quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Entrevista : Cartas à Julie-Marie


O início dos anos 2000 foi fértil em muitos aspectos do cenário independente. Para o Rock Alternativo carioca essa fertilidade se fez presente na Zona Sul da cidade. Basicamente através de uma penca de bandas, muitas das vezes, classificadas como “Indie Rock”. Fora as discussões a cerca do rótulo em si e sua validade, o fato é que esse cenário deu origem a muitos nomes. Uns sumidos, outros ainda em atividade, enfim. Lasciva Lula, Baco, Benflos, El Efecto, Moptop, The Feitos (essa de Niterói)... E por falar em Niterói: de lá, nessa onda surgia uma banda que se tornaria um dos destaques deste momento do underground carioca, Noitibó. Um som que partia do Rock e chegava a flertar com Jazz e outros ritmos, cd`s lançados, clipes, uma penca de shows e um número considerável de fãs (com direito a fã clube e tudo)!

A Noitibó teve um ponto final, assim como outras bandas e coisas desse comecinho dos anos 2000. Quase que instantaneamente dois de seus integrantes, Alex Frechette e a (ótima) batera Andréa Amado, já tinham um novo projeto. Durante um bom tempo se trancaram no estúdio (na verdade, vários estúdios) e, após quase dois anos de gravações, apareceram com o novo projeto, Cartas à Julie-Marie. Com nome inspirado no livro Cartas à Theo, de Van Gogh, músicas batizadas em fancês apesar das letras em português e um belo trabalho de estréia – com direito a faixa mixada em Abbey Road (confira a resenha) - o Cartaz à Julie-Marie aparece como um dos projetos mais interessantes surgidos aqui pela região de uns tempos pra cá. Como Noitibó virou Cartas à Julie-Marie? Porque não temos notícia de shows dessa bela banda por aqui? Vamos saber disso tudo e de mais um pouco no papo que o FMZ_ONLINE trocou com Aex Frechette, vocal da banda. Se liga aí!

FMZ_ONLINE: Pra começar, você e a Andréa vem de uma outra banda. Queria que vocês falassem um pouco dessa transição de uma banda pra outra e o quanto de Noitibó tem na Cartas à Julie-Marie, ou o quanto de Cartas à Julie-Marie já tinha no Noitibó, enfim.

Alex: Acontece que os novos conceitos que estávamos desenvolvendo ao fim do Noitibó já estavam por demais dissonantes dessa antiga personalidade musical que tínhamos. As mudanças vinham acontecendo paulatinamente e pareciam não mais caber dentro do Noitibó. Eu mesmo já não podia tocar guitarra por conta de uma alergia nas mãos e passei então ao piano o que mudou muito o processo de composição ao qual estava acostumado. A procura de novos sons nos levaram a agregar também muitos instrumentos diversos da antiga banda como metais, flauta, cello, theremin, baixo acpustico, etc e consequentemente a trabalhar com muita gente interessante. Tudo isso fazia parte de outra coisa, não cabia mais no Noitibó. Assim o Cartas à Julie-Marie surgiu.


FMZ_ONLINE: O processo de gravação/producão do cd levou praticamente dois anos. Como foi isso? Tem mais haver com uma dificuldade em encontrar músicos ou estúdios? Ou já estava nos planos de vocês dedicar todo esse tempo a produção de um trabalho?

Alex: Sabíamos que seria demorado mas talvez não imaginávamos que fosse tanto. O lance é que gravamos em muitas partes e em vários estúdios diferentes de acordo com a disponibilidade de cada um dos 12 músicos participantes. As composições não estavam todas prontas quando no começo das gravações, assim elas foram mudando e se adaptando a cara da banda ao longo do processo. A mixagem também é um processo demorado que requer muita atenção, a burocracia para a confecção física do cd também pode levar um tempinho. Ainda masterizamos uma música em Abbey Road e tudo isso demandou esse tempo todo mas para nós foi uma grande esperiência não só musical mas de vida já que trabalhamos em algo novo que seguia nosso íntimo desejo de mudança com outras pessoas ótimas. Experimentamos muito e o processo foi todo muito divertido.


FMZ_ONLINE: A Cartas à Julie-Marie é formada por Alex, Andréa e Renato Godoy. Até onde me lembro o Renato não chegou a dar as caras na época de Noitibó. Como rolou a participação dele na nova banda?

Alex: Renato foi o produtor do CD junto conosco. Ele nos ajudou muito nas gravações e mixou tudo com muito zelo e carinho. Não chegou a tocar conosco, Peter Strauss é que é outro integrante mas ele já havia entrado no final dos trabalhos do Noitibó, temos uma ótima sintonia já antiga.


FMZ_ONLINE: O cd foi lançado já faz algum tempo. Já deu pra ter uma idéia da resposta tanto de público quanto de crítica? A repercussão tem rolado dentro do que vocês esperavam?

Alex: Sim, está sendo ótimo, muitas notas, resenhas e difusão das músicas nacional e internacionalmente surgiram por vezes espontâneamente o que nos deixa obviamente muito contentes.


FMZ_ONLINE: Ainda com a Noitibó, vocês faziam muitos shows. No entanto, não tivemos notícias de shows da Cartas à Julie-Marie. Ao menos no que se refere a nossa região, aqui por Niterói, São Gonçalo, enfim. Foi uma decisão da banda não se apresentar tanto ou isso se deve a outras questões como espaços, eventos...?

Alex: Sim, já havíamos decidido não fazer tantos shows pois na época isso estava um pouco desgastante para nós, agora estamos mais inclinados a tocar mas acredito que não há tantos lugares disponíveis quanto antes.


FMZ_ONLINE: É isso, agora é com vocês: vender o peixe, agradecimentos, enfim. Valeu pelo papo!

Alex: Para acompanhar as novidades é só ir no site. Nosso cd pode ser encomendado pela internet mas pode também ser baixado gratuitamente no Trama Virtual. Valeu pelo papo, muito obrigado pelo espaço e muita força ao Feira Moderna Zine!

por: Rafael A.

fotos: divulgação


Cartas à Julie-Marie : Gravação do CD:



Links Cartas à Julie-Marie: Site :: Myspace :: Youtube :: Fotolog :: Trama Virtual

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