quinta-feira, 27 de abril de 2017

Agenda :: Van Torres & Rafael Almeida no Palco Salvatori


Logo mais tem noite de Rock em versões acústicas no Centro de São Gonçalo! Van Torres & Rafael Almeida (foto) fazem mais uma noite de ensaio aberto com sons para os mais variados gostos! Vai rolar The Cure, Cramberries, Led Zeppelin, BRock 80 e muito mais! Não perca!

Serviço:

27 de abril :: quinta-feira :: 20:00h

Palco Salvatori

Ensaio aberto:
VAN TORRES & RAFAEL ALMEIDA

Local: Palco Salvatori
End.: Rua Salvatori, 15, loja 6, Centro, São Gonçalo/RJ
ENTRADA FRANCA / informações

foto: divulgação

terça-feira, 25 de abril de 2017

Resenha (atrasada) :: Asesinato em Masa

Asesinato em Masa
1992-2013 (CD / La Resistencia Distro.)

por: Rafael Almeida

Não novidade pra ninguém que acompanha o FMZ nossa afeição por música latina, certo? Pois então, eis que chega até nós essa compilação da banda argentina Asesinato em Masa, contendo materiais da banda lançados entre 1992 (capa ao lado) e 2013! E que banda boa!! Pauladas como “Ambicion”, “Parte de Tu Hipocresia”, “La Tierra” e “Es Tiempo de Seguir”, entre outras, mostram momentos dos mais inspirados na história da Asesinato em Masa!


Mais sobre o artista aqui (é provável que hajam “novidades”... confere lá!)


Resenha que seria publicada na edição #20 do FMZ impresso. Por que decidimos publicar somente agora? Entenda aqui.

E fique ligado em Resenhas pra mais novidades (ok, algumas nem tao novas assim...)!

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Artigo :: A Cultura que Vem da Baixada


por: Adriano Dias

A Baixada teve sua cultura formada com a composição de todas as pessoas que para esta região vieram, começando no período colonial, que trouxeram a mão de obra - e consequentemente a cultura – dos africanos. Chegando a leva migratória após o período agrícola, no século passado, com gente vinda do nordeste e outros estados da Região Sudeste. Todos estes trazendo suas histórias, hábitos e tradições nas bagagens e corações.

Assim a força das suas raízes, a luta incessante pela sua sobrevivência, os desafios do território, foram elementos determinantes para que aqui se formasse uma cultura de valor extraordinário, que encontrou nas suas puras manifestações os meios para externar seu pensamento, apesar de todos os obstáculos e percalços. Acredito que, na verdade, na região da Baixada se constitui um dos caldos culturais mais variados e expressivos do país.

Intimamente ligada à Metrópole do Rio, a região até hoje ainda sofre constantes preconceitos. Entretanto, pelas tradições que herdou dos seus antepassados e da religiosidade que marcou sua formação - associada à renovação dos movimentos legítimos da juventude - hoje a Baixada congrega uma forte identidade cultural, mesmo na imensidão das suas expressões.

Mesmo sendo constantemente estigmatizada pela violência, e tendo a sua visibilidade priorizada nas tragédias, acredito que a Baixada Fluminense ainda é a retaguarda estratégica para desconstruir a cultura de violência no estado do Rio de Janeiro. Ainda podemos entrar com a política cultural - entre outras importantes para a construção de uma segurança pública eficiente -, antes dos tanques de guerra e blindados das policias. Aliás, exatamente as “pacificações” dos territórios estão falidas por não terem na sequência da invasão bélica, o fortalecimento prioritário das também vastas expressões culturais das periferias sociais do Rio de Janeiro.

Por fim, é tornando o indivíduo capaz de encontrar o olhar do outro atento e reverente na sua criação artística que faculta o reconhecendo de seu mérito, de sua criatividade e iniciativa. Assim, teremos a visibilidade tão ansiada pelas pessoas, principalmente os mais jovens através da produção e do consumo de cultura que propicia esta troca. Então, a proposta é chegar ao fundo desta sociedade perdida no ócio que leva a busca da visibilidade pelo consumismo ou violência, com a oportunidade dos instrumentos para a criação e celebração cultural. Isto não é tão difícil e não custa tão caro, nem em dinheiro, nem em vidas.

Quem produz cultura na Baixada foi forjado na luta de quem enfrenta com altivez os desafios da sobrevivência do cotidiano. Aqui é a terra na qual a cultura é expressão legítima e permanentemente da convocação à vida.


Adriano Dias é fundador da ONG ComCausa - Cultura de Direitos, ex subsecretário municipal de Prevenção da Violência de Nova Iguaçu.

domingo, 23 de abril de 2017

Van Torres & Rafael Almeda :: Dupla com novidades no Youtube


por: Latitude Zero Prod.

Tem novidade no ar no canal do músico Rafael Almeda, no Youtube! Já estão disponíveis dois trechos da última apresentação da dupla formada por Rafael e Van Torres, em ensaio aberto, no Palco Salvatori, no Centro de São Gonçalo/RJ. Uma delas (abaixo) é a versão de Van Torres & Rafael Almeida (foto) para “In Between Days”, da banda The Cure! Confira e fique ligado aqui no FMZ e na página de Rafael Almeida no Facebook para saber mas sobre a dupla e ficar por dentro da agenda show dos dois!


foto: divulgação

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Sarau Solidões Coletivas :: Evento comemora cinco anos amanhã!!


por: Rafael A.

Galera do Sul Fluminense, tem festa rolando pra essas bandas! Amanhã é dia de celebrar os cinco anos de um dos eventos mais bacanas do Estado do Rio! O Sarau Solidões Coletivas, do amigo, poeta e parceiro Carlos Brunno ( foto - confira entrevista com o cara aqui), convida a todos para comparecer ao evento de cinco anos do projeto! Este que vos escreve teve o prazer de se apresentar no Sarau e...vale a pena, hein?! A festa, com direito a coquetel comunitário (cada um leva o que quiser/puder), rola a partir das 19:30h na Comuna da Quinta das Bicas (a saber: o quintal da casa do Gilson), que fica na Rua Edson Glesta, 50, casa 02, Biquinha, Valença/RJ (próximo ao Mercadinho Francisquinha). Mais sobre o evento no link.

foto: Fera Moderna Zine

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Agenda :: Van Torres & Rafael Almeida no Boemia Gonçalense


por: Latitude Zero Prod.

Logo mais tem Encontro Muscal, no Boemia Gonçalense! O espaço cultural e gastronômico abre suas portas pra mas uma edição do evento que, uma vez por mês, reúne músicos da cidade em apresentações gratuitas! Van Torres & Rafael Almeida (foto) se juntam ao anfitrião Leandro Ribeiro e diversos outros convidados pra uma noite eclética, que vai da MPB ao Rock!

Serviço:

19 de abril :: quarta-feira :: 20h

Encontro Musical

Shows:
VAN TORRES & RAFAEL ALMEIDA
LEANDRO RIBEIRO
+ convidados

Local: Boemia Gonçalense (Shopping Corcovado)
End.: Rua Carlos Gianelli, 211, Quiosque 01, Centro, São Gonçalo/RJ
ENTRADA FRANCA / Informações

foto: divulgação

terça-feira, 18 de abril de 2017

Resenha (atrasada) :: André Barroso & Banda

André Barroso & Banda
(CD / Astronauta Discos)

por: Rafael Almeida

Faz um tempo recebemos uma penca de materiais do selo niteroiense Astronauta Discos. Algumas resenhas saíram aqui, e na versão online do FMZ. E eis que, revirando os arquivos, descobrimos que dois álbuns acabaram ficando pra trás... Um deles é este André Barroso & Banda. Antes de qualquer coisa: belíssimo trabalho! Arranjos muitíssimos bem cuidados e produção acertadíssima fazem deste álbum um item altamente recomendado pra coleção de qualquer fã de Rock e música Pop. Pitadas generosas de Rock Clássico, solos de guitarra inspirados e canções com potencial pra figurar em qualquer rádio comercial! Mais uma bola dentro da Astronauta Discos (só pra variar...)! Recomendamos!

Mais sobre o artista aqui (é provável que hajam “novidades”... confere lá!)


Resenha que seria publicada na edição #20 do FMZ impresso. Por que decidimos publicar somente agora? Entenda aqui.

E fique ligado em Resenhas pra mais novidades (ok, algumas nem tão novas assim...)!

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Artigo :: O Direito de ter Direitos da Juventude da Baixada


por: Adriano Dias
As discriminações e preconceitos tristemente fazem parte do cotidiano da Baixada, uma campanha constante de estigmatizarão desta de nossa região. Nisso, se desenvolveu um processo de naturalização das violações diárias que foram assimiladas por uma grande parcela da população. Da violência simbólica na frase “tu mora mal”, até a aceitação da violência letal como uma cultura da Baixada Fluminense. Eventos jornalísticos, fatos referentes a qualquer tipo de violência se transformaram nos principais caminhos para rotular e estereotipar a Baixada Fluminense. Entretanto, destaco, que tudo isso não foi de uma hora para a outra, construídas através no decorrer da história, tem bases e moldes deterministas. Sendo as violências amplamente divulgadas e as virtudes das pessoas da Baixada, principalmente seus jovens moradores, em todas suas potencialidades, ficavam invisíveis.
Ao expor essa realidade construída e desenvolvida em pressupostos taxativos, não seria novidade dizer que até pouco tempo, os direitos da juventude da Baixada eram poucos discutidos e enaltecidos, tirando os casos em que esse tema se tornava peça chave para inúmeras propagandas assistencialistas.
Ter direitos e conhecimentos frente às instâncias sociais, econômicas, políticas e culturais é enfrentar os problemas e desafios e cobrar por políticas estruturantes. Em todos os meios de debates e ações temos sempre que lutar contra o processo de vitimização, ou seja, não alimentar a relação de subordinado e subordinador para que assim, que somente da alicerces depreciativos para os jovens da Baixada. Pelo contrário, propomos a criação de uma rede de seres críticos e pensantes dispostos a lutarem como detentores e promotores de seus direitos.

O movimento juvenil da Baixada juntamente com pensadores, pessoas reflexivas e atuantes na militância que tem como lema a luta por uma juventude de direitos, vem caminhando mesmo que ainda em pequenos passos para um processo de conscientização social diante de um tema tão profundo e essencial que é termos uma cultura de direitos humanos em nossa região.
A juventude da Baixada está cercada por indivíduos atuantes e atores sociais, dispostos a serem ouvidos e almejando oportunidades para expressarem suas inquietudes, dúvidas, demandas e anseios. Os direitos sociais não foram pedidos, mas, conquistados por essa sociedade que ao mesmo tempo em que se torna cruel e perversa, alimenta meios e estratégias para que as discussões sobre direitos humanos não sejam apequenadas ou esquecidas.
Nesta juventude está a esperança de mudança dos círculos destrutivos para virtuosos, não com a promoção de políticas públicas estereotipadas, mas iniciativas multissetoriais e investimentos sérios para mudar corações e mentes. É possível e já foi feito.


fotos: Adriano Dias

Adriano Dias é fundador da ONG ComCausa - Cultura de Direitos e ex subsecretário municipal de Prevenção da Violência de Nova Iguaçu.

domingo, 16 de abril de 2017

Resenhas (atrasadas) :: Novidade velha é com a gente mesmo!

por: Rafael A.

No começo do mês pulicamos aqui a resenha do primeiro EP da banda carioca Café República (confira aqui), lançado em 2014 (boa banda e belo trabalho, então vale a resenha atrasada, né?)...Após a publicação da mesma, este que vos escreve se deu conta de que haviam diversos materiais resenhados, como da ótima banda Milhouse (foto), que sairiam na vigésima edição impressa deste fanzine, que nunca saiu (ainda não saiu, melhor dizendo... até porque a gente gosta mesmo é de fanzine de papel!). Sendo assim, a partir desta semana, vamos publicando, sempre às terças-feiras, o que tivermos de material resenhado que não foi pro ar, certo? Mesmo parecendo não fazer lá muito sentido, vai que você dá de cara com alguma banda que ainda não conhecia, ? Fica ligado na seção Resenha então, ok? Até!

foto: divulgação

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Agenda :: Van Torres & Rafael Almeida no Palco Salvatori!


Hoje é dia de Rock em versões acústicas no Centro de São Gonçalo! Tem ensaio aberto de Van Torres & Rafael Almeida (foto) no Palco Salvatori, mais um espaço que surge na cidade para músicos e fãs de todos os estilos! É véspera de feriado! Nos vemos lá!

Serviço:

13 de abril :: quinta-feira :: 20:30h

Palco Salvatori

Ensaio aberto:
VAN TORRES & RAFAEL ALMEIDA

Local: Palco Salvatori
End.: Rua Salvatori, 15, loja 6, Centro, São Gonçalo/RJ
ENTRADA FRANCA / Informações

foto: divulgação

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Entrevista :: Carlos Brunno


por: Rafael Almeida

Mais uma entrevista muito bacana de fazer! Explico: esse cara aí é uma das figuras mais importantes pra história de nosso Sarau Feira Moderna. E qual não foi a surpresa (e a alegria) deste que vos escreve, ao saber que um antigo projeto foi, em parte, responsável/incentivador do sarau promovido por nosso entrevistado (no qual já me apresentei, inclusive!)? Aliás, o underground tem desses coisas. Quase nunca se tem a real noção do quanto as pessoas com as quais cruzamos nos influenciam, ou são influenciadas por nós ou por algo que fazemos. Por exemplo, duvido muito que o Sr.Carlos Brunno tenha ideia do quanto seus projetos na escola onde leciona são importantes na vida de seus alunos (e pra todos nós que dedicamos um pouquinho de nossa vida, que seja, à arte).. Enfim, segue o papo com nosso poetamigo Carlos Brunno!


FMZ: Pra começar, fale um pouco de seu último livro, “O Nada Temperado Com Orégano”! Você já está na estrada há um bom tempo divulgando ele, como tem sido a repercussão?

Carlos Brunno: A recepção do livro tem sido boa, mas as vendas andam mais ou menos nesse contexto de crise (ele tem vendido menos que os dois anteriores “Foda-se! E outras palavras poéticas”, de 2014, e “Bebendo Beatles e Silêncios”, de 2013, porém já percebi que não é por uma questão de rejeição e sim de falta de dinheiro dos leitores mesmo – o mais recente é mais caro, foi um projeto mais ambicioso, mas, em breve, só que mais lentamente que os anteriores, ele paga o seu custo e parto pra outro).


FMZ: Entrando num universo do qual entendo muito pouco: o mundo editorial. Você já lançou diversos livros. Todos de forma independente? Como funciona essa relação entre autor e editora e, como faz para manter sua obra sempre sendo atualizada, lançando novos livros com regularidade?

Carlos Brunno: Todos os meus livros foram feitos de forma independente (mesmo os com editora, quem pagou o custo fui eu, logo é independente também; curto mais assim, pois a obra fica com uma cara mais do autor e, bem, se o mercado editorial não se interessa, foda-se, vamos no método ‘Ramones” – 1, 2, 3 e vamos fazer nossa arte custe o que custar). O mercado editorial no Brasil é complicado – o público leitor é pequeno, a maioria das editoras, como qualquer empresa, quer faturar com obras pasteurizadas de autoajuda, de autores já consagrados, etc, poucas dão voz a novos autores (quando dão, cobram um valor, tipo um seguro, pois as editoras não querem nem ousam cometer qualquer risco com autores ainda não reconhecidos; pra livros de poemas então nem se fala: as editoras, em sua maioria, execram tais obras por não serem ‘rentáveis’). Agora como faço para manter sua obra sempre sendo atualizada, lançando novos livros com certa regularidade: os primeiros busquei patrocínios mais um capital inicial meu, depois é pé na estrada, vender nem que seja de porta em porta até garantir que a equação débito/crédito esteja favorável para a publicação de uma nova edição ou uma nova obra; até hoje não obtive lucro, mas também não sofri prejuízo, tanto que ‘sonho com os pés no chão’: outro livro só sai quando o anterior já se pagou (por isso, por favor, amigos leitores, encomendem o “O Nada Temperado Com Orégano” pra que eu possa lançar algo novo rs).


FMZ: Seus livros tem versão digital? Como vê o formato e-book? Acha válido?

Carlos Brunno: Bem, meus livros ainda não têm formato digital, um pouco por preguiça, falta de oportunidade e tempo rs. Planejo ainda neste ano, pra comemorar o aniversário de 20 anos de meus primeiros livros “Fim do fim do mundo” (junho de 1997) e “Promessas desfeitas” (agosto de 1997), como ambos estão esgotados, lançá-los em versão digital para download gratuito. O formato e-book é de fácil acesso e cada vez mais válido, até porque, como aparelhos eletrônicos como celulares passaram a se tornar ‘amigos íntimos’ das pessoas e devido à correria do dia a dia, o livro em versão digital é mais dinâmico e pode conquistar um número de leitores maior para o escritor. Resumindo: considero o formato e-book super-válido, apoio e pretendo apoiar ainda mais, mas tenho muito apreço ainda pelo livro impresso; o mais-que-fodástico Ziraldo sempre dizia que a leitura tem algo de sexual – é preciso ficar íntimo, tocar, folhear, sentir – e essa visão dele para o formato impresso permanece comigo; sou um colecionador/leitor voraz de livros impressos, mas também não dispenso obras em pdf, etc, por mais louco que seja nosso tempo, há pelo menos uma horinha pra cada leitura (falei que ia resumir e não resumi nada rs).


FMZ: Voltando um pouco no tempo: como a poesia entrou na sua vida?

Carlos Brunno: A culpa foi das estrelas da constelação pública escolar rs. Sinceramente, apesar de ser leitor voraz desde pequeno, meus interesses iniciais eram desenhos, pinturas. Já tinha escrito algo no ensino fundamental, mas nada marcante, nada que eu me lembre e/ou valorize; até curtia ler um ‘poeminha’ ou outro, mas preferia livros de contos, de aventura, de mitologia, de ficção científica e gibis, principalmente gibis (era viciado em HQs; hoje pego anestesias líricas mais pesadas sem largar os vícios anteriores rs). Só no primeiro ano do ensino médio, no Colégio Estadual Theodorico Fonseca, em Valença/RJ, lá pelos anos 1994, a professora de Português Ieda, através de suas aulas (que incluíam suas leituras entusiasmadas para poemas clássicos como os sonetos de Camões, as quais eu adolescente ficava tentando descobrir que p... de significado místico e emocional tinha naquilo que fazia minha professora suspirar e se sensibilizar tanto), conseguiu despertar meu interesse pela poesia. Ela me incentivou a escrever; até me inscrevi com o poema “Não cantamos mais rock’n roll” no Concurso Intercolegial daquele ano (atenção, governantes de Valença, precisamos resgatar a tradição do Concurso Intercolegial de Artes no município; muito artista fodástico começou num evento desses!). O poema era todo rimadinho - tem uma versão dele em meu quarto livro “O último adeus (ou o primeiro pra sempre)”, de 2004 -, com as figuras de linguagem que a professora Ieda me ensinara (bastante anáfora, uma ou outra metáfora), tinha a mensagem meio desesperançada de que a geração adolescente se afogava em bebidas e gritos calados; no dia da apresentação, fui declamar de macacão rasgado, ‘um nerd querendo causar’ rs, e, bem, não classifiquei pra final, mas dei meu recado. Porém aquele Concurso Intercolegial marcou meu aprofundamento na poesia, pois um colega meu, o André Diniz, tinha escrito um poema muito mais fodástico que o meu e também não classificou – ficou em segundo um poema meia boca de um playboy com sobrenome conhecido na cidade (cidade pequena é assim, né?) em homenagem aos esportistas Ayrton Senna e Dener, que haviam falecido há pouco; fiquei p... da vida pelo poema do André não ter nem ido pra final, banquei o anjo vingador e disse pra mim mesmo: vou estudar poesia pra que a minha arte fique tão foda que eles vão ter que me engolir em concursos. Estudei por minha conta poesia da Grécia Antiga aos estilos mais contemporâneos, vendo o lado bom e ruim de cada estilo, mergulhei num relacionamento duradouro com a poesia (engraçado que comecei a me aprofundar por raiva e teimosia e, aos poucos, fui me apaixonando). Um tempo depois, aproximadamente um ano depois, ganhei Menção Honrosa num Concurso Nacional de Poesias da Biblioteca Euclides da Cunha, no Rio de Janeiro/RJ (a professora de Português Selma quem me indicou e me estimulou a concorrer). O tema era “Miséria e Fome: qual é a solução?” e concorri e fui premiado com o poema “Intervalo de Refeição”. Daí, sigo esse caminho louco e lírico e continuo, apesar dos momentos tortuosos, sigo em frente.


FMZ: Você é professor, e toca projetos muito legais com seus alunos, alguns premiados, inclusive. No mundo de hoje, como fazer pra despertar o interesse da garotada pra poesia, literatura, enfim?

Carlos Brunno: A resposta desta pergunta está indiretamente (ou diretamente?) ligada à anterior: o que faço é estimular a leitura, mostrar-me leitor também, assim como as minhas professoras de Português fizeram comigo. É mostrar que no texto não há só um punhado de palavras colocadas umas com as outras; há sentimento, lirismo, há muita arte ali e precisamos entrar naquele mundo estranho, torná-lo nosso, ler o outro até o outro ser parte de nós, sermos nós e o outro também, É cada vez mais difícil, no mundo atual, voltado para a falsa interação – a interação ensimesmada diante de uma tela de computador ou tablet ou celular convivendo com egos distanciados, todos socializando seus umbigos -, despertar esse interesse (um poeta disse uma vez que não há mais paredes com ouvidos, e sim ‘ouvidos com paredes’; o lance é o professor teimar, não deixar de lado o dever de mostrar a importância da leitura, estimular e mostrar o poder do leitor realmente interativo-inteiro (aquele que não apenas lê, mas questiona e faz releituras das obras que lê), lembrar do uso de outras ferramentas artísticas (mostrar grandes adaptações cinematográficas de obras literárias, apresentar/carregar livros sempre consigo que demonstrem de forma ainda mais concreta os lados mais fascinantes da leitura e releitura). Outro ponto é apresentar pro aluno-escritor sempre o porquê da escrita, a marca autoral, o eternizar-se (quando se constrói uma obra de arte sua você marca sua existência no tempo, se imortaliza) e para quem ele escreve (elogiar, acompanhar com críticas construtivas a trajetória de escrita do aluno, ver seus avanços e, se possível, estimulá-lo a sempre mostrar sua arte, seja enviando seus escritos a concursos literários que estimulem novos autores, seja formando um Clube do Livro escolar, seja organizando saraus escolares e na comunidade [observação: todos os exemplos que passo não são meramente ilustrativos – na escola onde leciono, organizamos saraus, temos o Clube do Livro, grupo teatral escolar, etc]).


FMZ: E o Sarau Solidões Coletivas, como surgiu a ideia de fazer?

Carlos Brunno: Bem, digamos que essa ideia estava em gestação há quase 20 anos rs Desde que lancei meu primeiro livro Fim do fim do mundo”, no (agora extinto) Casarão da Artes de Valença/RJ, em junho de 1997, por estímulo da Secretária Municipal de Cultura da época, a mais-que-fodástica Ana Vaz, a minha poesia ficou associada com outras manifestações artísticas – no caso daquele lançamento, a Secretária me apresentou o Grupo Teatral Arte-Ofício, dirigido pelo Allabah (não sei se o nome dele é escrito assim, me desculpe) e pelo Carlos Henrique Cassiano e eles interpretaram uma série de poemas de meu primeiro livro num espaço privilegiado por quadros e esculturas de artistas plásticos da região. Ali, percebi que a união de diversas manifestações artísticas no mesmo evento gerava resultados líricos fodásticos. Nos lançamentos seguintes de livros, passei a convidar músicos, bandas, o próprio Arte-Ofício (sempre, devo muito a eles pela colaboração lírica), artistas plásticos. No lançamento do meu quinto livro “Eu e Outras províncias” de 2008, a poetamiga e jornalista Katia Berkowicz me falou uma coisa que ficou na minha cabeça por muito tempo, ela disse que eu não podia ficar muito tempo sem lançar livros, pois a cidade precisava daquele movimento artístico, que o pessoal ficava aguardando o novo livro e, consequentemente, o novo evento. Desde 1997, já rodava por diversas cidades com meus livros, mas intensifiquei esses passeios líricos, e passei a participar ainda mais de mais eventos na minha cidade, tentando formar grupos, mas ainda de forma muito esporádica, até que, em 2011, a convite do artistativistamigo Giovanni Nogueira, participei com alguns artistamigos do evento “Arte Valença” com meu livro “Diários de Solidão” (2010) e realizamos um sarau que batizei de “Diários de Solidões Coletivas”, em homenagem ao nome do meu sexto livro. O nome ‘aconteceu’ naquele momento, mas, como houve apenas aquela apresentação e uma outra em Rio das Flores/RJ, o grupo ficou meio que adormecido. Retomamos o nome e o grupo em um evento no início de janeiro de 2012, em Cambota, região rural de Valença/RJ, numa espécie de preparação pra nossa apresentação no Narcose Rock Clube #2 – Edição Especial Praia do Rock 10 anos, no Bar, Restaurante e Pizzaria do Portuga, na Praia da Ponta do Francês, em Itaipuaçu, Maricá/RJ, em 20 de janeiro de 2012, evento para o qual fomos convidados por você, “tio” Rafael Almeida (ou seja, você é um dos padrinhos/estimuladores do sarau). Mas, mesmo assim, após as duas apresentações, a ideia adormeceu mais uma vez, pra ressuscitar no dia 21 de abril de 2012, por estímulo do retorno do Jornal Valença em Questão (a equipe do jornal queria uma estratégia diferente para o lançamento de cada edição, então nos convidou pra fazermos o sarau e nós topamos). A partir daí, o Sarau Solidões Coletivas se consolidou (tanto que sempre comemoramos o seu aniversário no dia 21 de abril, apesar dos eventos anteriores) e resiste até hoje, mesmo que se equilibrando louca e liricamente nos altos e baixos dos tempos.


FMZ: O evento já tem um bom tempo de atividades. E, imagino, que assim como no meio musical independente, seja bem difícil de manter um projeto assim rolando, não?

Carlos Brunno: E bota difícil nisso rs. Por ser uma proposta de arte coletiva e independente, o Sarau Solidões Coletivas resiste mais por teimosia e força de vontade dos envolvidos; tem momentos de intensa euforia, tem suas fases apáticas que parece que vai estagnar, às vezes tá todo mundo bem, outras vezes, surgem sementes de desunião, ora somos benquistos, ora boicotados, algumas vezes ignorados ou rejeitados, noutras tantas estimulados a continuar ou a retornar; como diz o mestre-poetamigo Gilson Gabriel, “o sarau tá sempre ressuscitando”. Somos um movimento de contracultura, que rima com loucura, doçura ou tortura dependendo do momento, temos nossos altos e baixos, mas jamais finalizados, marchamos liricamente gloriosos mesmo nas derrotas rs, mas há de se destacar: o sarau traz aquela sensação consoladora de resistência vitoriosa, mesmo nos dias mais tenebrosos, afinal, é um projeto coletivo contracultural que flerta com o underground e perdura há anos sem rabo preso com políticos, sobrevive essencialmente pelo desejo de mostrar arte coletiva e livre das amarras tradicionais que alguns membros da sociedade de cidades pequenas insistem em manter.


FMZ: Tenho feito essa pra todos os artistas com quem converso... Sobre o momento político pelo qual nosso país passa: onde a classe artística fica no meio disso tudo? E mais, como tem visto a galera, músicos, poetas e por aí vai, com relação a tudo que está acontecendo? Há, no seu entender (ou deve haver), posicionamento? Enfim... suas opiniões, por favor..rsrs!

Carlos Brunno: Cara, como artista, sempre fui meio ‘apolítico com tendências de esquerda’, por mais paradoxal que isso seja, mais propenso à anarquia, por minhas raízes líricas underground, mas atualmente vivemos uma espécie de ‘ditadura legal ultradireitista’ e, como dizia Chico Buarque, o artista deve estar onde o povo está, e os direitos e interesses populares estão mais à esquerda, por mais que tentem manipular para o sentido contrário. Digo que a classe artística precisa se posicionar mais à esquerda; apoiar essa nova ordem ultradireitista brasileira seria como praticar uma antiarte. Vejo nos círculos sociais e virtuais com os quais interajo, os artistamigos muito divididos e lembro e repito: considero que devemos nos posicionar mais à esquerda devido ao contexto, mas opondo-se às posições radicais, ou seja, independente de que direcionamento político você tome, que seja sem ultras e sem Ustras, por favor!


FMZ: Planos para o futuro: tem livro novo a caminho, o sarau continua rolando, o que vem pela frente?

Carlos Brunno: Tenho sempre milhões de livros e ideias a caminho rs, mas, como eu disse anteriormente, primeiro preciso divulgar mais “O Nada Temperado Com Orégano” pra depois pensar nos próximos (mas garanto que tenho o esboço de, pelo menos, uns 4 livros novos, mas sem previsão alguma pra serem lançados). O Sarau Solidões Coletivas continua – em março, realizamos nosso eterno ‘retorno’ em um evento próprio, estimulado pelo convite da Rose Almeida, do Restaurante Variedade & Sabor, e ainda participamos do I Encontro Holístico de Valença/RJ no Espaço Ganesha -; agora planejamos onde e como faremos o evento de aniversário oficial do Sarau (21 de abril) e seguiremos assim, com eventos mais constantes, menos esporádicos.


FMZ: Bom, é isso. Muitíssimo obrigado pelo papo! Recado final?

Carlos Brunno: Recado final de poeta é sempre um poema, rs, e, como nesse ano comemoro 20 anos do meu primeiro livro “Fim do fim do Mundo”, deixo um poema que faz parte desta minha primeira obra poética:

Quando

Quando criaste espinhos
Eu criei uma rosa
Quando criaste o desvio
Eu criei minha casa
Quando criaste a distância
Eu criei o atalho
Quando criaste a dúvida
Eu criei minha paz
E quando construíres o fim
Eu já terei construído o meu recomeço.

(poema do livro “Fim do fim do mundo” [1997], de Carlos Brunno Silva Barbosa)


Mais sobre Carlos Brunno.

 foto: Latitude Zero Prod.

domingo, 9 de abril de 2017

Abrigo do Cristo Redentor :: Idosos precisam de doações


Localizado no Centro do Município de São Gonçalo, o Abrigo do Cristo Redentor acolhe idosos há setenta e sete anos. Muitos de seus moradores não tem família. Alguns, mesmo tendo parentes, sequer recebem visitas. Apesar de serem muito bem tratados pelos funcionários e voluntários do Abrigo do Cristo Redentor, essas pessoas dependem de doações, para não passarem necessidades. Ainda assim, uma série de atividades são realizadas no espaço, como um bazar, bailes e outros.

O Abrigo tem colaboradores, empresas, pessoas que ajudam e doam mantimentos, mas devido ao grande número de idosos que lá vivem, as dificuldades ainda são grandes. O local recebe doações e , a cada semana, a prioridade recai sobre esse ou aquele item. Sendo assim, colocaremos aqui o link para a página do Abrigo no Facebook. Através dela, dá pra ficar por dentro da programação do local e saber das necessidades mais urgentes a cada semana. E, claro, quem puder tirar um tempinho pra ir até lá passar uma tarde com os moradores de lá, faça isso! Este que vos escreve garante: faz um bem danado pra eles e pra gente, ok?

O Abrigo do Cristo Redentor fica na Rua Dr. Nilo Peçanha, 320, Centro, São Gonçalo/RJ.

foto: Rafael Almeida

sábado, 8 de abril de 2017

Agenda :: Noite de pancadaria no Metallica Pub


Logo mais tem Grindcore, Punk Rock e mais um monte de barulho da melhor qualidade rolando no bairro Porto Novo, em São Gonçalo! A banda Podreiras (foto) lança CD e divide o palco com Insulto e Canella Seca! Pinta lá que a cerveja é gelada e a entrada, 0800!! Evento com apoio aqui do FMZ, prestigie!

Serviço:

08 de abril :: sábado :: 19h

Metallica Pub Apresenta

Shows:
PODREIRAS
INSULTO
CANELLA SECA

Local: Metallica Pub
End.: Rua José do Patrocínio, 42, Porto Novo, São Gonçalo/RJ
ENTRADA FRANCA / Informaçoes / Apoio: Feira Moderna Zine

foto: Raquel Medeiros

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Palco Salvatori :: Van Torres e Rafael Almeida na véspera do feriado!


por: Latitude Zero Prod.

Tem som rolando no Centro de São Gonçalo na véspera do feriadão! Na próxima quinta-feira, Van Torres & Rafael Almeida (foto) voltam ao Palco Salvatori pra mais uma noite de ensaio aberto na casa. Rock'n'Roll em 'formato desplugado' e ótimas cervejas no polo gastronômico do Centro da Cidade! E a entrada é franca, ok? É na véspera do feriado! Nao perca! O Palco Salvatori fica na Rua Salvatori, 15, loja 6, Centro, São Gonçalo/RJ. Maiores informações no link.

foto: divulgação

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Resenha :: Café República

Café República
Sweet Dive in Turtle's Land / independente

por: Rafael Almeida

Resenha atrasada, mas tá valendo. A carioca Café República iniciou seus trabalhos em 2011. Passou por nosso Rock na Garagem tem um tempinho, e deixou uma bela impressão! Ficou a vontade de conferir a banda em estúdio. E, só agora, dou de cara com este “Sweet Dive in Turtle's Land”, de 2014! Belo trabalho de uma garotada que, além de soar em dia com as novidades do Rock Alternativo, consegue fazer com que seu som remeta a nomes do final dos 60's e início dos 70's! Tem muito de psicodelia por aqui! Teclados e climas que me lembraram trabalhos mais recentes do Violeta de Outono, por exemplo.. e os primórdios do Pink Floyd (não é coincidência que, em nosso RG, tenha rolado cover da fase Sid Barret)! Bem legal!

Mais sobre a banda aqui (confere que tem "novidades" dos caras por lá).

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Artigo :: A Maior Chacina da História do Rio de Janeiro


por: Adriano Dias

Por volta das 21 horas recebi o primeiro, de muitos, telefonema de um morador de Nova Iguaçu contando que “um monte de gente tinha sido morta” e que era para não vir para o do bairro da Posse, pois os vizinhos estavam ligando entre si avisando sobre o perigo. Os programas jornalísticos da noite do dia 31 de março passaram a noticiar que havia acontecido mais uma chacina na Baixada, um sentimento de incapacidade me bateu forte quando vi Dom Luciano, o Bispo de Nova Iguaçu, passar rapidamente em uma reportagem rezando ao lado dos corpos. Mas somente percebi a proporção da tragédia no dia seguinte quando voltei para a região.

Antes de chegar, as seguidas ligações telefônicas relatavam um quadro inimaginável, que ficou comprovado nas capas dos jornais - edições especiais - expostas nas bancas. Posteriormente jornalistas relataram que as redações, literalmente “pararam as máquinas”: aconteceu a maior chacina da história do Estado do Rio de Janeiro.

A desorientação diante do episódio era nítida na perplexidade de parentes, vizinhos e das autoridades. Nos locais onde aconteceram as mortes, a população externava o medo que se traduzia em agressividade. A chacina alvejou também a possibilidade do exercício da cidadania e da solidariedade. Entender, e talvez ajudar o próximo, parecia ter se tornado um risco à vida, ou, ao menos esse parecia ser o desenho do imaginário coletivo.

Nova Iguaçu e Queimados tornaram-se o centro das notícias no mundo e as ruas da Baixada aparecerem no noticiário da CNN, no site do New York Times; nas agências Reuters e Associated Press, no jornal canadense The Globe And Mail, no espanhol El Pais, entre outros. Em um dos enterros, em Austin, conversei com uma equipe da TV NHK, uma das mais importantes emissoras do Japão. Não resta dúvida que a visibilidade contribuiu para as primeiras prisões de suspeitos e anuncio por parte das autoridades de políticas públicas para a população direta e indiretamente atingida. Tal exposição, somente diminuiu com morte do Papa, dias depois.

O saldo desta repercussão parecia ser também a garantia de que haveria justiça e que aqueles que perderam parentes e amigos teriam todo o apoio necessário. Entretanto, nas semanas seguintes ao episódio, representantes do poder público fizeram uma rápida visita aos locais das mortes. Só que a principal prioridade parecia ser demonstrar, através da mídia, uma grande “sensibilização” política com o sofrimento dos familiares. Mas, passados os flashes, faltou quem orientasse algumas daquelas pessoas para o encaminhamento de questões práticas como acesso à justiça e apoio psicológico.

Diante disto me dispus então a levá-las até onde pudessem ter apoio: o Centro de Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu, que teve papel importantíssimo na acolhida destas vítimas; e que, na época também sediava uma equipe da então Secretária Estadual de Direitos Humanos.

A iniciativa de levar alguns dos familiares, que continuavam perdidas em sua dor, aos locais que pudessem obter auxílio, com a devida discrição que a situação requeria, se repetiu algumas vezes. Em vários momentos, por conta da desconfiança comum nessas circunstâncias, contou-se com a ajuda do Padre Paulo da Igreja da Posse, que posteriormente também foi assassinado.

Passada a confusão dos primeiros dias e sob o olhar de vários movimentos estas pessoas foram gradualmente conseguindo o apoio necessário por parte do poder público. Logo depois, motivados pela dimensão da tragédia, centenas de instituições e pessoas formaram o Fórum Reage Baixada e celebram o “Dossiê contra a impunidade”, que fez um diagnóstico da violência e elencou uma série de propostas.

No episódio da “chacina da Baixada” ficou claro que alguns parentes e amigos das vítimas, devido a suas condições socioeconômicas, do desconhecimento dos seus direitos, de onde e como acessá-los, veem-se imobilizados. Isto acontece quase sempre com os mais necessitados. Por outro lado, externou a falta de políticas sistêmicas para tratar integralmente àqueles que foram atingidos pela violência.

A perda do ente querido de forma violenta provoca diferentes reações por parte de amigos e parentes. Alguns se isolam do convívio social, outros vão a público e se tornam ativistas por justiça. Mas, em quase todas as situações, desenvolvem graves problemas psicológicos ou somatizam fisicamente em várias doenças.

Percebeu-se também a tendência da própria comunidade em se afastar destes amigos e familiares de vítimas da violência, não - somente - por medo, ou insensibilidade, mas a maioria não sabe como lidar diante desta situação em razão do difícil convívio com a constante necessidade da exteriorização da dor e dos traumas destas pessoas. Além disso, observa-se uma inclinação geral à banalização da violência e a culpabilização das vítimas por parte da sociedade. Que geralmente questionam a possível existência de vinculo da vítima com atos ilegais ou fora dos padrões morais convencionais.

No decorrer destes doze anos, contribui para a criação de programas de apoio a vítimas das violências, mas, para além desses, aprendi a importantíssima disposição de se colocar ao lado destas pessoas nestes momentos. É imprescindível políticas para se tratar do tema, mas extremamente relevante a sociedade – principalmente a imprensa - tratar com mais sensibilidade as vítimas indiretas da violência.


foto: Adriano Dias

Adriano Dias é fundador da ONG ComCausa - Cultura de Direitos e ex subsecretário municipal de Prevenção da Violência de Nova Iguaçu.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Trilhas & Afins :: Morro da Urca


por: Rafael A.

Mais uma trilha super tranquila! Indicada pra quem está começando a se aventurar nesse tipo de passeio. Desde a entrada na Praia Vermelha, na Zona Sul do Rio, até o final da trilha, na estação do bondinho no alto do Morro da Urca não se gasta mais que meia hora. O passeio pode ficar um pouco cansativo, já que a maior parte do trajeto é de subida bem inclinada, mais o nível de dificuldade é praticamente zero! Ao longo do caminho, micos, mata, ar puro e o clima de paz que as trilhas proporcionam. E lá em cima, um senhor visual de diversos pontos do Rio, com direito a lanchonetes e espaço cultural.

Serviço:
Morro da Urca ::Praia Vermelha, s/n, Urca, Rio de Janeiro/RJ / Informações

foto: Rafael A.

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