sexta-feira, 25 de outubro de 2002

Força Macabra, Uzômi, Estigma, Ataque Periférico, Pâncreas / Kachanga - Botafogo - RJ

Não é sempre que uma banda finlandesa despenca para o Brasil, não é mesmo? E se a banda escrever suas músicas em português? Esse é o caso da banda Força Macabra que no mês de outubro realizou uma das maiores (se não a maior) turnês de bandas gringas por essas bandas. Foram oito estados visitados e cerca de doze shows. Na sexta-feira, dia 25, foi a vez do Rio de Janeiro.

Diante disso não havia muito que se pensar, não é mesmo? Partimos para o Kachanga afim, é claro, de conferir o show e tentar de todas as formas entrevistar os caras. Seis e meia da noite e lá estávamos nós, num Kachanga ainda vazio à espera dos finlandeses e nada (o show estava marcado para as nove da noite e até bem pouco antes do começo era difícil crer que daria a quantidade de gente que deu).

Eis que depois de muito esperar e jogar conversa fora, chega o Força Macabra. Uma troca de idéia com o Fábio (Usina de Sangue recs.), responsável pela turnê dos caras no Brasil e conseguimos nossa entrevista. Alguns contratempos, mas no fim, tudo certo. Uma saída rápida com o Fábio e o baixista da banda pra comprar algumas cervejas e ao voltarmos, pronto! O lugar já estava cheio e a primeira banda já estava no palco. Um bate papo rápido do lado de fora foi o suficiente para nos fazer perder o primeiro show. A banda Pâncreas abriu a noite. Infelizmente não deu pra conferir. Fica pra próxima. Ainda ia rolar muito som até o fim da noite.

Algum tempo depois foi a vez do Ataque Periférico subir ao palco. Som Crust/grind com direito a cover de New York Against Belzebull. Na galera a roda comia solta. No meio do povo misturavam-se moicanos e algumas camisetas de bandas de metal, tudo na santa paz, diga-se de passagem. A essa altura o Kachanga já se encontrava praticamente lotado.

A terceira banda da noite foi o Estigma. Banda carioca de HC crust, e tome roda! A galera realmente estava afim de suar. Aliás, lá dentro fazia um calor considerável. Ficamos imaginando como estariam os finlandeses do Força Macabra à essa altura... derretendo talvez?

Fim do show do Estigma, e enquanto a banda Uzômi não começava a pôr a casa abaixo resolvemos dar uma conferida no stand de CDs montado no local (não só CDs, pois tinham bons vinis por lá). Arriscamos nossa volta pra casa e usamos boa parte do pouco dinheiro que tínhamos para adquirir alguns itens (podem confiar, às vezes pechinchar dá certo).

Então, Heron & cia. tomam conta do palco. O show começa. O que era uma roda se transformou em algo próximo do que poderíamos chamar de caos. É claro que, a presença de palco enlouquecida do vocalista Heron não colabora pra manter as pessoas paradas. Pauladas como: Califórnia, Zumbification e 10% (do Ação Direta com direito a participação especial do vocalista Gepeto) fizeram a alegria da galera que não parecia se preocupar com o calor àquela altura do campeonato.

Termina o massacre provocado pelos caras do Uzômi. E em pouco tempo, a frente do palco já está tomada pela galera. Todos esperando ansiosos pela atração principal, é claro! E chega a hora de conferir o show do Força Macabra. É o seguinte: Trashcore ensandecido pra pogar até dizer chega! O batera Otto é fora do comum. Na verdade todos são muito bons no que fazem. Entre sons próprios e covers de Overdose, Dorsal Atlântica e clássicos do punk paulistano do fundo do baú, o que se via era uma roda mais tranqüila. Pra falar a verdade, acho que todos ali estavam mesmo é meio que paralisados. Talvez pelo fato de que ver quatro finlandeses (suando horrores) cantando em português não seja algo tão comum assim por essas bandas. Resumindo: um excelente show, como dificilmente veremos outra vez.

Ficou claro que as influências dos caras, hoje, vem muito mais do metal brasileiro da década de oitenta que de qualquer outro lugar. A veia punk rock continua presente, mas talvez não tão forte. Parece estranho, pois este ano os caras gravaram mais um tributo a bandas de punk rock brasileiras. Mas o que se viu ali foi trashcore veloz e muito bem executado.

Fim de show, entrevista feita, vinis e CDs nas mochilas e a volta pra casa. Sem esquecer de agradecer ao pessoal da Rock Press que deu uma força e ao incansável vocalista da banda Uzômi, Heron, o principal responsável por termos conseguido entrevistar os caras.

Aí Heron, ficamos te devendo essa. Pode cobrar! Três da madrugada e uma palavra para descrever tudo isso? Indescritível.

por Rafael A. e Rodolfo Caravana

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