segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Prog Rock Para Todos!!!



Mostra Internacional de Rock Progressivo
17/01 a 01/02/2014
Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB (Centro, Rio de Janeiro/RJ)
QUATERNA RÉQUIEM – CARL PALMER – TEMPUS FUGIT – DIALETO – VIOLETA DE OUTONO – CÁLIX – TERRENO BALDIO – PREMIATA FORNERIA MARCONI

Desde os tempos de Rio Art Rock, clássico evento promovido pelo selo niteroiense Rock Symphony (verdadeiro patrimônio do Prog Rock nacional), que o Rio de Janeiro não tinha um festival de Rock Progressivo. O público do estilo, que por aqui é enorme, ficou carente. Apesar de novos nomes surgirem e vez ou outra se apresentarem nos palcos da cidade (sim, tem coisas legais rolando por aí), faltava algo. Faltava um evento bem estruturado, com condições de reunir em terras cariocas grandes nomes nacionais e internacionais...

E, enfim, no final do ano passado, nós fãs de Prog Rock fomos pegos de surpresa com o anuncio de um festival reunindo verdadeiras lendas do estilo no Centro do Rio, com ingressos a R$10! Nem foi preciso divulgar muito. Em poucos dias a página do evento no Facebook já contava com um verdadeiro exército de fãs sedentos por ingressos! Afinal de contas, não é todo dia (não é mesmo!) que um time absurdo, como o montado para a Mostra Internacional de Rock Progressivo no CCBB, é escalado para um festival em pleno verão carioca! Pra falar a verdade, essa escalação poderia ser considerada um absurdo que qualquer capital brasileira ou país latino americano, venhamos e convenhamos!


Logo de cara, Carl Palmer lota a tenda na Praça dos Correios

Já na primeira semana da Mostra, passei pelo CCBB e dei de cara com o povo hipnotizado na frente do telão que exibia a apresentação do baterista Carl Palmer! O ex-Emerson, Lake & Palmer fazia show com casa lotada (ingressos esgotados no primeiro dia de vendas), na tenda montada ao lado do CCBB, na Praça dos Correios. Antes dele, o primeiro dia de festival havia apresentado o show da maravilhosa Quaterna Réquiem (esse eu perdi, infelizmente)! Vieram elogiadas apresentações dos cariocas da Tempus Fugit e dos paulistas da Dialeto (queria muito ver não só os músicos, com passagens por bandas como Zero, AkiraS e até Okotô... mas também Jorge Pescara e seu baixo touchstyle)!


E não havia como ser menos que espetacular

Veio o sábado, dia 25, e era dia de Violeta de Outono na Mostra Internacional de Rock Progressivo... Sem conferir show da banda paulista há alguns anos, este e outros fãs cariocas fizeram fila em frente à tenda do evento para assistir a uma apresentação incrível que, só pra se ter uma ideia, começou com o clássico “Dia Eterno”! Canções do mais recente trabalho, Espectro, hipnotizam com seus climas viajantes, longos trechos instrumentais e improvisos de um Violeta de Outono reformado, entrosado e contando com, o ex-Chave do Sol, Luiz Dinóia na bateria! Enquanto isso, líder do Violeta e um dos consultores da Mostra, Fábio Golfetti comanda a turma com a autoridade de quem é o frontman e único remanescente da formação original da banda!

Uma de minhas favoritas, a linda “Declínio de Maio” também aparece no set redondinho apresentado pela banda! No bis, as maiores influências da banda aparecem: Pink Floyd surge com “Arnold Lane”, ainda da fase Syd Barret, e “Tomorrow Never Knows” dos Beatles emocionam. E pra encerrar, a praticamente exigida pelo povo e maravilhosa, “Outono” fecha com chave de ouro uma noite que não quer sair da memória deste que vos escreve até agora!


Quem viu, viu...!

No dia seguinte ao Violeta de Outono, um elogiadíssimo Cálix fez seu show e deixou este fanzineiro se coçando de tanta vontade de estar na tenda da Praça dos Correios... Dia 31 de janeiro de 2014. Esta data já é parte da história do Rock carioca, definitivamente! Nesse dia, numa sexta-feira de muito calor, bares lotados, banquinhos, violões, sambas e cerveja a preços exorbitantes no Centro do Rio de Janeiro, uma lenda pisava pela primeira vez em solo carioca. Isso mesmo! Após quarenta anos de estrada (você não leu errado, quarenta anos!!!!), os paulistas da Terreno Baldio fizeram sua primeira apresentação no Rio de Janeiro!

Com seu clássico disco de 1976 relançado recentemente pelo citado Rock Symphony, o Terreno Baldio (foto) fez um show de arrepiar! Emocionante para quem estava na frente e em cima do palco! A nova (a música tem cerca de vinte anos...) “O Vôo Sempre Continua”, “Loucuras de Amor” e “Grite” são momentos de delírio da plateia, mas é em “Pássaro Azul” que a casa vem abaixo! Momento mais emocionante da noite que se repete no bis para, mais uma vez, emocionar a todos, inclusive os integrantes do Terreno Baldio! Já está na história...


Il gran finale!

Na história também está o que aconteceu no dia seguinte ao show do Terreno Baldio! A lendária banda italiana Premiata Forneria Marconi seria a atração do último dia da Mostra Internacional de Rock Progressivo do CCBB. Mas a história deste show começa alguns dias antes... No primeiro dia de vendas, ingressos esgotados em menos de uma hora! Isso mesmo que você leu. Este que vos escreve foi um dos últimos (mais precisamente, o antepenúltimo) a conseguir ingressos na enorme fila que se formou na porta do CCBB em pleno feriado de São Sebastião! Valia a pena pegar um solzinho 'de leve' e se garantir na plateia da apresentação mais aguardada do evento! Na internet, as vendas sequer foram abertas (ao menos este é o relato de quem bateu ponto na frente do computador no feriado...). Prometiam uma cota extra para o dia do show...

De fato, uma cota de oitenta ingressos foi posta à venda na manhã do dia 01/02. E foi devidamente esgotada em questão de minutos (algumas pessoas até conseguiram comprar na hora, uns por um preço justo, outros por valores absurdos na mão de cambistas – nunca imaginei cambistas agindo num festival de Prog Rock no Rio).... Poucas horas antes da apresentação, ainda com um belo de um sol castigando, uma fila de respeito já se formava em frente à tenda do festival, na Praça do Correios (a mesma fila atingiria proporções olímpicas minutos antes dos portões serem abertos, e se transformaria em total e completo caos na 'hora do vamo vê'). Enquanto isso, ambulantes faziam a festa e até caipirinha aparecia pra aliviar o calor do povo na fila!

Este que vos escreve, com guitarra e tudo (tinha uma apresentação marcada para o mesmo dia, de madrugada...), conseguiu um lugar que parecia bom (do tipo: “vai ser entrar e garantir um cantinho junto ao palco!”)... Que nada. O povo se amontoou na frente do palco e de lá ninguém arredava o pé... Um breve atraso e o calor só tornavam a espera mais desconfortável.... Dessa vez, o sinal sonoro que anunciava os 'cinco minutos' para o início do espetáculo não tocou. Anunciaram que a banda só entraria quando as câmeras na plateia fossem desligadas (nada a ver... quem quis filmar, filmou tudo numa boa)! Povo tenso. Afinal de contas, o PFM, até onde eu saiba só havia tocado uma vez no Rio de Janeiro, há coisa de seis ou sete anos...

Enfim, Premiata Forneria Marconi no palco! Povo em êxtase mesmo antes de soarem os primeiro acordes! Jogo ganho pra uma banda redondíssima, que toca na pressão, com um peso incrível sem precisar apelar pra distorções nem efeitos mirabolantes, tudo debaixo dos dedos e conduzido por 'um tal de' Franz Di Cioccio! O batera/vocal (ou vocal/batera), com bandeira do Brasil e tudo deu um show à parte: tocou batera, cantou, conversou com a galera e ainda filmou o show do palco com sua câmera! Do primeiro ao último acorde: Aula!

Uma aula que durou mais de duas horas! Rock Progressivo com todos os ingredientes que uma banda do gênero deve ter (muito por influência do próprio Premiata): Rock anos setenta, música erudita e, no caso do PFM, escancaradas influências da música tradicional de seu país! Desde o começo com “Rain Birth” e a linda “River of Life”, passando por “Harlequin” e chegando à versão da PFM para “Romeo & Giullieta”, tudo soa perfeito, encantador, empolgante e arrasador!

No bis quem manda é, novamente, o 'batera frontman' Franz! E, já no final da festa, “E Festa” transforma a Praça dos Correios sob a tenda do festival em... isso: festa! E só pra constar, como já foi dito aqui: haja peso! O som colaborou e quem estava colado no palco sentiu nos tímpanos o poder de fogo da Premiata Forneria Marconi. Autêntica lenda do Prog Rock que fechou com chave de ouro um mês de festival que não vai sair tão cedo da memória dos fãs cariocas de Rock Progressivo!


Considerações finais?

Pois bem: O quê dizer de um evento com uma escalação dessas? E mais: A partir de agora, o que todo fã carioca de Progressivo já sabia, ficou claro pra quem duvidava: o Rio tem, sim, público para eventos do gênero. E não é pequeno! Quem tentou e não conseguiu ingressos pro PFM que o diga... Aliás, produção: Estão de parabéns, muito brigado pelo que me proporcionaram nessas semanas! Só um 'porém': onde se vende cerveja, se disponibiliza banheiros, senão é covardia com a rapaziada, né?

Aliás... Seria bacana por fim a um papinho idiota (e elitista) de alguns, que há muitos anos rola por aí: àquela idiotice de “Rock Progressivo não é pra qualquer um e blá blá blá...” Essa Mostra no CCBB provou o contrário! Fãs da Zona Sul, Zona Norte, Baixada Fluminense, Niterói (presente!), São Gonçalo e Região Metropolitana! Enfim, todos se juntaram sob a tenda montada na Praça dos Correios e, ali sim, tivemos um festival de Rock! Com gritos, suor, vibração, som nas alturas e tudo que um festival de Rock precisa ter pra ser inesquecível! … E tudo isso com preços acessíveis, pra quem quiser curtir, reverenciar e (por que não?) conhecer, descobrir... Resumindo: ao menos pra este que vos escreve, foi incrível!

Rafael A.


Mais fotos da Mostra Internacional de Rock Progressivo do CCBB em nossa página no Facebook.
fotos: Rafael A.   

2 comentários:

Unknown disse...

Só pra constar que a banda TEMPUS FUGIT é do Rio de janeiro- Jacarepaguá!!:^) E não de Minas Gerais... o que seria um privilégio certamente!!

Latitude Zero Prod. disse...

Devidamente corrigido! Obrigado!

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