segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Sem Apoio e Sem Espaço


Niterói há muito tempo é conhecido por ter grande expressão artística. Nomes consagrados, como Baby do Brasil e Bia Bedran, nasceram na cidade e conseguiram conquistar o país. Mas esse território tem se mostrado mais fértil do que se pensa. Nos diversos campos da arte, encontram-se pessoas empenhadas em fazer sua criatividade ultrapassar todas as barreiras, se transformando em um verdadeiro hino de resistência. Resistência a falta de espaço, de apoio e de tudo o que se possa precisar para um movimento cultural florescer.

Paulo Roberto Chumbinho, morador de Niterói há quinze anos e ex integrante da banda Vitória Régia, define bem a situação: “São tantas as dificuldades que fica até difícil saber por onde começar. Espaço legal para tocar é uma dificuldade. Quando tem espaço, o cachê é inexpressivo. Às vezes a casa não tem equipamento e gera outro problema, que é o transporte do equipamento. Eu não tenho carro. Aí tenho de alugar um táxi ou uma kombi. Por aí vai.” Outro exemplo desta resistência é Cris Saman. Escultor, dono de uma técnica única de dar forma ao barro, expõe atualmente suas obras no Bar Cobreloa, no Centro de Niterói, onde trabalha. Saman explica que a falta de espaço para exposição é apenas uma das inúmeras dificuldades que encontra para fazer seu trabalho caminhar. De acordo com ele, o certo seria levar suas esculturas a um forno específico para o material que trabalha. Como não tem acesso a isso, elas acabam quebrando quando há necessidade de transportá-las. Saman está fazendo parte de um vídeo chamado “Vida de Escultor”, que pode ser encontrado no Youtube e foi realizado por iniciativa de estudantes de comunicação social.

Um nome de peso, que buscou por muito tempo sobreviver no meio, é o  'Ministro do Baião'  Zé de Mohura (foto). Com muita luta e ajuda de amigos, como Severino, ele promoveu eventos que buscavam fortalecer a cultura nordestina na cidade. Durante o ano de 2007 e 2008 promoveu animadas “Domingueiras” no Bar do Paulinho, em Santa Rosa, e em comunidades carentes da região. Nesses eventos, além do tradicional Café da Manhã Nordestino, o sanfoneiro, Cigano do Forró, animava o final de semana dos que apreciam essa cultura. Seu livro de literatura de cordel, “Aquarela do Nordeste”, já estava na segunda edição e era distribuído pelo próprio Mohura em seus eventos. Atualmente perdi o contato com o Ministro e cessaram seus eventos.

Falando em literatura, não poderíamos deixar de destacar Winter Bastos, autor de vários contos e textos, que teve seu primeiro livro publicado pela Editora Achiamé. “Malandragem, Revolta e Anarquia”, conta a história de três grandes nomes da literatura nacional que não se curvaram a formatos pré-estabelecidos e por isso foram jogados a marginalidade. Ele acredita que Niterói poderia valorizar mais seus artistas, mas argumenta que, apesar de todo obstáculo, vale a pena escrever.

No cinema, um nome que não pode ser deixado de lado é o de Francisco Bragança, que produziu e lançou seu primeiro filme, “Beber, conversar e se der cantar”, de forma completamente independente. Atualmente ele está na luta para continuar produzindo, mas a estrada não tem sido nada fácil.

Alexandre Mendes é outro que sofre com a falta de uma base sólida que apoie os artistas. Desenhista, Chargista e Cartunista, busca veículos alternativos e independentes para expor seu trabalho. Já produziu alguns projetos culturais, mas o excesso de burocracia torna inviável a concretização destes. Em meio a tantas dificuldades, ele reflete sobre o papel de suas ilustrações neste cenário: “O desenho é pensado na forma de um livro aberto, buscando conscientizar as pessoas de parâmetros aceitos por nós desde a infância. Esses nem sempre são corretos ou justos”.

Fabio da Silva Barbosa


foto  MAC Niterói por: Lourdinha Campos

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