e fundamental no cidadão que me tornei. Sendo assim, se viraram minha vida e visão de mundo do avesso, tenho certeza que podem continuar fazendo isso com a garotada mais nova. Influenciar, mesmo que indiretamente, a sociedade e seus rumos é consequência do que obras como a desses caras que citei, e outros, são capazes de fazer na vida de cada um.

Fabiano: Antigamente isso era mais intenso, mas com certeza o Hardcore sempre será uma forma de protestar, expor as mazelas sociais e exclamar alguma ideia em prol de uma sociedade mais digna.

Felipe Ninja: Sim, o Hardcore ainda faz, assim como faz outras coisas também. Há muito tempo que o Hardcore deixou de ser apenas uma forma de protesto ou de avaliação da nossa situação politica e se tornou a forma como muita gente consegue se expressar, falar do que se passa dentro da própria cabeça e do coração... o Hardcore é um grito da alma, seja ele qual motivo for.


FMZ_ONLINE: E como você vê esse lance de uma banda poder divulgar seu trabalho em redes sociais, mp3, etc...? Até onde isso contribui ou não para uma banda?

João Luiz: Acho ótimo, pois temos que aproveitar a tecnologia para nos divulgarmos, senão seremos só locais, e com essa facilidade melhora pra bandas em geral.

Rafael A.: Acredito que essas novas ferramentas são, sim, muito importantes (hoje em dia, fundamentais). Obviamente, elas mudaram a relação do fã com a música e a arte em geral. A galera mais nova não vê, ou se relaciona, com o trabalho de uma banda independente, da mesma forma que nós, por exemplo, lá nos anos noventa. Talvez pelo fato de ser mais simples ter acesso aos materiais, ou porque as pessoas (e o mundo) realmente mudaram muito de lá pra cá.

Seja como for, creio que o impacto maior seja sentido a partir do momento e que uma banda opta por um caminho mais profissional, digamos. Não há mais como contar com venda de CDs, demos, ou seja lá o que for. Logo, outras formas de tornar o trabalho financeiramente viável tem de ser pensadas. Por outro lado, é claro que substituir a velha e demorada troca de correspondências, gravar k7s pra trocar com gente de outro canto do país e tudo o mais por um apertar de botão facilita e muito as coisas...

Estava pensando nisso por esses dias (com a idade a gente começa a pensar em muita coisa...rsrsrsrs): pra garotada mais nova parece ser um relação bem tranquila. Talvez nós, a galera mais cascuda é que tenhamos de pensar um jeito de transmitir o sentimento e o carinho que tínhamos pela música pra eles de uma outra forma. O adolescente hoje dificilmente vai ter a mesma relação que nós com uma demo, disco ou CD. Simplesmente porque ele não camuflou a grana em papel carbono na carta, não esperou semanas, desistiu, escreveu de novo (e de novo) pra, meses depois, receber uma demo ou fanzine em casa...rsrsrs E isso é bem fácil de perceber. Fica claro que ainda tem uma garotada tão tarada por música e cultura underground quanto nós. Só a forma de lidar com isso que é bem diferente. Cabe a nós, os mais 'coroas' pensarmos em mameiras de fazer com que alguns valores não se percam.

E que fique claro que não tenho a pretensão ensinar nada a ninguém. É apenas a visão de um sujeito, como tantos por aí, que acompanha e se envolve com o under há algum tempo.

Fabiano: Isso é muito benéfico para as bandas e a cena. A internet contribuiu muito para as bandas divulgarem seus trabalhos, contactarem bandas de locais distantes, divulgar eventos. Por isso, hoje é muito mais fácil montar uma banda, veicular zines, organizar shows e até mesmo gravar os trabalhos em casa do que há 15 anos atrás. Ainda assim a fitinha k7 e os zines enviados por cartas terão seu valor, pelo menos para mim.

Felipe Ninja: Isso pode ser produtivo e positivo pra banda desde que seja feito da forma certa. A música sendo lançada em redes sociais alcança um publico muito grande e quanto mais pessoas ouvirem o seu material, mais elas tendem a repassar a informação pra outras pessoas que curtam o estilo que a banda toca.


FMZ_ONLINE: Alguma apresentação da banda em especial?

João Luiz: Pra mim foi o último show com o Miguel, primeiro guitarra, no Cai Torto de 2004 em uma quadra de futebol na Alzira Vargas (São Gonçalo/RJ), estava lotado o batera foi o Charles de novo, o Bozo estava por lá e deu uma palhinha arrasadora em "Nos Deixem em Paz", esse show ficou marcado, também teve um festival em 2001 em Juiz de Fora/MG, logo depois da apresentação do DZK e outro em Ouro Preto/MG, que depois do show pessoas locais vieram me cumprimentar, então pra isso marcou.

Rafael A.: Eu acho que vou ter a mesma resposta pra essa pergunta durante um bom tempo. Mas o show de quinze anos, no Metallica Pub, foi sensacional. Conseguimos reunir vários camaradas tocando junto com a gente, mostra de fanzines, exibição de documentários, churrasco, ex integrantes participando do show e um público que não víamos no Metallica Pub já fazia um bom tempo! Lembro que só de bateristas, naquela noite, foram três!!! O Miguel, primeiro guitarrista da banda, que tantas vezes eu fui assistir, tocou com minha guitarra (grande honra!).. Amigos e galera cantando as músicas da banda e agitando! E mesmo com um ou outro contratempo: Foi incrível!

Fabiano: Desde que eu entrei na banda destaco o show na Comunidade S8, Som do Vale (valeu pela oportunidade, Ayrton!!) e um dos shows no Metallica Pub (se não me engano foi a não comemoração do aniversário do Rafael A...rsrsrs)


FMZ_ONLINE: Rafael, fora o Inércia você ainda trabalha com zine, selo, blog e produtora. Dá prá conciliar tudo isso?

Rafael A.: Cara, sem maiores problemas. Quando ouço coisas do tipo “... você tem que ter tempo pra você”, me assusto. Pra mim é muito óbvio e claro que quando estou envolvido com o meio underground, cuidando do FMZ, cobrindo shows, montando banquinha nos eventos, produzindo shows, tocando, escrevendo, enfim, esse é o tal tempo pra mim. É a forma como me afirmo enquanto indivíduo, cidadão, minha contribuição para a sociedade, meu grito de revolta, minha luta... Não consigo me imaginar sendo mais útil que envolvido com o cenário independente... Absolutamente para todos os projetos que você citou, há planos de melhorar, fazer mais. Nem sempre as coisas acontecem na velocidade que gostaríamos. Mas uma hora rola. O grande lance é não parar. Não rolou aqui, faz ali e por aí vai. De qualquer forma, considero a música e a arte de uma maneira geral a mais importante ferramenta para se promover mudanças (ao menos a única em que ainda acredito), logo, pra mim é um prazer poder estar envolvido com tudo isso. Não sinto como se fosse algo desgastante nem nada parecido. É exatamente a vida e a causa que escolhi, definitivamente.


FMZ_ONLINE: E como é o público da banda?

João Luiz: Entre Punks e Hardcores, quem curte som pesado, agressivo, quem é consciente sobre os temas em que abordamos, até o pessoal que curte som alternativo estão entre nossos amigos e admiradores da banda, então resumindo um público bem abrangente.

Rafael A.: Já eu não sei te responder...rsrsrs Tem a galera Punk sim, claro. Mas hoje em dia, mesmo o cenário Punk mudou bastante. Curto quando vejo galera mais nova se amarrando no show da gente! De qualquer forma, no que depender de mim tocamos pra absolutamente todo tipo de público. Me interessa fazer barulho, sentir essa troca que é tocar e ver a galera agitando, pogando, gritando junto contigo. Que tipo de pessoa que vai estar ali? Não faz diferença alguma pra mim. Se é Punk, Hardcore, Headbanger, cristão, ateu, gente 'normal'...rsrsrsrs

Fabiano: A galera das antigas sempre marca uma presença nos shows e no decorrer dos anos novas amizades surgiram e também nos prestigiam!


FMZ_ONLINE: Planos para o futuro do Inércia?

João Luiz: Ensaiar bastante com o novo batera, até estarmos prontos para gravar material novo e regravar coisas antigas, em que a gravação ficou deteriorada com o tempo. Então, sim poder lançar novo CD.

Rafael A.: Particularmente, estou com a cabeça no show de dezesseis anos da banda. Já concluímos que a data merece algo especial. O de quinze anos foi muito bacana, logo, vamos ter de nos esforçar pra fazer algo ainda melhor, né? Queria muito algo que envolva não só as bandas de amigos que tem dividido o palco conosco, mas as diversas manifestações artísticas comuns ao meio underground. Mostra de fanzines, enfim, temos até outubro pra fazer o melhor que conseguirmos. E tem a necessidade de gravar material novo, colocada pelo João. Já éramos pra ter feito isso faz tempo, mas as constantes trocas de baterista acabaram impedindo a coisa de acontecer. Agora, com o Felipe Ninja, a coisa tem tudo pra rolar sem maiores problemas. Estou bastante ansioso pra colocar tudo isso em prática!

Fabiano: Compor novas músicas, gravar algumas e tocar em lugares fora do eixo Niterói- São Gonçalo.

Felipe Ninja: Pretendemos gravar, temos toda a intenção de apresentar material novo e mostrar que acima de tudo, o Punk está vivo e muitíssimo bem obrigado e nós pretendemos manter dessa forma.


FMZ_ONLINE: São Gonçalo ainda tem muito a oferecer na cena musical?

João Luiz: Certamente! Enquanto houver espaço como o Metallica Pub, que em conversa com o Rafael chegamos à conclusão de que é o nosso CBGB. Temos estado lá todos os meses, então por nós mesmos, mantemos a cena de SG, trazendo bandas de vários lugares do estado e até de fora.

Rafael A.: Muito! A cidade sempre foi um autêntico celeiro de bandas undergrounds. Em meados dos anos noventa havia muita coisa acontecendo aqui. O começo dos anos 2000 também foi bom, mas com o passar do tempo a coisa desandou. Algumas coisas ainda aconteciam, ok. Mas, no meu entender, de forma equivocada, muito atabalhoada e sem planejamento num nível mais amplo. O cenário estagnou, a galera sumiu, shows vazios, enfim. Do ano passado pra cá nossa 'São Gonça Rock City' tem dado mostras de que pode (e vai) melhorar. Tem uma garotada boa, gente das antigas e gente nova fazendo barulho. Bandas saindo pra tocar em outros municípios, shows locais com uma frequência bacana. De alguma forma, acho que a galera daqui está voltando a entender que todos fazem parte do cenário. Do cara que cede o espaço pro show, ao cara que organiza, passando por quem simplesmente vai pra prestigiar, comprar um CD, uma camisa. Quem dedica tempo a escrever sobre o que rola, ou mesmo compartilhando fotos dos shows e flyers em redes sociais... Tudo e todos são fundamentais. Se qualquer um desses elementos que citei não existirem, a coisa não funciona. Bandas como a Join the Dance, Manifast, SIC, Ematoma, o pessoal de eventos como o festival Cai Torto que retomou atividades recentemente, Metallica Pub, enfim! Todos que dedicam um pouquinho que seja do seu tempo ao meio underground são importantíssimos nesse trabalho de reestruturação do cenário gonçalense que vem sendo feito. E, creio eu, vem muito mais por aí. Vamos trabalhar por isso!

Fabiano: Já esteve melhor, mas ainda tem uma galera que batalha com afinco e dedicação para sustentar a cena organizando shows e também pessoas que conseguem sustentar locais para a realização de shows!

Felipe Ninja: São Gonçalo e Niterói sempre tiveram muita coisa a oferecer na cena musical; daqui surgem muitas bandas boas, muita gente talentosa e brilhante já surgiu daqui e se tivéssemos que listar todo mundo, perderíamos um bom tempo fazendo isso, se estamos considerando a cena musical de uma forma geral.

...

João Luiz: Bom, é isso! Quero agradecer a oportunidade e mandar um abraço a todos os amigos e fãs do Inércia, estamos chegando aos 16 anos e sem toda essa gente que participou, tanto ativamente com a banda e como público, sem isso não teríamos disposição para continuar, portanto agradeço a cena Punk/underground em geral. Valeu!!!!

Rafael A.: Muito obrigado pelo espaço Carlos. Te esperamos de volta a São Gonçalo ou a qualquer show onde o Inércia for fazer um som pra tomarmos aquela nossa cerveja! Abração meu camarada!

por: Carlos A.

Conheça a banda no link.


Originalmente publicada em 03/06/2013 no blog Box Alternativo. Conheça o BA.


foto: Latitude Zero Prod.

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