Niterói
há muito tempo é conhecido por ter grande expressão artística.
Nomes consagrados, como Baby do Brasil e Bia Bedran,
nasceram na cidade e conseguiram conquistar o país. Mas esse
território tem se mostrado mais fértil do que se pensa. Nos
diversos campos da arte, encontram-se pessoas empenhadas em fazer sua
criatividade ultrapassar todas as barreiras, se transformando em um
verdadeiro hino de resistência. Resistência a falta de espaço, de
apoio e de tudo o que se possa precisar para um movimento cultural
florescer.
Paulo
Roberto Chumbinho, morador de Niterói há quinze anos e ex
integrante da banda Vitória Régia, define bem a situação:
“São tantas as dificuldades que fica até difícil saber por
onde começar. Espaço legal para tocar é uma dificuldade. Quando
tem espaço, o cachê é inexpressivo. Às vezes a casa não tem
equipamento e gera outro problema, que é o transporte do
equipamento. Eu não tenho carro. Aí tenho de alugar um táxi ou uma
kombi. Por aí vai.” Outro exemplo desta resistência é Cris
Saman. Escultor, dono de uma técnica única de dar forma ao
barro, expõe atualmente suas obras no Bar Cobreloa, no Centro
de Niterói, onde trabalha. Saman explica que a falta de
espaço para exposição é apenas uma das inúmeras dificuldades que
encontra para fazer seu trabalho caminhar. De acordo com ele, o certo
seria levar suas esculturas a um forno específico para o material
que trabalha. Como não tem acesso a isso, elas acabam quebrando
quando há necessidade de transportá-las. Saman está fazendo
parte de um vídeo chamado “Vida de Escultor”, que pode
ser encontrado no Youtube e foi realizado por iniciativa de
estudantes de comunicação social.
Um
nome de peso, que buscou por muito tempo sobreviver no meio, é o 'Ministro do Baião' Zé de Mohura (foto). Com muita luta e ajuda de
amigos, como Severino, ele promoveu eventos que buscavam
fortalecer a cultura nordestina na cidade. Durante o ano de 2007 e
2008 promoveu animadas “Domingueiras”
no Bar do Paulinho, em Santa Rosa, e em comunidades carentes
da região. Nesses eventos, além do tradicional Café da Manhã
Nordestino, o sanfoneiro, Cigano do Forró, animava o
final de semana dos que apreciam essa cultura. Seu livro de
literatura de cordel, “Aquarela do Nordeste”, já estava
na segunda edição e era distribuído pelo próprio Mohura em
seus eventos. Atualmente perdi o contato com o Ministro e cessaram
seus eventos.
Falando
em literatura, não poderíamos deixar de destacar Winter Bastos,
autor de vários contos e textos, que teve seu primeiro livro
publicado pela Editora Achiamé. “Malandragem, Revolta e
Anarquia”, conta a história de três grandes nomes da
literatura nacional que não se curvaram a formatos pré-estabelecidos
e por isso foram jogados a marginalidade. Ele acredita que Niterói
poderia valorizar mais seus artistas, mas argumenta que, apesar de
todo obstáculo, vale a pena escrever.
No
cinema, um nome que não pode ser deixado de lado é o de Francisco
Bragança, que produziu e lançou seu primeiro filme, “Beber,
conversar e se der cantar”, de forma completamente
independente. Atualmente ele está na luta para continuar produzindo,
mas a estrada não tem sido nada fácil.
Alexandre
Mendes é outro que sofre com a falta de uma base sólida que
apoie os artistas. Desenhista, Chargista e Cartunista, busca veículos
alternativos e independentes para expor seu trabalho. Já produziu
alguns projetos culturais, mas o excesso de burocracia torna inviável
a concretização destes. Em meio a tantas dificuldades, ele reflete
sobre o papel de suas ilustrações neste cenário: “O desenho é
pensado na forma de um livro aberto, buscando conscientizar as
pessoas de parâmetros aceitos por nós desde a infância. Esses nem
sempre são corretos ou justos”.
Fabio
da Silva Barbosa
foto MAC Niterói por: Lourdinha Campos
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